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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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OUTUBRO 2005<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

169<br />

Outubro de 2005 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Quinta-feira 27 37185<br />

art. 132, serão exercidas por Agência <strong>Federal</strong><br />

de Desenvolvimento Regional designada pelo<br />

Poder Executivo.<br />

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB<br />

– AL) – Todos os documentos lidos continuarão sobre<br />

a Mesa à disposição das Srªs e dos Srs. <strong>Senado</strong>res.<br />

Passa-se à votação.<br />

Concedo a palavra ao <strong>Senado</strong>r Sérgio Guerra.<br />

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB – PE. Para<br />

encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) – Sr.<br />

Presidente, Srªs e Srs. <strong>Senado</strong>res, não tenho a menor<br />

vontade de contrariar um ponto de vista do <strong>Senado</strong>r<br />

José Sarney. Reconheço, como todos reconhecemos,<br />

a importância que tem S. Exª, o compromisso que tem<br />

S. Exª com o Brasil, com a terra que representa e com<br />

o desenvolvimento do Nordeste, que S. Exª sempre<br />

defendeu. Porém, não posso, de forma alguma, deixar<br />

de externar um ponto de vista, uma opinião que, para<br />

mim, é muito importante.<br />

Em Pernambuco, temos muito a ver com a criação<br />

da Sudene. Criada depois de uma ampla mobilização,<br />

uma grande rebelião do Nordeste, a Superintendência<br />

foi esgotada por políticas que não produziam nem articulavam<br />

soluções de conjunto. Na época, representou<br />

uma antecipação em matéria de políticas de desenvolvimento<br />

econômico, que está escrita em qualquer<br />

avaliação sobre política de desenvolvimento econômico<br />

pelo mundo inteiro, não apenas por Celso Furtado,<br />

mas por muitos que sentaram para pensar e discutir<br />

uma nova forma de resolver a questão das disparidades<br />

regionais e sociais.<br />

A Sudene cumpriu o papel para, depois, ao longo<br />

do período da ditadura, ter a sua espinha dorsal<br />

quebrada por oportunistas, por centralistas, por gente<br />

autoritária. A mesma gente que quebrou a democracia<br />

e instalou a ditadura no Brasil reduziu a relevância do<br />

papel e o conteúdo da Sudene.<br />

Depois, ela foi deformada exatamente no capítulo<br />

dos incentivos fiscais. É claro que muita coisa relevante<br />

foi feita ali. Foi feita no Nordeste com os incentivos,<br />

mas muita coisa absolutamente irrelevante e inexplicável<br />

também foi feita.<br />

No tempo, esse modelo se desgastou e foi substituído<br />

progressivamente, não apenas em relação ao<br />

Nordeste, mas ao Brasil, de uma maneira geral, por<br />

um quadro de absoluta centralização.<br />

Rigorosamente, política econômica, política financeira,<br />

os ministérios da área econômica e da área<br />

financeira dominam a vida nacional. Os outros ministérios<br />

são extremamente enfraquecidos por essa brutal<br />

centralização, cujo conteúdo, muitas vezes, não é o interesse<br />

nacional, mas o interesse de um certo capital<br />

que espolia o País aqui e fora dele.<br />

Eleito Deputado <strong>Federal</strong>, sempre defendi o restabelecimento<br />

de um novo padrão de desenvolvimento,<br />

que nós, no Nordeste, pudéssemos sustentar com<br />

convicção, de forma progressista, nada da reclamação<br />

precária, de uma espécie de guerra de secessão<br />

elementar, mas a afirmação de que o desenvolvimento<br />

do Nordeste, como o de outras áreas do Brasil, é<br />

fundamental para que este País se encontre e tenha<br />

outro destino.<br />

Eu ainda acredito nisso, eu ainda defendo isso e<br />

penso que instrumentos novos devem ser pensados.<br />

Quero aqui elogiar a discussão que se dá atualmente<br />

em torno desses instrumentos na Comissão de Desenvolvimento<br />

Regional e Turismo, criada neste ano<br />

pelo <strong>Senado</strong> e presidida pelo <strong>Senado</strong>r Tasso Jereissati.<br />

É nessa Comissão que as questões dos incentivos e<br />

da articulação para um desenvolvimento distribuído e<br />

equilibrado estão sendo examinadas, com tranqüilidade,<br />

segurança, critério, tempo, cronograma, democracia.<br />

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT – PA) – V. Exª<br />

me permite um aparte?<br />

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB – PE) – Pois<br />

não, <strong>Senado</strong>ra Ana Júlia Carepa.<br />

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT – PA) – Concordo<br />

com V. Exª e, como Relatora do processo da<br />

Sudam, vou incluir essa matéria, independentemente<br />

de resultado de votação, pois entendo que esse é o<br />

caminho correto – e sou Vice-Presidente da Comissão<br />

de Desenvolvimento Regional e Turismo, presidida pelo<br />

<strong>Senado</strong>r Tasso Jereissati –, sob pena de estarmos<br />

fazendo algo sem uma discussão técnica, científica<br />

mais apurada.<br />

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB – PE) – Agradeço<br />

o aparte da <strong>Senado</strong>ra Ana Júlia e quero dizer, com<br />

absoluta convicção, que não entrei em profundidade<br />

no mérito da proposta feita aqui, entre outras razões<br />

porque não a considero oportuna e porque não faz<br />

sentido ela ser discutida neste ambiente, nesta hora;<br />

quando praticamos mais um gesto e um ato contaminado<br />

de alguma irresponsabilidade; quando votamos<br />

de afogadilho essas medidas provisórias que crescem<br />

ao sabor dos ventos e das pressões.<br />

Penso que o Nordeste, o desenvolvimento do<br />

Brasil não podem ser tratados aqui dessa forma, por<br />

maior que seja a relevância, a importância, o peso e a<br />

qualidade do parlamentar que a sustenta. Não é assim.<br />

Não deve ser assim. Não sei qual é o tamanho dessa<br />

proposta, nem a sua conseqüência, mas tenho certeza<br />

de que ela não resolve nada de estrutural. Precisamos<br />

pensar de novo e agir de outra forma.<br />

Sinto negar o meu voto a uma proposição do <strong>Senado</strong>r<br />

José Sarney, mas de sã consciência, como pernambucano<br />

que tem uma opinião acerca do seu País,

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