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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

OUTUBRO 2005<br />

37134 Quinta-feira 27 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Outubro de 2005<br />

embora, se Deputado fosse, votasse a favor da cassação<br />

do seu mandato. Mas não posso deixar de reconhecer<br />

a sua bravura. Eu sou assim, eu admiro as<br />

pessoas que são bravas.<br />

Mas medite, Presidente Lula, porque essa cassação,<br />

fisicamente, é de José Dirceu. Moralmente, é<br />

de muito mais gente neste País.<br />

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.<br />

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI)<br />

– Agradecemos o orador, que, com sua inteligência<br />

privilegiada e sua capacidade de síntese, usou menos<br />

tempo do que foi determinado a todos os oradores.<br />

Agora vamos entrar nas comunicações inadiáveis,<br />

na prorrogação da Hora do Expediente. Estão<br />

inscritos os <strong>Senado</strong>res Paulo Paim, Aelton Freitas e<br />

Geraldo Mesquita Júnior.<br />

Concedo a palavra ao <strong>Senado</strong>r Paulo Paim, do<br />

PT do Rio Grande do Sul.<br />

E, depois, como vamos alternar com os oradores<br />

inscritos, terá a palavra Jorge Bornhausen, Líder do<br />

PFL, que está inscrito.<br />

<strong>Senado</strong>r Paim, como procedemos com os oradores<br />

que o antecederam, V. Exª terá cinco minutos,<br />

e, de tolerância, mais três.<br />

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS. Para comunicação<br />

inadiável. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,<br />

<strong>Senado</strong>r Mão Santa, não é com alegria que<br />

venho à tribuna. Mas queria que ficasse registrado nos<br />

Anais da Casa a minha preocupação com dados da<br />

Anistia Internacional – conforme documento entregue<br />

às Nações Unidas – segundo os quais nosso País é<br />

acusado pelo fracasso de praticamente uma década<br />

em relação aos direitos humanos.<br />

O Correio Braziliense publicou matéria, sob o<br />

seguinte título: “Brasil viola direitos humanos”. “Brasil:<br />

nove anos de oportunidades perdidas para os direitos<br />

humanos” – é o título do relatório da Anistia Internacional<br />

entregue à ONU. Ainda no Correio Braziliense:<br />

“Orçamento para Investimento em Jovem e Criança<br />

diminui”.<br />

Também o jornal O Globo traz a seguinte manchete:<br />

“Situação do País choca relator da ONU”. “Senegalês<br />

se diz espantado com vínculo entre racismo,<br />

violência e pobreza”. Diz ele: “Como pode ter tanta<br />

violência e tanta impunidade?” “Quando há negação<br />

de si mesmo é porque a ferida do racismo é profunda”,<br />

lamentou Diène, que apresentará seu relatório<br />

em março, na 60º Sessão da Comissão de Direitos<br />

Humanos da ONU.<br />

Sr. Presidente, no último final de semana, o País<br />

demonstrou, ao votar “Não”, posição que já assumi,<br />

a preocupação com a violência. E o relatório “Brasil:<br />

nove anos de oportunidades perdidas para os direitos<br />

humanos”, apresentado ontem à ONU, conclui que os<br />

governos em âmbito nacional, estadual e municipal<br />

demonstram pouca vontade política para investir em<br />

ações que impeçam a violação dos direitos humanos.<br />

Além disso, o relatório anuncia ou denuncia que, nos<br />

últimos dez anos, praticamente, a falta de investimento<br />

nesse campo mostra o fracasso da prevenção de torturas,<br />

de violência e crimes cometidos por policiais.<br />

Infelizmente, a criação de uma série de propostas<br />

sem levar em conta a nossa realidade fez com que o<br />

nosso País ficasse, nessa última década, numa situação<br />

lamentável.<br />

Nada justifica, Sr. Presidente, o descaso com os<br />

povos indígenas, nada justifica o racismo, as mortes<br />

no campo, os crimes executados por policiais aos homens<br />

de bem, principalmente jovens, a existência de<br />

esquadrões da morte e a tortura, formas de violência<br />

apontadas pelo relatório.<br />

Como aceitar, Sr. Presidente, que racismo, violência<br />

e pobreza tenham um vínculo tão forte?<br />

Um exemplo – também denunciado pelo relatório<br />

– é que a maioria das pessoas mortas por policiais<br />

são afro-brasileiros, jovens e pobres. E o que falar de<br />

políticas voltadas para as nossas crianças e para os<br />

nossos jovens? Eles, os jovens, <strong>Senado</strong>r Mão Santa,<br />

como V. Exª sabe, são peças fundamentais para o<br />

crescimento do País durantes as próximas décadas e<br />

o próximo milênio.<br />

Sabemos que para tudo existe um período de<br />

transição. Mudanças, é claro que eu sei, demandam<br />

tempo. Isso é fato. O Governo acerta ao liberar mais<br />

recursos, nesse momento, para a segurança pública;<br />

afinal, o resultado do referendo é prova de que, na última<br />

década, as políticas voltadas para essa área não<br />

foram eficientes.<br />

Por outro lado, Sr. Presidente, é ruim, é perverso<br />

– e o Orçamento não foi votado ainda – que o Orçamento<br />

da União para 2006 projete um corte de R$18,8<br />

milhões que seriam destinados às ações voltadas às<br />

nossas crianças e adolescentes.<br />

Verbas que poderiam ser investidas em áreas<br />

como erradicação do trabalho infantil, combate à exploração<br />

sexual e ao seqüestro internacional, atendimento<br />

socioeducativo; enfim, dinheiro que poderia<br />

ser investido na promoção da defesa dos direitos das<br />

crianças, dos adolescentes, dos idosos e de todos os<br />

que são discriminados.<br />

Como costumamos dizer, Sr. Presidente, nossas<br />

crianças e nossos adolescentes não têm como cobrar<br />

seus direitos. Muitos são jovens demais, outros nem<br />

sequer sabem quais são seus direitos. Cabe a nós<br />

adultos olhar para a população jovem do Brasil. Cabe<br />

a nós homens públicos exigir mais investimentos na<br />

área social. Não somente aos homens públicos, mas à<br />

sociedade organizada das áreas pública e privada. Todos<br />

têm essa responsabilidade. Cabe a nós fazer com<br />

que se cumpra o que determina a Carta Magna.<br />

<strong>Senado</strong>r Mão Santa, gostaria de que essas três<br />

matérias fossem incorporadas ao meu pronunciamento.<br />

Sr. Presidente, esta manhã, V. Exª fez um discurso<br />

emocionado – que quero, de público, agradecer<br />

– no momento em que o <strong>Senado</strong>r Cristovam Buarque

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