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ventos, de suas correntezas. O lúdico presente na aventura toma então o caminho<br />

da estética, o caminho das emoções. O esportista vai abandonando o mundo<br />

do jogo e se encaminha ao mundo do êxtase. O impulso lúdico, que motivou a<br />

trajetória, manifesta-se tanto no sentido de jogo como de estética. E tudo então<br />

reveste-se do sagrado, sagrado de coesão. O juízo sobre o belo torna-se sublime,<br />

um equilíbrio perfeito, uno, que tende ora para a beleza de fusão do indivíduo<br />

com a natureza, ora para uma beleza energética. A alegria e o divertimento<br />

desses esportistas manifestados em seus relatos mostram como intervêm e são<br />

afetados por essa forma de apreciar a beleza da paisagem. Ela os envolve com<br />

sua exuberância, com sua receptividade e intensidade, os seduz, os arrebata.<br />

Essa sensibilidade lhes fornece condições de aperfeiçoamento. Trata-se de uma<br />

forma viva e se constitui no objeto do impulso lúdico que habita a sensibilidade<br />

e promove a ação. Dá-se então a projeção simbólica da própria liberdade desse<br />

homem diante do belo, tal como pensou Schiller (1995). Esse esportista vai além<br />

do objeto da natureza, de sua condição física, concede-lhe vida, vai em direção<br />

ao reino espiritual. E diante desse impulso lúdico alcança sua plenitude humana<br />

com a qual desenvolve sua afetividade, seus sentimentos, encaminhando-se ao<br />

encontro de sua arché, encaminhando-o a encontrar-se com seus heróis míticos<br />

aventureiros, deparando-se com sua própria natureza.<br />

O esportista alcança o sentido do eu-natureza quando se descobre como ser<br />

pertencente a ela, ao Cosmos. Reencontra-se, realiza a fusão do ser anteriormente<br />

fragmentado, alcança a totalidade, sentindo-se livre. Trata-se de um processo<br />

sagrado de purificação, de transcendência. Ele reencontra a sua natureza,<br />

a sua unidade, realiza a busca de uma necessidade existencial, ir ao encontro da<br />

liberdade perdida.<br />

Esses homens heróis, épicos ou trágicos, encontram o ser-natureza na natureza<br />

em suas práticas esportivas de risco calculado. Aos poucos interagem com<br />

ela, tocam-na, penduram-se, deslizam, desfrutam de um gozo primordial, de um<br />

prazer que tem a aparência de cópula, tal qual encontram na relação erótica. A<br />

necessidade de possuir a natureza (a montanha, o mar ou o rio) é tão grande, a<br />

necessidade de consumar o ato de prazer é tão grande que quando ele se<br />

consubstancia, o esportista se sente um vitorioso, não só sobre o risco, sobre a<br />

escalada, sobre a corredeira, sobre a onda, mas sobre o prazer em si, sobre a<br />

intensidade encontrada na vertigem, nesse estado voluptuoso que faz o homem<br />

desprender-se das amarras da terra. Trata-se de um prazer primordial, mais<br />

espiritualizado, mais apolíneo. Ultrapassa o corpóreo e é traduzido como liberdade,<br />

um estado livre de tabus e de amarras.<br />

O impulso lúdico que acompanhou todo o processo de reencontro consigo<br />

mesmo, inicialmente movido pelo agon de vencer obstáculos, de conquistar, foi<br />

dando lugar ao ilînx das vertigens e à mimicry das fantasias do herói, do<br />

pioneirismo do conquistador, até se consolidar no caráter sublime do êxtase na<br />

estética , libertando-o.<br />

Meio ambiente, esporte, Lazer e turismo 225

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