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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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2000; Boaventura e outros, 2002a). Assim, po<strong>de</strong>ndo o alimento das lapas ser limitante do<br />

seu crescimento e contribuindo a competição intraespecífica para a diminuição da<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento (Branch, 1981), a migração acima referida também po<strong>de</strong> ter sido<br />

motivada pelo aumento <strong>de</strong> alimento que ocorreu <strong>no</strong>s territórios on<strong>de</strong> foram removidas lapas<br />

em t0 (Bene<strong>de</strong>tti-Cecchi e Cinelli, 1993; ver adiante) e on<strong>de</strong> se verificou a ocorrência <strong>de</strong><br />

imigração.<br />

Tendo em consi<strong>de</strong>ração a gran<strong>de</strong> diferença registada entre a abundância <strong>de</strong> P.<br />

ulyssiponensis (cerca <strong>de</strong> 95%, em t0, e 98%, em t1, da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> lapas) e a das<br />

restantes espécies <strong>de</strong> lapas (Diodora graeca, Helcion pellucidum, P. <strong>de</strong>pressa, P. vulgata e<br />

Siphonaria pectinata) observadas <strong>no</strong> habitat estudado, e que a remoção experimental<br />

<strong>de</strong>stes moluscos não favoreceu alguma espécie <strong>de</strong> lapa em particular, nem a dominante,<br />

nem as me<strong>no</strong>s abundantes, as pressões <strong>de</strong> competição intraespecífica a que P.<br />

ulyssiponensis está sujeita <strong>de</strong>verão ser superiores às originadas pela competição por<br />

espaço e/ou alimento entre esta espécie e as outras espécies <strong>de</strong> lapas, que utilizam em<br />

conjunto o espaço e o alimento <strong>de</strong> cada território alimentar.<br />

Num estudo experimental sobre competição inter e intraespecífica entre lapas<br />

intertidais, envolvendo uma espécie <strong>de</strong> gastrópo<strong>de</strong> prosobrânquio (Cellana tramoserica) e<br />

duas espécies <strong>de</strong> Siphonaria (S. <strong>de</strong>nticulata e S. virgulata), Creese e Un<strong>de</strong>rwood (1982)<br />

observaram que a competição intraespecífica em Cellana era mais intensa que a<br />

interespecífica. Segundo estes autores, a natureza das interacções competitivas entre estes<br />

dois géneros <strong>de</strong> lapa é explicado por diferenças <strong>no</strong>s seus métodos <strong>de</strong> alimentação:<br />

possuindo <strong>de</strong>ntes radulares relativamente fracos, as lapas Siphonaria estão geralmente<br />

condicionadas ao consumo <strong>de</strong> macroalgas folhosas, alimentando-se <strong>de</strong>las quando os<br />

respectivos talos atingem um <strong>de</strong>terminado tamanho, embora as partes basais dos talos<br />

possam ficar intactas (Branch, 1981; Un<strong>de</strong>rwood e Jernakoff, 1981; Creese e Un<strong>de</strong>rwood,<br />

1982; Hodgson, 1999); as lapas prosobrânquias, como as dos géneros Cellana ou Patella,<br />

possuem rádulas bastante mais fortes, com as quais po<strong>de</strong>m escavar a rocha e remover a<br />

microflora que cresce em frestas ou mesmo incrustada na superfície rochosa, o que as torna<br />

capazes <strong>de</strong> explorar este recurso alimentar antes que atinja um tamanho a<strong>de</strong>quado para ser<br />

consumido por Siphonaria (Branch, 1981; Creese e Un<strong>de</strong>rwood, 1982; Steneck e Watling,<br />

1982; Hodgson, 1999). Deste modo, apesar da inferiorida<strong>de</strong> competitiva <strong>de</strong> Siphonaria, a<br />

competição intraespecífica que conduz à redução da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cellana garante que as<br />

lapas <strong>de</strong>ste género não são capazes <strong>de</strong> explorar todos os recursos alimentares e que<br />

alguns ficam disponíveis para a alimentação <strong>de</strong> Siphonaria (Creese e Un<strong>de</strong>rwood, 1982).<br />

Noutro estudo sobre competição entre uma lapa prosobrânquia (Fissurela picta) e outra<br />

espécie <strong>de</strong> Siphonaria (S. lessoni), Godoy e More<strong>no</strong> (1989) observaram que a remoção<br />

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