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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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estas variáveis não têm uma relação causal com impactes huma<strong>no</strong>s em ambientes<br />

marinhos, <strong>de</strong>signadamente o da predação <strong>humana</strong> em litorais <strong>rochoso</strong>s.<br />

Apesar <strong>de</strong>stes problemas e resultados díspares, alguns autores (por exemplo,<br />

Durán e Castilla, 1989; Dye, 1992; Lasiak e Field, 1995; More<strong>no</strong>, 2001) analisaram o<br />

impacte da predação <strong>humana</strong> na biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s em função <strong>de</strong> hipóteses<br />

teóricas acerca do impacte <strong>de</strong> perturbações na biodiversida<strong>de</strong> e <strong>no</strong> funcionamento <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong>s marinhas, como as propostas por Paine (1966; 1980) ou Connell (1978).<br />

Admitindo a ocorrência <strong>de</strong> um impacte significativo da predação <strong>humana</strong> na costa<br />

rochosa alentejana, os seus efeitos ao nível da riqueza taxonómica das capturas po<strong>de</strong>m ser<br />

variados:<br />

- a diversida<strong>de</strong> das capturas <strong>de</strong> marisco em baixa-mar po<strong>de</strong> ser maior em zonas<br />

sujeitas a uma maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração, pois se, nelas, os pescadores não<br />

conseguirem capturar exemplares das espécies mais procuradas (por exemplo, polvo,<br />

navalheira ou percebe; ver adiante), ten<strong>de</strong>rão possivelmente a capturar outras, me<strong>no</strong>s<br />

procuradas e, também por isso, potencialmente mais abundantes, mas também mais fáceis<br />

<strong>de</strong> capturar (por exemplo, mexilhão, lapas ou burriés; ver adiante);<br />

- a diminuição da abundância <strong>de</strong> potenciais presas em zonas sujeitas a uma maior<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração po<strong>de</strong> alterar, directa e indirectamente, a biodiversida<strong>de</strong> do habitat<br />

explorado e, consequentemente, a das capturas aí efectuadas.<br />

Deste modo, o padrão observado <strong>no</strong> presente trabalho sugere que o primeiro efeito<br />

não foi importante e pressupõe uma diminuição da diversida<strong>de</strong> específica nas zonas mais<br />

exploradas. No caso do marisqueio, estes resultados sugerem que a intensida<strong>de</strong> da<br />

exploração não foi tão elevada ao ponto <strong>de</strong> provocar uma diminuição significativa <strong>no</strong><br />

rendimento <strong>de</strong>sta activida<strong>de</strong> e uma modificação acentuada nas presas preferenciais dos<br />

mariscadores, mas po<strong>de</strong> ter sido suficientemente elevada para reduzir a biodiversida<strong>de</strong> das<br />

praias mais intensamente exploradas. Num trabalho sobre a variação espacial e temporal da<br />

estrutura <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s macroepibentónicas, realizado entre 1998 e 1999 em vários<br />

níveis verticais <strong>de</strong> duas praias rochosas (Nascedios e Oliveirinha) do <strong>litoral</strong> alenteja<strong>no</strong>,<br />

Saú<strong>de</strong> (2000) não observou diferenças significativas entre as praias <strong>no</strong> que diz respeito ao<br />

número <strong>de</strong> taxa, embora a estrutura das comunida<strong>de</strong>s tenha variado a esta escala. No<br />

entanto, este trabalho não foi <strong>de</strong>lineado com o objectivo <strong>de</strong> analisar a variação <strong>de</strong>stas<br />

comunida<strong>de</strong>s em função da intensida<strong>de</strong> da predação <strong>humana</strong>.<br />

De acordo com os registos e as informações obtidos ao longo do presente trabalho,<br />

o marisqueio exercido <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> é sobretudo dirigido a algumas espécies<br />

e, nestas, aos maiores exemplares, tal como <strong>no</strong>utras regiões (Hockey, 1994). Sendo a<br />

pesca à linha me<strong>no</strong>s selectiva, quando comparada com o marisqueio, em que o pescador<br />

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