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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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presas (por exemplo, frestas ou pedras gran<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> polvo e caranguejos se po<strong>de</strong>m<br />

refugiar durante a baixa-mar) e, consequentemente, maior concentração <strong>de</strong> predadores.<br />

Esta variação a pequena escala (geralmente, <strong>de</strong> alguns centímetros a poucas centenas <strong>de</strong><br />

metros), registada em estudos sobre populações e comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s <strong>de</strong><br />

diversas regiões (por exemplo, Jernakoff, 1985a; Un<strong>de</strong>rwood e Chapman, 1989, 1996;<br />

Chapman, 1994; Menconi e outros, 1999), foi também observada com frequência neste<br />

habitat e na região em estudo, ao nível da estrutura <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s macrobentónicas<br />

(Saú<strong>de</strong>, 2000; Silva, 2002b), assim como da abundância <strong>de</strong> potenciais presas, como as<br />

lapas (Silva, 2002b; Sousa, 2002) e os burriés (Salvador, 2002). Numa análise quantitativa<br />

sobre a variação espacial, a diferentes escalas, da abundância e do tamanho máximo do<br />

percebe em diversas praias do <strong>litoral</strong> sudoeste português, Cruz (2000) registou diferenças<br />

significativas à escala da praia e da “pare<strong>de</strong>” (cerca <strong>de</strong> 1m 2 ), ao nível da abundância e do<br />

tamanho, respectivamente.<br />

Por outro lado, também é possível que os predadores huma<strong>no</strong>s se concentrem em<br />

locais mais favoráveis (por exemplo, mais cómodos) ao exercício <strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s,<br />

mesmo que as presas pretendidas se encontrem pouco concentradas à escala do local.<br />

Com efeito, a elevada variabilida<strong>de</strong> espacial à escala do local aqui <strong>de</strong>tectada ao nível do<br />

número total <strong>de</strong> mariscadores, predadores e utilizadores huma<strong>no</strong>s, bem como da<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma das principais activida<strong>de</strong>s (apanha <strong>de</strong> polvo e caranguejos; ver em<br />

baixo), e das activida<strong>de</strong>s <strong>humana</strong>s, em geral, nas praias mais próximas <strong>de</strong> praias are<strong>no</strong>sas<br />

turísticas, sugere a existência <strong>de</strong> uma relação causal entre estas variabilida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong>.<br />

Assim, uma maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação, incidindo irregularmente à<br />

escala do local, po<strong>de</strong> acentuar a irregularida<strong>de</strong> da distribuição espacial das presas a esta<br />

escala.<br />

A observada concentração <strong>de</strong> utilizadores do <strong>litoral</strong> em <strong>de</strong>terminados locais<br />

também sugere que, nas activida<strong>de</strong>s em estudo, a competição intraespecífica seja reduzida,<br />

embora a maioria das pessoas tenha sido observada em peque<strong>no</strong>s grupos (geralmente<br />

duas pessoas) ou isolada (exceptuando a apanha <strong>de</strong> ouriço-do-mar, em que foi comum<br />

observar grupos maiores, e a apanha <strong>de</strong> percebe, frequentemente solitária). Esta baixa<br />

competição é favorecida pela importante componente lúdica da maioria <strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s<br />

(ver acima).<br />

O registo nulo <strong>de</strong> variação à escala do local <strong>no</strong> caso da apanha <strong>de</strong> percebe sugere<br />

que, nas três praias analisadas (ver acima), não se verificam diferenças entre os locais<br />

amostrados, ao nível da abundância das presas e/ou da explorabilida<strong>de</strong> (por exemplo,<br />

acessibilida<strong>de</strong> por terra e hidrodinamismo) dos locais. Os diferentes resultados obtidos por<br />

Cruz (2000) e acima referidos, relativamente à variação a pequena escala da abundância e<br />

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