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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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OUTUBRO 2005<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

695<br />

37788 Terça-feira 1º DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2005<br />

com o fato de que os recursos oriundos da corrupção<br />

estavam sendo destinados a beneficiar pessoas e não<br />

o projeto político do seu Partido. Que entendia que o<br />

fim justificava os meios e que estava admitindo um<br />

esquema de corrupção na Prefeitura para alimentar a<br />

campanha do seu Partido, mas que não poderia concordar<br />

com a utilização do esquema para o enriquecimento<br />

ilícito de pessoas.<br />

E o Dr. João Francisco denunciou que o crime,<br />

portanto, teve origem política e que seu irmão foi torturado<br />

antes de ser assassinado, exatamente porque se<br />

pretendia queimar o arquivo decorrente da eminência de<br />

uma denúncia da maior gravidade que poderia comprometer,<br />

de forma definitiva, as pretensões do Presidente<br />

Lula de chegar à Presidência da República.<br />

Há também uma outra conversa em que Klinger<br />

diz que está preocupado com a entrevista coletiva que<br />

Sombra vai conceder no dia. Marca de almoçar, ele<br />

e Gilberto Carvalho, com o Sombra antes da entrevista,<br />

ou seja, monitoramento de entrevista concedido<br />

à imprensa. E há nessa conversa preocupações<br />

com o negócio do carro, há conversas relativamente<br />

à calça utilizada pelo Prefeito Celso Daniel no momento<br />

do seu assassinato, há também uma conversa,<br />

por exemplo, em que Klinger diz que está mandando<br />

aquele negócio, a parte dele, supostamente para Michel,<br />

que é o Secretário de Saúde do Município que<br />

pergunta se tem numerário e Klinger diz que sim.<br />

Fala que o Fernando é quem vai entregar o envelope<br />

com numerário. Aí diz onde Fernando o encontraria,<br />

que seria no Paço Municipal. E pede para ele descer<br />

para o décimo andar. E o Michel pergunta se vai<br />

entregar tudo em dinheiro; pergunta se ainda vai dar<br />

tempo de depositar o dinheiro no mesmo dia. Enfim,<br />

há aqui uma série de outras conversas que apontam<br />

para essa tentativa de construção de uma versão,<br />

como Gilberto Carvalho, afirmando a Greenhalgh sobre<br />

a necessidade de convencer o Dr. João Francisco<br />

a orientar o seu depoimento. E Carvalho diz: “Pelo<br />

amor de Deus, isso vai ser fundamental. Vamos ter<br />

que preparar bem isso aí!”<br />

Ou seja, são os arquitetos da mentira. São os arquitetos<br />

da versão falaciosa. São, lamentavelmente, os<br />

arquitetos do engodo, da escamoteação da verdade e,<br />

naturalmente, Sr. Presidente, acabam sendo artífices<br />

da impunidade: a impunidade que revolta, que provoca<br />

indignação, que leva a Nação brasileira a este estado<br />

de trauma e de expectativa em relação às conclusões<br />

a que poderemos chegar em função das CPIs instaladas<br />

no Congresso Nacional.<br />

Tem razão o <strong>Senado</strong>r José Agripino: “há revelações<br />

da maior gravidade!”. E não há como ficar em<br />

dúvida em relação a esse fato tão contundente, tão expressivo,<br />

tão elucidativo, com gravações telefônicas que<br />

não são montagem. São gravações de inteiro teor que<br />

revelam, sim, esta articulação deplorável em favor da<br />

preservação de corruptos e de criminosos para salvar<br />

uma candidatura à Presidência da República.<br />

O Governo deve esclarecimentos ao País. Não é<br />

a Oposição que busca respostas. É a Nação brasileira,<br />

indignada, que espera, embora tardiamente, que o<br />

Governo faça mea-culpa diante de fatos tão relevantes<br />

que, lamentavelmente, de forma perversa, leva o brasileiro<br />

a imaginar que não existe hipótese de decência<br />

na atividade pública deste País.<br />

Não quero, neste momento, voltar a propor, como<br />

fez o Deputado Moroni Torgan na CPI na manhã de<br />

hoje, a que se peça o impeachment do Presidente Lula,<br />

porque, lamentavelmente, o seu mandato está contaminado<br />

pela corrupção eleitoreira confessada por Delúbio,<br />

confessada por Marcos Valério, confessada por Duda<br />

Mendonça e reconhecida por ele próprio...<br />

(Interrupção do som.)<br />

O SR. ALVARO DIAS (PSDB – PR) – Estou concluindo,<br />

Sr. Presidente.<br />

...reconhecida pelo próprio Presidente na patética<br />

entrevista concedida em Paris, depois da armação<br />

estabelecida com Marcos Valério e Delúbio Soares em<br />

entrevistas concatenadas, construindo a mesma versão<br />

de corrupção eleitoral, na esperança de minimizar o<br />

maior escândalo de corrupção que abalou o País.<br />

Sr. Presidente, há, sem dúvida alguma, elementos<br />

suficientes para a proposição de impeachment do<br />

Presidente da República. Mas não há o apelo popular<br />

indispensável para tal. Até porque o desencanto se<br />

generalizou e a população, desencantada com a vida<br />

política deste País, entende que essa solução não é a<br />

ideal, porque, após o impeachment, não há alternativa<br />

que possa convencer a população do atendimento<br />

das suas aspirações em relação a um futuro melhor<br />

para o País.<br />

Temos grande responsabilidade neste momento:<br />

erigirmo-nos dos escombros provocados pelos escândalos<br />

de corrupção para um tempo diferente, para uma<br />

postura nova, para a conquista de credibilidade, a fim<br />

de que o povo brasileiro possa ter sonhos e esperanças<br />

de que o País será muito melhor do que aquele<br />

em que vivemos hoje.<br />

Muito obrigado.

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