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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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OUTUBRO 2005<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

171<br />

Outubro de 2005 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Quinta-feira 27 37187<br />

Quero deixar bem claro que não encontramos uma<br />

solução definitiva para esse problema. Não podemos<br />

desassalariar as pessoas, estimulando a constituição<br />

de pessoas jurídicas, porque isso pode trazer, sim, um<br />

desequilíbrio não só às empresas, mas, sobretudo, à<br />

Previdência Social, com prejuízo ao direito trabalhista.<br />

Então, essa é uma questão que vamos ter de continuar<br />

a discutir e a resolver. Estamos, ainda mais, tentando<br />

resolver uma pendência jurídica do que propriamente<br />

a necessidade de um novo regime tributário.<br />

Destaco ainda que a questão do Juizado de Pequenas<br />

Causas tem de voltar a esta pauta. Felicito o<br />

Relator por ter assumido o compromisso de apresentarmos<br />

uma solução, porque é incompatível com a<br />

situação das finanças públicas.<br />

Eu queria tratar desse tema delicado, com o respeito<br />

que tenho e com o tanto que aprendi na convivência<br />

fraterna com o Presidente José Sarney, homem<br />

público de longa vivência. Por essa vivência, por essa<br />

experiência, por essa longevidade, sempre olho seus<br />

argumentos e suas motivações com muito respeito e<br />

muita profundidade. Acompanho este debate já há alguns<br />

anos nesta Casa. Eu já disse ontem e quero repetir:<br />

por trás da crise fiscal há uma outra crise muito<br />

grave, que é o desequilíbrio regional no País. Este País<br />

continua sem políticas estruturantes de desenvolvimento<br />

regional. Várias idéias que construímos na reforma<br />

tributária estão paradas no plenário da Câmara dos<br />

Deputados. Por exemplo, a idéia da regionalização de<br />

todo o Orçamento público e a idéia de criar um fundo<br />

de desenvolvimento regional não prosperaram, o<br />

que continua prejudicando as regiões. É exatamente<br />

pela ausência de políticas regionais estruturantes de<br />

desenvolvimento que estamos buscando novas soluções<br />

e entendemos a angústia daqueles que estão<br />

nas áreas mais carentes do nosso País, especialmente<br />

na região amazônica e no Nordeste, em particular<br />

no semi-árido.<br />

Não falo aqui como Líder do Governo. O Governo<br />

vai liberar a sua bancada – vejo que há uma grande<br />

divisão. Falo em função de minhas convicções e não<br />

poderia deixar de fazê-lo; disse ao <strong>Senado</strong>r José Sarney<br />

que eu precisava fazer isso.<br />

Em primeiro lugar, saliento que não é possível<br />

criar novas zonas de livre comércio. Isso é inconstitucional,<br />

pois trata-se de prerrogativa do Presidente da<br />

República.<br />

Segundo: fere o Acordo de Ouro Preto firmado<br />

no Mercosul. Nenhum país do Mercosul tem mais essa<br />

possibilidade, e o Mercosul é um projeto estratégico<br />

de integração regional. Portanto, o Brasil não pode<br />

fazer isso.<br />

Terceiro: não podemos caminhar nessa direção<br />

sem um estudo muito aprofundado desta matéria. Por<br />

quê? Porque é verdade que a Zona Franca foi um<br />

êxito quando proposta, mas hoje ela concentra 68%<br />

dos impostos, o que mostra que, quando se concede<br />

um benefício que pode chegar a 25% da contribuição<br />

previdenciária, 23% do ICMS, 12,5% do PIS/Cofins,<br />

atrai-se todos os investimentos para aquele espaço<br />

regional, desequilibrando o Estado e a região. A Zona<br />

Franca tem uma restrição e só abriga hoje três setores<br />

básicos: duas rodas, plásticos e eletroeletrônicos. E há<br />

o nível de comprometimento da matéria-prima na produção<br />

local, o chamado PPB, exatamente para poder<br />

agregar valor. Pergunto: podemos criar área de livre<br />

comércio sem uma discussão aprofundada como esta?<br />

Sem definir o foco, o sentido? Ainda que impulsionemos<br />

o desenvolvimento no município, que está dentro do<br />

Estado, os outros municípios não terão mais chance<br />

frente a esse município, a região não terá chance, tamanha<br />

a carga tributária que temos no País.<br />

Por isso quero apenas fazer a minha advertência,<br />

falando aqui como <strong>Senado</strong>r e dando voz às minhas<br />

convicções e às minhas posições.<br />

Termino, Sr. Presidente, dizendo que este é um<br />

debate democrático, necessário; o País deve debater,<br />

o <strong>Senado</strong> e a Câmara. O Governo, evidentemente,<br />

analisará e tomará as decisões necessárias. Entendo<br />

que essa medida provisória traz grandes benefícios,<br />

mas aquilo que não tiver consistência, que tiver problema<br />

de constitucionalidade, o Governo poderá vetar.<br />

De qualquer forma, as diretrizes fundamentais estão<br />

preservadas. Demos um grande salto de qualidade.<br />

Quero parabenizar o esforço do relator, dos líderes,<br />

em particular do Presidente Renan, que se empenhou<br />

bastante nessa matéria, chamando os líderes,<br />

pedindo que votássemos.<br />

Para não prejudicar o andamento da votação,<br />

encerro meu pronunciamento e peço desculpas pelo<br />

tempo.<br />

O SR. PRESIDENTE ( Renan Calheiros. PMDB<br />

– AL) – Concedo a palavra ao <strong>Senado</strong>r Eduardo Suplicy.<br />

O SR. AMIR LANDO (PMDB – RO) – Sr. Presidente,<br />

pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros) – Pois<br />

não.<br />

O SR. AMIR LANDO (PMDB – RO. Pela ordem.<br />

Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, queria salientar<br />

a V. Exª que a discussão tinha sido encerrada quando<br />

eu falei e que o encaminhamento seria feito pelos<br />

líderes, sob pena de termos aqui eterna discussão.<br />

V. Exª decidirá como bem entender.

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