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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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280<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

OUTUBRO 2005<br />

Outubro de 2005 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sexta-feira 28 37309<br />

de Participação dos Municípios, que era algo absolutamente<br />

essencial para que eles recuperassem o que<br />

vêm perdendo desde 1988. A partir da Constituição de<br />

1988, eles vêm tendo mais responsabilidade e menos<br />

receita, por conta do compartilhamento das receitas<br />

ter sido alterado não somente por este Governo, mas<br />

por outros que o antecederam, a ponto de receitas<br />

compartilhadas, que naquela época atingiam quase<br />

80%, serem hoje reduzidas praticamente à metade,<br />

por uma razão simples, já explanada várias vezes aqui<br />

por mim e por outros <strong>Senado</strong>res, que é a questão de<br />

fazer as bondades do Governo com um dinheiro que<br />

não é dele, que não pertence a ele, que é resultante do<br />

IPI e do Imposto de Renda. De outro lado, o Governo<br />

acelera a cobrança das contribuições sociais, do PIS<br />

e do Cofins, aumentando seu caixa, não tendo que<br />

dividi-lo com ninguém.<br />

Então, esta é, olhando historicamente, talvez,<br />

uma das razões principais da situação tão ruim por<br />

que passam todos os municípios hoje. Essa posição<br />

colocada pelo <strong>Senado</strong>r César Borges é extremamente<br />

importante, porque o Governo <strong>Federal</strong> arrecadou,<br />

durante os últimos anos, o Refis II e ficou com aquilo<br />

que cabia aos Estados e Municípios. Ou seja, isso<br />

toca não só aos Municípios, mas também aos Estados.<br />

Com isso, o Estado deixa de repassar quase R$2 bilhões,<br />

em minha avaliação, sendo R$900 milhões ou<br />

R$1 bilhão para os municípios e o restante, que deve<br />

ser um valor semelhante, para os Estados.<br />

O Governo já foi informado, já foi, digamos assim,<br />

condenado pelo Tribunal de Contas da União a pagar.<br />

Evidentemente, essa alegação de que precisa de um<br />

cálculo, de uma fórmula para fazer, em meu entendimento,<br />

não é procedente, porque não deve ser das coisas<br />

mais difíceis separar, apartar o que seja Imposto<br />

de Renda e o que seja Imposto sobre Produtos Industrializados.<br />

Aplica-se uma regra fixa, faz-se um cálculo<br />

simples de regra de três, o que seja, para se ver o que<br />

é do Estado e o que é do Município, e recolhe-se este<br />

recurso. Chamávamos a atenção, na semana passada,<br />

para a necessidade de assim proceder.<br />

Na semana passada, um jornal da Bahia, A Tarde,<br />

informou que cerca de 80 dos municípios de nosso<br />

Estado, <strong>Senado</strong>r César Borges, não têm recursos ou<br />

prevêem que não terão recursos para pagar o décimo<br />

terceiro salário. Chamávamos, então, a atenção para<br />

o fato de que era importante que se fizesse isso nesse<br />

momento. V. Exª também chamou a atenção para a<br />

questão do que foi aprovado ontem aqui e que deve ser<br />

aprovado hoje na Câmara, que é a renegociação das<br />

dívidas com o INSS, do aumento do prazo de 60 para<br />

240 meses. Mas há uma coisa que quero deixar muito<br />

clara, porque cheguei a anunciar aqui para todos os<br />

Prefeitos que nós, que o Governo tinha, efetivamente,<br />

de alguma forma, aceitado trocar o indexador de selic<br />

para TJLP. Para raciocinarmos, a selic está em torno<br />

de 19% e a TJLP é mais ou menos a metade.<br />

Impingir aos municípios esse custo de 18% ou<br />

20% ao ano é tornar a dívida impagável, e a selic não<br />

é referência para financiamento, mas é referência para<br />

controle de inflação, em bom português. Então, não<br />

há a menor razão de que seja adotada a selic como<br />

referência, como taxa de juros, como indexador.<br />

No substitutivo do Relator, apresentado ontem,<br />

na sua primeira versão constava a TJLP, e no fim dessa<br />

mesma versão já constava a versão da selic outra<br />

vez. Evidentemente, tenho absoluta convicção de que<br />

o <strong>Senado</strong>r Amir Lando, consciente dos problemas dos<br />

municípios, tinha adotado essa posição em relação<br />

a esse indexador e depois modificado, por força das<br />

pressões da área do Governo, com certeza.<br />

Mas quero deixar claro que a luta toda, de todos<br />

os <strong>Senado</strong>res com os quais conversei, foi no sentido<br />

de abolir esse absurdo que é se indexar pela selic por<br />

uma coisa eminentemente do sistema financeiro e utilizar<br />

a questão da TJLP. Esse é um ponto que considero<br />

importante. Considero, de qualquer forma, um avanço<br />

ter-se conseguido colocar o prazo de 240 meses, mas<br />

considero que essa questão do indexador não foi boa<br />

para a própria saúde desse financiamento para que<br />

os municípios possam pagar efetivamente. Na nossa<br />

avaliação, há cerca de 3.500 municípios em condições<br />

financeiras difíceis e o que se tem que imaginar, nesse<br />

tipo de financiamento com o INSS, é que se deve<br />

ter a compreensão para o momento que vivem e que<br />

considero extremamente importante que seja, então,<br />

levado em conta.<br />

O Sr. César Borges (PFL – BA) – Permite-me<br />

V. Exª um aparte?<br />

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL – BA) – Pois<br />

não. Ouço, com muito prazer, o aparte de V. Exª, nobre<br />

<strong>Senado</strong>r César Borges.<br />

O Sr. César Borges (PFL – BA) – Nobre <strong>Senado</strong>r<br />

Rodolpho Tourinho, quero parabenizar V. Exª pelo<br />

pronunciamento. Acho que esta é uma defesa que nós<br />

temos que travar aqui de forma intransigente. A sanha<br />

arrecadadora do Governo <strong>Federal</strong>, avançando sobre<br />

tributos que pertencem aos Municípios e Estados, isto<br />

nós não podemos aceitar. Nós temos outros exemplos<br />

que devem ser colocados. Eu quero, por exemplo,<br />

dizer a V. Exª, que é estudioso do assunto, que a<br />

DRU, que veio da reforma tributária, que, na verdade,<br />

não avançou – esta reforma tributária que está aí não<br />

acresceu um por cento no Fundo de Participação dos<br />

Municípios – serviu para desvincular 20% das receitas<br />

da União, mas não serve para desvincular as aplica-

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