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privados de um tipo de espaço marcado pela familiaridade e hospitalidade perpétuas<br />

que tipificam aquilo que chamamos de ‘amor’, ‘carinho’ e ‘consideração’. Do<br />

mesmo modo, ‘estar em casa’ ou sentir-se em casa, fala de situações onde as<br />

relações são harmoniosas e as disputas devem ser evitadas” (Damatta, 1985:46).<br />

Então, enquanto o espaço público é violento, inseguro e deteriorado, o espaço<br />

privado, familiar é o espaço da calma, do repouso, da diversão, da segurança, da<br />

inter-relação entre iguais. Espaços que asseguram estas características fazem parte,<br />

cada vez mais, dos investimentos da iniciativa privada, que procura combinar segurança,<br />

lazer e consumo. Assim são os shopping centers. Numa pesquisa realizada em<br />

shopping centers da cidade de São Paulo, Heitor Frúgoli (1989) destaca que “comodidade”,<br />

“segurança”, “aconchego”, “praticidade”, “modernidade” e “progresso” são<br />

algumas atribuições dadas a esses espaços por seus freqüentadores.<br />

Os shopping centers, que surgiram na década de 50, nos Estados Unidos, aparecem<br />

como lugares de consumo que oferecem a alternativa de lazer para os<br />

grupos de médio e alto poder aquisitivo. Espaços privados do meio urbano que<br />

incorporam o público, têm o consumo como pilar de sustentação e o lazer como<br />

atrativo diferenciado para as compras. As camadas mais baixas da sociedade<br />

circulam pelo centro da cidade enquanto o shopping center é palco do vai-evem<br />

de uma elite que entende os códigos próprios deste espaço. Algumas lojas<br />

dos shopping centers, por exemplo, anunciam “sale” nas vitrines quando estão<br />

em liquidação porque supõe-se que as pessoas que freqüentam esse espaço têm<br />

o conhecimento básico da língua inglesa como parte de seu “capital cultural”.<br />

Comumente localizados em pontos previamente estudados e com amplos estacionamentos<br />

disponíveis, os shopping centers são marcados pelo planejamento<br />

centralizado, pela funcionalidade e pela homogeneização. Contradizendo a tendência<br />

atual de competição espacial entre localidades, cidades, regiões e nações<br />

que busca qualidades especiais, acaba acontecendo uma monotonia ou produção<br />

padronizada dos espaços: em diferentes cidades e países, observam-se ambientes<br />

idênticos, como é o caso dos shopping centers. Assim, a homogeneidade típica<br />

dos shopping centers modernos acaba por negar o princípio urbano básico do uso<br />

do espaço público que é a heterogeneidade, a diversidade.<br />

Segundo a ABRASCE (Associação Brasileira de Shopping Centers), o lazer é um<br />

importante fator de atração num shopping center: “Entre dois shopping centers, o<br />

consumidor sempre preferirá ir ao que possua uma área de lazer. A área de lazer é<br />

um gancho que começa a ter importância numa decisão de sair de casa.” 8 A partir<br />

daí, fica clara a intenção de associar consumo ao lazer num mesmo espaço.<br />

O consumo, com o desenvolvimento do capitalismo e o crescimento das cidades,<br />

passou a ser uma esfera da vida social que registra a urbanidade. O espaço<br />

urbano define-se, então, como o locus da produção de bens e de serviços e da<br />

circulação. A contemplação dos objetos aumenta a intensidade do consumo nos<br />

296 Meio ambiente, esporte, Lazer e turismo

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