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frequentemente foram apresentadas como sendo do “humano”, quando na realidade<br />

elas se referem sobretudo à experiência masculina, aliás muitas vezes limitada<br />

ao mundo ocidental. A teoria universal é uma teoria masculina e centralizada<br />

nos lugares de poder dominante e nas relações sociais ligadas a poderes.” 29<br />

A contribuição que nos auxilia a uma aproximação deste corpo em sua<br />

concretude é a categoria analítica de Gênero que se apresenta como uma possibilidade<br />

teórica que enfrenta a pergunta pelas relações sociais de poder e, portanto,<br />

é capaz de articular não só a confluência das relações de sexo, mas<br />

também étnicas, de classe... que atravessam as diferentes estruturas da experiência<br />

humana.<br />

O debate acerca do caráter fundamentalmente social das distinções baseadas<br />

no sexo adverte para a compreensão de que a dimensão de sexo não se restringe<br />

ao aspecto puramente biológico mas transita nas construções sociais. Este dado<br />

nos permite não naturalizar processos de caráter histórico, interpondo-se aqui a<br />

categoria Gênero como algo distinto de sexo.<br />

A percepção do sexo anatômico de uma criança, logo após o seu nascimento,<br />

não necessariamente corresponderá ao seu Gênero. As matrizes de Gênero, desenhadas<br />

nas culturas e processos históricos, têm a força de imprimir aos corpos<br />

algo que transcende sua anatomia. Jo Ann Scott avança ao dizer que o sexo é o<br />

que percebemos do sexo anatômico de uma genitália de macho ou de fêmea. A<br />

partir daí, inicia-se o processo de socialização destes corpos com as imagens do<br />

masculino e do feminino disponíveis na cultura. Por exemplo, vestir o corpo<br />

masculino de azul e o corpo feminino de cor-de-rosa, é um dos muitos sinais<br />

deste processo de construção da identidade de Gênero. 30<br />

Ademais de considerar Gênero como uma categoria de análise é importante<br />

considerá-lo uma categoria histórica. Pois, não há sociedade que não elabore<br />

imagens vinculadas ao masculino e ao feminino e estas construções são datadas<br />

e contextualizadas. As ações humanas não são apenas fruto de decisões racionais,<br />

mas se estruturam a partir do imaginário social com seus simbolismos que<br />

subsistem nas culturas. “São produções de sentido que circulam na sociedade e<br />

permitem a regulação dos comportamentos, de identificação, de distribuição de<br />

papéis sociais.” 31 Este complexo mecanismo de construção de um saber com<br />

características de algo “natural” e aparência de imutabilidade precisa ser desvelado<br />

por uma atitude científica de suspeita e superação epistemológica.<br />

No significativo estudo histórico de Maria do Carmo Saraiva, podemos encontrar<br />

as contradições que marcam o esporte e os distintos processos que circunscrevem<br />

as mulheres, à algumas práticas exclusivamente femininas. Simultaneamente<br />

procedeu-se a criação de concepções histórico-culturais-científicas que<br />

indicavam esportes impróprios para as mesmas. “Sobre o mito da “fragilidade” e<br />

do “garbo” femininos, constitui-se, também, o esporte feminino da modernidade.<br />

396 Meio ambiente, esporte, Lazer e turismo

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