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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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114<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

OUTUBRO 2005<br />

37130 Quinta-feira 27 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Outubro de 2005<br />

antigamente eram um hospital e uma escola, ou seja,<br />

destinadas a outros fins. Isso foi feito por pessoas encapuzadas.<br />

Lamentavelmente, os acusados são os<br />

próprios índios, que eram contrários à demarcação,<br />

dois deles: um Vereador, cacique tuxaua de uma das<br />

comunidades, e o outro um cacique de outra comunidade<br />

indígena daquela região que não concorda com<br />

a demarcação.<br />

Na solenidade em que estive no Município de<br />

Uiramutã, tive a oportunidade de ouvir o relato de moradores<br />

da Vila do Mutum, que se situa, pasmem, na<br />

linha de fronteira com a ex-Guiana inglesa. No Brasil,<br />

é proibido minerar, porque aquela área já era pretendida.<br />

Agora, com o decreto do Presidente, embora<br />

errôneo, trata-se de área indígena. As pessoas atravessam<br />

para minerar na Guiana, portanto, até mesmo<br />

o diamante brasileiro vai para lá legalmente. O Brasil<br />

fica sem vantagem nisso.<br />

Sr. Presidente, a denúncia que trago aqui é nova.<br />

Funcionários da Funai estão indo às casas, às propriedades<br />

das pessoas que moram naquela região, especificamente<br />

na Vila do Mutum. Devem estar fazendo o<br />

mesmo nas outras vilas que foram atingidas, porque<br />

serão extintas com a demarcação – o Presidente quer<br />

extinguir, mas não vamos deixar isso ocorrer nem na<br />

Justiça nem aqui, porque aprovaremos um decreto legislativo<br />

contrário a esse decreto do Presidente.<br />

Uma senhora me falou chorando sobre o funcionário<br />

da Funai que foi lá fazer o levantamento das benfeitorias.<br />

Quero denunciar que esse levantamento está<br />

sendo feito até de forma arbitrária, mas principalmente<br />

com abuso de autoridade, com desrespeito aos moradores<br />

da região. E o pior ainda é que esse funcionário<br />

da Funai, que é um órgão federal, disse aos moradores<br />

que os culpados de eles estarem fazendo aquilo<br />

ali somos nós, os políticos do Estado de Roraima. Na<br />

verdade, nós os políticos do Estado de Roraima, começando<br />

por mim, pelo <strong>Senado</strong>r Augusto Botelho, por<br />

todos Deputados Federais, fizemos questão de denunciar<br />

várias vezes, de levar em audiência ao Presidente<br />

da República que aquele não era o caminho.<br />

No entanto, o Presidente da República insistiu<br />

nisso. Agora nós já temos as conseqüências de conflitos<br />

que estão sendo decididos na Justiça e temos a<br />

arrogância de funcionários da Funai, portanto funcionários<br />

do Governo <strong>Federal</strong>, intimidando e humilhando<br />

aquelas pessoas e ainda querendo colocar a culpa em<br />

nós, políticos do Estado de Roraima.<br />

Estou remetendo ofícios, Sr. Presidente, ao Presidente<br />

da República e ao Ministro da Justiça – aliás já<br />

os remeti, porque já estão protocolizados tanto na Presidência<br />

da República quanto no Ministério da Justiça<br />

– denunciando esses atos dos funcionários da Funai.<br />

Eu não confio no Ministro da Justiça, que já deu demonstrações<br />

de sobra de que não tem isenção.<br />

(Interrupção do som.)<br />

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI)<br />

– <strong>Senado</strong>r, prorroguei por mais três minutos o tempo<br />

de V. Exª.<br />

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB – RR)<br />

– Não tenho mais confiança no Ministro da Justiça,<br />

que tem demonstrado que não tem isenção. Ele é parcial<br />

nessa questão, ele tem um lado da questão. Mas,<br />

mesmo assim, como o Presidente ainda o mantém<br />

Ministro da Justiça, estou formalizando também para<br />

ele essa denúncia e ao Presidente da República, que<br />

é o responsável pelos fatos que lá estão ocorrendo<br />

atualmente, porque foi ele que assinou o decreto homologando<br />

a reserva dessa forma.<br />

Requeiro a V. Exª, aqui desta tribuna, que esses<br />

dois expedientes sejam transcritos como parte integrante<br />

do meu pronunciamento, denunciando mais essa<br />

atitude de arbítrio do Governo <strong>Federal</strong>. O Congresso<br />

Nacional precisa modificar profundamente a legislação<br />

e a própria Constituição <strong>Federal</strong>, se necessário, a fim<br />

de transformar o País e acabar com este modelo de<br />

Federação que, na verdade, é um império. O Presidente<br />

da República é um imperador, porque faz o que<br />

quer, não se interessa pelo que nós, representantes do<br />

povo, dizemos, atropela-nos com medidas provisórias<br />

e projetos em regime de urgência constitucional, como<br />

é o caso do projeto que pretende aprovar para alugar<br />

as florestas nacionais, principalmente as da Amazônia.<br />

O Governo quer alugá-las!<br />

A MP que será votada hoje, Sr. Presidente, tem<br />

uma emenda. É aquela história de que a MP trata de<br />

um assunto, mas sempre colocam uma emenda com<br />

outro assunto para aproveitar a carona. Vamos discutila<br />

aqui. Eu a estou denunciando previamente, porque<br />

existe uma emenda que trata de terras, e nada tem<br />

a ver com o objetivo da MP. Peço inclusive aos meus<br />

Pares que apresentem destaque para votação em separado<br />

a fim de rejeitá-la, porque é mais uma manobra<br />

desse Governo. Não posso concordar que continuemos<br />

sendo tratados assim.<br />

Portanto, Sr. Presidente, fica a denúncia. Eu me<br />

refiro aos moradores de Mutum. Isso não passou despercebido.<br />

Eu e o <strong>Senado</strong>r Augusto Botelho estaremos<br />

vigilantes em relação a tudo o que ocorra em meu Estado,<br />

notadamente na área que o Presidente indevidamente<br />

demarcou, porque demarcou baseado em uma<br />

mentira pregada por seu Ministro da Justiça.<br />

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O<br />

SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI<br />

EM SEU PRONUNCIAMENTO<br />

(Inserido nos termos do art. 210, inciso<br />

I e § 2º, do Regimento Interno.)

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