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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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Aquela possibilida<strong>de</strong> é bastante discutível, aten<strong>de</strong>ndo à irregular distribuição<br />

espacial <strong>de</strong>sta espécie (Angélico, 1990; Palacín e outros, 1998) e às diferentes condições<br />

ambientais das costas em causa. Com efeito, <strong>no</strong> respeitante à exposição à ondulação <strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>roeste, dominante na costa oci<strong>de</strong>ntal do continente português (Costa, 1994), a costa <strong>de</strong><br />

Sesimbra, virada a sul, é mais abrigada que a costa alentejana, virada a oeste. Assim,<br />

embora a estimativa referida <strong>no</strong> anterior parágrafo <strong>de</strong>va ser consi<strong>de</strong>rada grosseira, indica<br />

que o stock subtidal <strong>de</strong>sta espécie é claramente superior ao intertidal, que é acessível por<br />

terra, em baixa-mar.<br />

Apesar <strong>de</strong> terem sido observadas algumas pessoas a apanhar ouriço-do-mar<br />

mediante mergulho em apneia, a maior parte das capturas <strong>de</strong>sta espécie observadas <strong>no</strong><br />

presente trabalho foram efectuadas em períodos <strong>de</strong> baixa-mar e a partir <strong>de</strong> níveis intertidais<br />

inferiores. No entanto, esta espécie também se distribui em substrato <strong>rochoso</strong><br />

permanentemente submerso e pouco profundo, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser muito abundante na costa<br />

continental portuguesa (Nobre, 1938; Angélico, 1990). Na região em estudo, o stock subtidal<br />

<strong>de</strong> Paracentrotus lividus não é, nem foi, objecto <strong>de</strong> exploração comercial, como aconteceu<br />

<strong>no</strong>utras regiões da costa continental portuguesa, entre 1985 e 1993 (Angélico, 1990;<br />

Guiomar, 1997). Por outro lado, a pesca comercial exercida na região em estudo é intensa<br />

(secção 7.2) e explora peixes e crustáceos <strong>de</strong>cápo<strong>de</strong>s costeiros que se alimentam <strong>de</strong><br />

ouriços-do-mar. É o caso <strong>de</strong> peixes como o sargo e a safia, incluindo outras espécies <strong>de</strong><br />

esparí<strong>de</strong>os e também <strong>de</strong> labrí<strong>de</strong>os, e <strong>de</strong> crustáceos como a santola (Rosecchi, 1987;<br />

Angélico, 1990; Canário e outros, 1994), po<strong>de</strong>ndo a sua exploração pesqueira contribuir<br />

para o aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> daquele equi<strong>no</strong><strong>de</strong>rme (Sala e Zabala, 1996; ver revisão <strong>de</strong><br />

Roberts e Polunin, 1991).<br />

Aten<strong>de</strong>ndo a estes efeitos directos e indirectos da exploração <strong>humana</strong> e à<br />

abundância geral <strong>de</strong>sta espécie na região em estudo, é admissível supor que a actual<br />

predação <strong>humana</strong> não constitui perigo para a conservação <strong>de</strong>ste recurso na costa<br />

alentejana. Embora esta predação seja importante num curto período e praticada todos os<br />

a<strong>no</strong>s, é provável que, entre dois períodos <strong>de</strong> exploração, a abundância <strong>de</strong> P. lividus <strong>no</strong>s<br />

locais explorados seja reconstituída a partir do stock subtidal <strong>de</strong>sta espécie, on<strong>de</strong> é<br />

abundante e quase inexplorada pelo Homem.<br />

Do mesmo modo, num estudo acerca do impacte da predação <strong>humana</strong> sobre<br />

populações <strong>de</strong> moluscos em litorais <strong>rochoso</strong>s da costa sul australiana, Keough e outros<br />

(1993) não encontraram efeitos directos <strong>no</strong> tamanho ou na abundância do gastrópo<strong>de</strong> Turbo<br />

undulatum, e sugeriram que ocorresse a migração <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> níveis subtidais, não<br />

explorados, para níveis intertidais, on<strong>de</strong> esta espécie é frequentemente capturada.<br />

Curiosamente, nas restantes três espécies analisadas por estes autores, que não possuem<br />

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