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grandes centros urbanos, vitalizando um mundo de ilusões. A indústria cultural<br />

vem reforçar a ilusão, entrelaçando o capital cultural com o capital econômico. 9<br />

Esse enlace, no entanto, é marcado pela diferença de classes sociais encoberta<br />

pela idéia de democratização de possibilidades a partir do consumo. Um bem<br />

pode até ser produzido com o objetivo de ser consumido por distintas camadas<br />

sociais mas, o modo de apropriação deste bem e a sua utilização virá,<br />

indubitavelmente, explicitar os recortes sociais que geram os excluídos.<br />

David Harvey (1993:79) chama a atenção para o fato de que a pós-modernidade nas<br />

cidades gera um zoneamento de mercado baseado na capacidade de pagar, criando<br />

novos padrões de conformidade para as paisagens urbanas. Dessa forma, a distinção<br />

entre grupos sociais se sobressai, confirmando a tese de que práticas espaciais (e<br />

temporais) nunca são neutras nos assuntos sociais. Ele diz que “o populismo do livre<br />

mercado, por exemplo, encerra as classes médias nos espaços fechados e protegidos<br />

dos shopping e átrios, mas nada faz pelos pobres, exceto ejetá-los para uma nova e<br />

bem tenebrosa paisagem pós-moderna de falta de habitação.”<br />

Este autor, parafraseando Foucault e Lefebvre, afirma que o espaço é sempre<br />

um continente de poder social. Nesse sentido, existe uma tensão constante entre<br />

a livre apropriação do espaço para fins individuais ou sociais e o domínio do<br />

espaço pela propriedade privada, pelo Estado ou outras formas de poder de<br />

classe social. Então, vale ressaltar que não pode haver uma política do espaço<br />

independente das relações sociais que nele ocorrem.<br />

Ainda o mesmo autor lembra que, na época do Iluminismo, vencer as barreiras<br />

espaciais era a maior meta dos revolucionários, mostrando que existe uma consciência<br />

nas pessoas de que a apropriação do espaço reflete, na verdade, uma<br />

forma de desigualdade social. Assim “a derrubada de portões, o cruzamento de<br />

fossos de castelos, o caminhar ao bel-prazer em lugares onde já fora proibido<br />

entrar: a apropriação de um certo espaço que teve de ser aberto e invadido, foi<br />

o primeiro deleite da Revolução [Francesa]”(Ozouf apud Harvey, 1993:234).<br />

Todas estas questões abordadas aqui apontam para a compreensão de que o<br />

uso do tempo livre revela diferenças na apropriação desse tempo, no uso dos<br />

espaços e no acesso aos bens produzidos; revela enfim, as distinções entre as<br />

classes sociais, contradizendo um discurso dominante de que tanto o consumo<br />

como o lazer são elementos de democratização de possibilidades.<br />

Pensando com Paulo Salles de Oliveira (1986:12), “numa sociedade criada e<br />

fundada sob o signo da desigualdade e da dominação, na qual os detentores do<br />

capital compram a força de trabalho dos despossuídos de capital, não há lugar<br />

para democracia de oportunidades”.<br />

[As referências bibliográficas desta contribuição podem ser consultadas na fonte original]<br />

Meio ambiente, esporte, Lazer e turismo 297

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