Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...
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exploração do <strong>litoral</strong> é sobretudo efectuada por razões <strong>de</strong> subsistência alimentar, Lasiak<br />
(1997) não observou diferenças significativas na intensida<strong>de</strong> das diferentes activida<strong>de</strong>s<br />
exercidas em dias úteis e <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> semana, embora tenha registado diferenças sazonais<br />
(Verão/Inver<strong>no</strong> e férias escolares/períodos <strong>de</strong> aulas) na intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas activida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>predativas e <strong>de</strong> passeio. Num estudo sobre a apanha <strong>de</strong> mexilhão numa zona <strong>litoral</strong><br />
adjacente à região metropolitana <strong>de</strong> Lisboa, Rius e Cabral (em publicação) observaram uma<br />
maior intensida<strong>de</strong> em fins <strong>de</strong> semana e feriados que em dias úteis, e sugeriram que esta<br />
activida<strong>de</strong> não era exercida para subsistência alimentar e não era a principal ocupação<br />
profissional dos mariscadores. A importância da utilida<strong>de</strong> dos dias na abundância das<br />
pessoas que utilizaram o <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, e a maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta utilização<br />
observada em dias não úteis, em conjunto com a variação sazonal acima referida, sugerem<br />
que a componente lúdica e recreativa das activida<strong>de</strong>s em estudo é bastante importante.<br />
A activida<strong>de</strong> que mais variou com a utilida<strong>de</strong> dos dias foi a pesca à linha (<strong>de</strong> que a<br />
apanha <strong>de</strong> isco é uma activida<strong>de</strong> subsidiária), que também é, das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação<br />
estudadas, a mais frequentemente praticada com fins lúdicos e recreativos. Com efeito, <strong>de</strong><br />
acordo com as informações recolhidas ao longo do presente trabalho, a pesca à linha com<br />
cana parece ser, das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração <strong>humana</strong> do <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, a que<br />
mais lúdico-recreativa é, por ser frequentemente praticada como passatempo e sem a<br />
expectativa <strong>de</strong> “encher o bal<strong>de</strong>”, ou seja, <strong>de</strong> capturar muito peixe ou marisco, para comer<br />
e/ou ven<strong>de</strong>r. Por outro lado, a activida<strong>de</strong> que me<strong>no</strong>s influência sofreu <strong>de</strong>sta variação<br />
temporal foi a apanha <strong>de</strong> percebe. Efectivamente, das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação <strong>humana</strong><br />
estudadas, esta parece ser, <strong>de</strong>vido à importância comercial da presa (Cruz, 2000), a mais<br />
frequentemente praticada com intuitos comerciais e sem fins recreativos ou <strong>de</strong> subsistência.<br />
Porém, <strong>no</strong> caso da apanha do percebe, outros factores po<strong>de</strong>m ter tido maior influência na<br />
observação do referido padrão, <strong>de</strong>vido à elevada importância que a agitação marítima tem<br />
para o exercício <strong>de</strong>sta activida<strong>de</strong> (ver atrás).<br />
Num estudo realizado em cinco litorais <strong>rochoso</strong>s da região <strong>de</strong> Sydney (Austrália),<br />
Kingsford e outros (1991) também observaram um maior número <strong>de</strong> pessoas em dias não<br />
úteis (comparando dias <strong>de</strong> fim-<strong>de</strong>-semana com dias <strong>de</strong> semana), exercendo diversas<br />
activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação ou apenas pescando à linha. No entanto, os mesmos autores não<br />
encontraram diferenças significativas entre estes dois tipos <strong>de</strong> dia <strong>no</strong> que diz respeito às<br />
activida<strong>de</strong>s que “não afectavam directamente o <strong>litoral</strong>”. Generalizando os resultados obtidos<br />
por Un<strong>de</strong>rwood e Kennelly (1990) e por Kingsford e outros (1991), Un<strong>de</strong>rwood (1993) refere<br />
que há mais pessoas <strong>no</strong>s litorais <strong>rochoso</strong>s do estado <strong>de</strong> New South Wales (Austrália) em<br />
fins-<strong>de</strong>-semana que durante a semana.<br />
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