Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...
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Apesar da dispersão das larvas <strong>de</strong> Patella po<strong>de</strong>r ser limitada, como acima foi<br />
referido, este problema <strong>de</strong> isolamento espacial é provavelmente pouco importante <strong>no</strong> caso<br />
da região em estudo e da população <strong>de</strong> P. ulyssiponensis, tendo em conta que esta espécie<br />
não possui algum limite biogeográfico na costa continental portuguesa, distribuindo-se<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Noruega até ao <strong>no</strong>rte <strong>de</strong> África, incluindo as costas mediterrânicas (Christiaens,<br />
1973; Southward e outros, 1995). No caso <strong>de</strong> P. <strong>de</strong>pressa, a segunda espécie <strong>de</strong> lapa mais<br />
explorada <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, o enquadramento biogeográfico <strong>de</strong>sta região é<br />
parecido, distribuindo-se esta espécie <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o País <strong>de</strong> Gales ao Senegal, excluindo o Mar<br />
Mediterrâneo (Fischer-Piette e Gaillard, 1959; Christiaens, 1973; Southward e outros, 1995).<br />
Porém, <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> P. vulgata, a terceira lapa mais explorada na região em estudo, a costa<br />
continental portuguesa parece ser o limite meridional da sua distribuição geográfica<br />
(Fischer-Piette e Gaillard, 1959; Christiaens, 1973; Southward e outros, 1995), o que po<strong>de</strong><br />
ter implicações importantes ao nível do recrutamento <strong>de</strong>sta espécie, tanto em termos<br />
quantitativos como qualitativos (Raffaelli e Hawkins, 1996).<br />
A outra espécie <strong>de</strong> Patella que ocorre <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> correspon<strong>de</strong> a<br />
P. rustica (Fischer-Piette e Gaillard, 1959; Christiaens, 1973), da qual não foram<br />
encontrados exemplares em qualquer captura <strong>de</strong> lapas observada nesta região, o que está<br />
<strong>de</strong> acordo com as informações obtidas ao longo <strong>de</strong>ste trabalho junto <strong>de</strong> pescadores locais,<br />
que referem a sua não exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong>vido ao facto <strong>de</strong> a sua carne ser <strong>de</strong>masiado<br />
dura. Por outro lado, <strong>de</strong> acordo com observações pessoais efectuadas <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong><br />
alenteja<strong>no</strong>, esta espécie é mais abundante e maior em níveis <strong>de</strong> maré superiores <strong>de</strong> locais<br />
sujeitos a elevado hidrodinamismo, pouco explorados por apanhadores <strong>de</strong> lapas (secção 2).<br />
... – possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> hermafroditismo protândrico<br />
Porém, <strong>no</strong> que diz respeito ao <strong>de</strong>senvolvimento sexual, é provável que P.<br />
ulyssiponensis seja uma espécie hermafrodita protândrica, tendo este tipo <strong>de</strong><br />
hermafroditismo sido confirmado em P. vulgata (Orton e outros, 1956; Thompson, 1979; ver<br />
revisão <strong>de</strong> Branch, 1981).<br />
Numa análise da proporção <strong>de</strong> sexos em exemplares com diferente dimensão<br />
pertencentes a P. ulyssiponensis e colhidos em três regiões da costa continental portuguesa<br />
(<strong>no</strong>rte, centro e sul algarvio), Guerra e Gaudêncio (1986) registaram um maior número <strong>de</strong><br />
machos (cerca <strong>de</strong> 58% <strong>de</strong> 3862 exemplares cujo sexo era <strong>de</strong>terminável) e uma diminuição<br />
<strong>de</strong> M/F (proporção do número <strong>de</strong> machos, relativamente ao <strong>de</strong> fêmeas) com o aumento <strong>de</strong><br />
tamanho. No caso <strong>de</strong> P. <strong>de</strong>pressa e P. vulgata, as mesmas autoras observaram também<br />
uma dominância numérica <strong>de</strong> machos (cerca <strong>de</strong> 57 e 72%, respectivamente, em 4716<br />
exemplares <strong>de</strong> P. <strong>de</strong>pressa colhidos nas mesmas três regiões, e em 952 exemplares <strong>de</strong> P.<br />
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