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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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OUTUBRO 2005<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

639<br />

37732 Terça-feira 1º DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2005<br />

dança climática – e para pior, associada ao<br />

aquecimento global.<br />

Também em uma reportagem da revista Veja publicada<br />

em 26 de outubro de 2005, sob o título O Estrago<br />

é Bem Maior, o articulista Leonardo Coutinho afirma:<br />

“Como se não bastasse a seca, estudos mostram que<br />

a devastação da Amazônia supera a que aparece nos<br />

números oficiais.” E Coutinho continua fazendo diversas<br />

afirmações sobre as causas dessas mudanças climáticas<br />

que estamos experimentando no Brasil.<br />

Em uma delas, ele faz referência à devastação<br />

das florestas, notadamente na Amazônia, e diz:<br />

[...] em um cenário de seca as árvores<br />

têm sua capacidade de fotossíntese reduzida e<br />

minguam. Como as copas estão menos densas<br />

e o chão, coberto de folhas secas, o sol alcança<br />

o solo, transformando em bombas-relógio<br />

extensas áreas de mata antes consideradas<br />

inatingíveis por incêndios.<br />

Referindo-se a artigo publicado na revista “Science”,<br />

Leonardo Coutinho comenta: “O artigo avalia o impacto<br />

da indústria madeireira sobre a mata – um tipo<br />

de dano que era invisível aos sistemas que medem o<br />

tamanho do desmatamento”. E afirma que, com os satélites,<br />

com os recursos tecnológicos mais modernos,<br />

essa aferição, esse acompanhamento já pode ser feito<br />

com mais detalhe, com mais precisão, comprovandose<br />

que os efeitos da devastação são maiores do que<br />

aquilo que se imaginava.<br />

Os cientistas analisaram cinco Estados<br />

– Acre, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima<br />

– responsáveis por cerca de 90% do<br />

desmatamento da Amazônia. O resultado: enquanto<br />

os estudiosos do Instituto Nacional de<br />

Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciaram que em<br />

2000, nessas regiões, o desmatamento foi de<br />

16.112 quilômetros quadrados, a área modificada<br />

pelos madeireiros foi de 19.823. “Esperamos<br />

que esses números dêem uma sacudida<br />

no Governo”, afirma José Natalino Silva, um<br />

dos autores do estudo e pesquisador da Embrapa<br />

Amazônia Oriental, em Belém.<br />

Para ele, a amplitude da devastação é maior.<br />

E chega a fazer um comentário sobre uma atuação<br />

desta Casa.<br />

A pesquisa concluiu que, de 1999 a 2002,<br />

somente em terras indígenas e unidades de<br />

conservação localizadas na área de estudo,<br />

cerca de 1.350 quilômetros quadrados de floresta<br />

foram detonados pelos madeireiros. Um<br />

terço dessa atividade foi identificado apenas nas<br />

reservas dos índios caiapós, no Pará. [...]<br />

Para a bióloga Cláudia Azevedo Ramos,<br />

do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia,<br />

autora de um estudo que mede o impacto<br />

das madeireiras sobre a fauna local, a<br />

tendência é que o tamanho da área impactada<br />

pelas serrarias aumente com a aprovação<br />

das concessões florestais em tramitação no<br />

Congresso.<br />

Aliás, a matéria gestão de florestas já foi aprovada<br />

no <strong>Senado</strong>, e a preocupação da cientista é a de que<br />

haja um aumento da devastação da floresta amazônica<br />

com a aprovação dessa medida. Eu, particularmente,<br />

pude debater o tema com vários dos Srs. <strong>Senado</strong>res,<br />

em diversas Comissões, inclusive na Comissão de Meio<br />

Ambiente. Também tivemos a oportunidade de, em audiência<br />

pública, ouvir os segmentos da sociedade civil organizada,<br />

inclusive o Ibama, e observamos que a matéria<br />

aprovada constitui verdadeiro avanço. Não existe esse<br />

problema que preocupa a cientista, mas há um avanço.<br />

É um passo adiante que o Governo está dando, notadamente<br />

nas áreas devolutas, ou seja, nas áreas que<br />

são do Governo e que não têm controle maior. Essas,<br />

sim, estão à mercê da pirataria, da invasão, da depredação,<br />

do corte raso que era praticado, sob o pretexto<br />

de cobertura com pastagem ou outro tipo de atividade<br />

econômica: agricultura ou pecuária.<br />

Na verdade, com essa matéria que esta Casa<br />

votou e aprovou e que, seguramente, a Câmara dos<br />

Deputados haverá de aprovar também, estaremos<br />

dando é um basta nessa atitude predatória que existia<br />

nas florestas da Amazônia. A <strong>Senado</strong>ra Ana Júlia, com<br />

quem tivemos o privilégio de participar de discussão<br />

intensa sobre a questão e que foi Relatora do projeto<br />

na nossa Comissão, atesta, com muita propriedade,<br />

que estaremos dando um basta na devastação das<br />

florestas públicas hoje existentes, que são, em sua<br />

maioria, na Região Amazônica.<br />

Estamos preocupados com as alterações climáticas.<br />

A pergunta que está no ar e que precisa ser<br />

respondida por todos nós é: o que podemos fazer para<br />

contribuir com a redução da devastação da floresta<br />

Amazônica e da poluição atmosférica? O que estamos<br />

fazendo para que isso aconteça?<br />

Ainda na semana passada, a Comissão de Meio<br />

Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle<br />

aprovou um requerimento por meio do qual convida<br />

para uma audiência pública S. Exªs os Srs. Governadores<br />

dos principais Estados onde o reflexo da seca mostra-se<br />

mais acentuado. Atualmente é na Amazônia. Foi,<br />

há dois anos, no Rio Grande do Sul; no Mato Grosso e<br />

em Mato Grosso do Sul. No Pantanal, estamos vendo<br />

a mídia revelar o fenômeno da seca, que muito nos entristece<br />

e assusta e está prejudicando, sobremodo, a<br />

fauna e a flora brasileiras. Convidamos S. Exªs os Srs.

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