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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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4<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

OUTUBRO 2005<br />

37020 Quinta-feira 27 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Outubro de 2005<br />

Todos os dias, a imprensa nos apresenta um rol<br />

interminável de notícias de assaltos, seqüestros, assassinatos<br />

e outras violências contra os cidadãos.<br />

Felizmente a Justiça reconheceu a responsabilidade<br />

da União pela morte de Vladimir Herzog, o que<br />

gerou para a família o direito de indenização. Gostaria,<br />

aqui, de abrir um parêntese para lembrar que, como<br />

Ministro da Justiça, criamos a primeira Comissão da<br />

Anistia, que analisa até hoje a concessão de benefícios<br />

aos perseguidos pelos regimes de exceção. Em 2002,<br />

pude relatar o projeto que regulamentou o pagamento<br />

dos benefícios, uma compensação mais que justa aos<br />

perseguidos pelo regime de exceção.<br />

No ano passado, votamos uma medida provisória<br />

que ampliou a anistia, mas ainda, sem dúvida, estamos<br />

longe de concluir esse processo e acertar as contas<br />

com o passado.<br />

Estão protocolados hoje na Comissão de Anistia<br />

mais de 50 mil pedidos de indenização. Destes, 15 mil<br />

processos ainda estão pendentes de apreciação.<br />

Se na época da ditadura, a violência, a impunidade<br />

e o desrespeito aos direitos humanos eram<br />

mais visíveis na ação das forças da repressão, hoje<br />

eles se tornaram vícios. E se não atingem mais a<br />

quem deseja manifestar livremente suas posições<br />

políticas, essas mazelas comprometem nosso objetivo<br />

de justiça social e impedem o pleno exercício<br />

da cidadania.<br />

O medo de 30 anos atrás era o medo das baionetas<br />

e dos agentes disfarçados, que prendiam, torturavam<br />

e até matavam, como no caso de Herzog. O<br />

medo de hoje é difuso e, talvez por isso mesmo, alimente,<br />

nas consciências mais frágeis, a fantasia de<br />

que se armar contra um inimigo que está em toda a<br />

parte pode ser a solução.<br />

As imagens do suicídio simulado de Herzog são<br />

tão chocantes ainda hoje quanto no dia em que foram<br />

publicadas. Para que episódios como este não voltem<br />

mais a manchar a nossa História, é preciso esclarecer<br />

ao máximo o que aconteceu aos cidadãos colhidos na<br />

luta pela democracia.<br />

O fantasma da ditadura está afastado. Mas precisamos<br />

afastar também o crime organizado, o tráfico<br />

de drogas, a lavagem de dinheiro, a miséria e a exclusão<br />

social.<br />

Não queria terminar este meu pronunciamento,<br />

esta rápida intervenção, sem mencionar os que lutaram<br />

de maneira corajosa na busca por justiça no caso<br />

Herzog. Jornalistas, juristas, políticos, estudantes,<br />

cidadãos anônimos reunidos em atos de protesto...<br />

Todos têm, em alguma medida, mérito na manutenção<br />

da memória de Vladimir Herzog e na fixação de<br />

seu nome como emblema da liberdade democrática.<br />

Destaco, porém, a altiva figura de Clarice Herzog,<br />

viúva de Vladimir, incansável em seu esforço pela<br />

verdade dos fatos, pela liberdade e pela democracia.<br />

Destaco, também, o nome do arcebispo emérito de<br />

São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, um guardião dos<br />

direitos humanos, que abriu a Catedral da Sé para<br />

um ato ecumênico que mudaria para sempre a História<br />

do Brasil.<br />

Ao protestar contra o bárbaro assassinato de Herzog,<br />

os brasileiros ali presentes deram o sinal inequívoco<br />

de que não arredariam o pé do ideal de construir<br />

um país livre e igualitário.<br />

O livre acesso a informações públicas é um mecanismo<br />

precioso para inibir fatos como os que ocorreram<br />

com Vladimir Herzog e outras mazelas relacionadas à<br />

corrupção. Por isso, já determinei que os técnicos do<br />

<strong>Senado</strong> <strong>Federal</strong> prestem total e irrestrito apoio aos trabalhos<br />

do jornalismo investigativo, para que, em breve,<br />

possamos ter um marco legal sobre o amplo acesso<br />

às informações públicas, compatível com a democracia<br />

que hoje vivemos.<br />

Lembro, para finalizar, o que disse Dom Paulo<br />

Evaristo Arns: “Que a memória de Vladimir faça dessa<br />

geração a geração da esperança, que renasce todos os<br />

dias, e que as esperanças, em conjunto, formem uma<br />

corrente irresistível que nos levará a dias melhores”.<br />

Muito obrigado a todos.<br />

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB<br />

– AL) – Concedo a palavra ao primeiro orador inscrito.<br />

Tenho a satisfação de conceder a palavra, para<br />

uma homenagem, ao <strong>Senado</strong>r Eduardo Suplicy.<br />

V. Exª tem a palavra.<br />

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP. Pronuncia<br />

o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr.<br />

Presidente, <strong>Senado</strong>r Renan Calheiros, Srªs <strong>Senado</strong>ras,<br />

Srs. <strong>Senado</strong>res, quero agradecer aqui a presença<br />

do ilustríssimo Sr. Romário Schettino, Presidente do<br />

Sindicato dos Jornalistas do Distrito <strong>Federal</strong>, companheiro<br />

de Vlado Herzog, que veio aqui representando<br />

os jornalistas brasileiros, inclusive os de São Paulo,<br />

como o seu ex-colega e Presidente do Sindicato dos<br />

Jornalistas de São Paulo, Audálio Dantas, que era o<br />

Presidente daquele sindicato quando ocorreu a tragédia<br />

da morte de Vladimir Herzog.

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