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atraem mais, quando se torna pesada a tranqüilidade da submissão à regra. Compreendendo<br />

que a regra só tem função de barreira, o homem, para esse autor,<br />

percebe que o sagrado é o que está fora do alcance, aquilo que não lhe é<br />

permitido viver devido aos interditos então, lança-se na quebra desse limite, num<br />

caminho sem descanso que o levará pela via da santidade ou da condenação. Ele<br />

então se separa daqueles que nunca ousaram, que nunca tentaram nenhum abismo,<br />

e constrói o seu caminho. Com isso também se pode compreender um pouco<br />

da ousadia desses aventureiros, a trilha que constroem no sentido sagrado de<br />

seu reencontro, sem pensá-los como loucos ou suicidas.<br />

Os aventureiros esportistas ecoturistas controlam as emboscadas do excesso<br />

e buscam não ultrapassar o métron ancorando-se mais à sophrosyne, uma disposição<br />

sadia do espírito, estado de moderação e de prudência, que respeita tudo<br />

que é sagrado, dos que se dedicam à hybris do herói. A hybris significa “tudo que<br />

ultrapassa a medida, o excesso, o descomedimento” (Brandão, 1991, p.558), a<br />

violência. Trata-se de uma forma de vertigem, porém com o significado vital de<br />

sentimentos orgulhosos. A hybris, no pensamento de Jung, é o orgulho cego e, na<br />

medida que o homem deseja competir com o divino, ele se lança e ultrapassa o<br />

métron, a medida de cada um, e aí ele é levado à destruição. E esses esportistas,<br />

por amarem a vida, reconhecem seus limites, resguardam o métron, a sua própria<br />

medida, embora a exercitem, e procurem sempre extendê-la. Fazem uma opção<br />

de viver com intensidade cada instante, de desfrutar a duração de suas práticas.<br />

Ao mergulhar no universo ecoturístico esportivo os praticantes dão início a<br />

um processo de deslizamentos de sentidos às suas ações que vão de eu versus<br />

a natureza, passa pelo eu e a natureza e atinge o eu-natureza.<br />

Na fase em que predomina o sentido eu versus a natureza o esportista luta<br />

contra ela, vence os obstáculos, as intempéries, o inesperado, alcançando patamares<br />

antes considerados inacessíveis, mas desejados e acompanhados de uma<br />

certeza de conquista. Ao ter certeza de que é possível vencer, superar, ousa<br />

dirigir-se a um obstáculo mais complexo: ir mais alto numa escalada, descer um<br />

rio de maior dificuldade deslizando, promover um expedição mais longa, buscar<br />

lugares ainda inatingíveis, enfim ascende a um patamar mais elevado em sua<br />

carreira interior e, conseqüentemente, mais profundo na direção de si mesmo.<br />

Passa, então pelos sentidos do eu e a natureza, quando descobre que harmonizar-se<br />

com ela é mais prazeiroso do lutar contra e passa a jogar junto com ela:<br />

explora, descobre, decifra enigmas, seduz. Ele joga com adversários criados<br />

imaginariamente: outros praticantes e a própria natureza: montanhas, rios, onda,<br />

vento, cachoeira. Conquista as vias, as trilhas, a montanha, o céu, o rio, o mar.<br />

Seduz para conquistá-los. Brinca de ser o primeiro em suas explorações, reveste-se<br />

de pioneirismo em suas conquistas. Decifra enigmas, guarda-os em segredo<br />

para si e seus parceiros provocando-os a decifrá-los também, realizando as<br />

próprias conquistas também. Envolve-se no mistério das decifrações do meio<br />

ambiente e de si mesmo. Faz uso das energias da natureza, da energia de seus<br />

224 Meio ambiente, esporte, Lazer e turismo

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