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enascimento do homem no seu estágio pós-moderno que se revela tipicamente<br />

ambivalente. Estaríamos, finalmente, numa era em que o ambientalismo constitui<br />

uma prática sem conteúdo filosófico.<br />

Estamos, então, envolvidos pretensamente num pragmatismo fundante de conteúdo<br />

naturalista, revivendo o momento pré-socrático, sem a expressão e o<br />

significado filosófico. Ao modo pós-moderno, estamos citando o passado para<br />

dar sentido e formato ao presente. Note-se que a filosofia grega naquele momento<br />

inicial inseriu a physis no kosmos, ou melhor, a natureza, como fonte<br />

originária, na ordenação do mundo. A mesma expressão physis possuía conotação<br />

verbal de desabrochar, desvelar, aparecer e desenvolver, o que conferiu à natureza<br />

seu papel primordial no pensamento ocidental: um espelho sobre o qual o<br />

homem reconhecia seus entornos, seus semelhantes e a si mesmo 1 .<br />

Em suma, o filósofo pré-socrático olhava a natureza para pensar a alteridade,<br />

o que conhecida interpretação nietzscheana corresponderia à descentralização<br />

da cultura helênica e ao sentido alegórico assumido pela filosofia grega em seus<br />

primeiros passos. Esta lógica de intermediação, no dizer de Richard Rorty 2 , um<br />

eminente epígono do pragmatismo pós-moderno, continuaria prevalecendo no<br />

pensar ocidental, tendo como lastro a concepção cristã da natureza como<br />

antinomia do espírito.<br />

Um caso mal resolvido, de voyeurismo instigante, por vezes arrogante, seria<br />

em última instância uma condigna interpretação da história das relações do<br />

homem ocidental com a natureza. Daí a tradição filosófica ter assimilado as<br />

visões literárias de Novalis, nas origens do Romantismo alemão do século 18,<br />

que apontavam um distanciamento da vontade homem quanto ao domínio da<br />

natureza diante de uma ética necessária para tal ocorrência. Hegel, mais radical,<br />

racionalizou a oposição definindo a natureza como uma contradição não-resolvida,<br />

no alvorecer do século seguinte. No caso, Schelling, contemporâneo de<br />

Hegel, representou o meio-termo até hoje em evidência com a réplica da natureza<br />

como “auto-atividade” jamais exaurida 3 .<br />

Ainda na perspectiva histórica, porém, o sentido de oposição ou de conflito<br />

entre o homem e a natureza jamais foi eliminado. Assim aconteceu com o homem<br />

renascentista, autônomo e dominador, tanto quanto às pretensões<br />

iluministas que associaram o poder das ciências ao controle de entorno humano.<br />

É o que refletiram as obras de Galileu, Bacon ou Descartes, maîtres-a-penser do<br />

cientificismo dos séculos 16 e 17; é o que se verifica em Espinosa, em extração<br />

da mesma época ao pregara a união do homem com Deus e com a natureza por<br />

meio do conhecimento racional.<br />

A instrumentalização da natureza é uma síntese conclusiva em qualquer das<br />

vias históricas ora admitidas, se de fato tentarmos superar a citação pela interpretação<br />

no jogo das categorias pós-modernas. Além disso, o conteúdo instru-<br />

118 Meio ambiente, esporte, Lazer e turismo

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