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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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OUTUBRO 2005<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

487<br />

37564 Sábado <strong>29</strong> DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Outubro de 2005<br />

US$40 bilhões. Uma marca extraordinária, que mostra<br />

a pujança de um País como o Brasil.<br />

Deixar que os produtores trabalhem, que nós,<br />

o Governo, não os atrapalhemos porque eles sabem<br />

fazer, conhecem a sua rotina e seu dia-a-dia.<br />

<strong>Senado</strong>r Tião Viana.<br />

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT – AC) – <strong>Senado</strong>r Delcídio<br />

Amaral, estou acompanhando o pronunciamento<br />

de V. Exª, notável. Primeiramente, V. Exª empresta a<br />

solidariedade ao <strong>Senado</strong>r Eduardo Azeredo, que dela<br />

é merecedor. Depois, faz uma análise ampla, profunda<br />

da febre aftosa no Brasil, que tem ser tratada com<br />

esse conteúdo e responsabilidade. Lamentavelmente,<br />

a aftosa atinge Mato Grosso do Sul, Estado que é um<br />

dos mais admiráveis da história republicana no tocante<br />

ao desenvolvimento rural, Estado agroindustrial,<br />

Estado que tem maior rebanho bovino do País e que<br />

se afirmou tão bem no cenário da economia pecuária<br />

pecuário, o nosso País é maior exportador de carne<br />

bovina do mundo. E Mato Grosso do Sul torna-se vítima<br />

dessa tragédia de mais uma infecção de uma parte<br />

do rebanho, gerando um prejuízo na ordem de US$1,6<br />

bilhão. Quando observo esse fato, noto duas vertentes.<br />

Primeiramente, a experiência do Canadá com a chamada<br />

síndrome da vaca louca. Há alguns anos, V. Exª<br />

se lembra do prejuízo sofrido pelo Canadá, que sofreu<br />

até interferência da Organização Mundial do Comércio.<br />

Mas o Canadá aprendeu com seus erros e compreendeu<br />

que era necessária a criação de uma agência<br />

reguladora, para intervir e tratar especificamente de<br />

matéria dessa natureza. V. Exª é sabedor de que, em<br />

2002, no Governo passado, em Naviraí houve um foco<br />

de febre aftosa. Naquele momento, podiam ter tomado<br />

uma decisão preventiva que assegurasse uma barreira<br />

sanitária efetiva, para que não houvesse nova contaminação<br />

no Mato Grosso do Sul, Estado com grande<br />

capacidade econômica e tecnológica, a própria União<br />

assumisse suas responsabilidades. Mas, mais uma vez,<br />

uma crise momentânea levou a uma acomodação de<br />

procedimentos. Não houve avanços nos procedimentos.<br />

Lembro-me que, na mesma época, o meu Estado<br />

do Acre era reconhecido como zona não conhecida<br />

de risco da aftosa. Sequer conhecimento para fazer a<br />

definição de graduação de risco, nós tínhamos. Hoje,<br />

recebemos, em maio, da França o certificado de zona<br />

livre da aftosa no Acre, em tão pouco tempo, pelo<br />

trabalho que fizemos, trabalho duro, árduo. E o Mato<br />

Grosso do Sul se torna vulnerável. Acho que fica a lição<br />

de que deveríamos ter uma agência reguladora<br />

eficiente, com atuação direta, mais ágil que o próprio<br />

Ministério da Agricultura, preso à burocracia de aprovação<br />

e liberação de recursos, de verbas. Essa agência<br />

teria um trabalho mais efetivo. Não entendo como<br />

o <strong>Senado</strong> <strong>Federal</strong> se mostra atrasado nesse debate<br />

como no caso da vacinação contra a febre amarela na<br />

Bolívia, em que o Governo <strong>Federal</strong> interferiu, foi solidário<br />

com aquele país e mesmo com outros países<br />

irmãos. Nesse momento, o <strong>Senado</strong> entende essa ajuda<br />

como um erro grave, invés de entender que passa<br />

por aí, talvez, a prevenção de crises como essa. Se<br />

nós tivéssemos estendido a mão, como poderíamos<br />

ter feito, para o setor produtivo rural privado e o Governo<br />

ao Paraguai, para que lá houvesse um avanço<br />

intenso da proteção em relação à aftosa, mudando a<br />

cultura de alguns produtores paraguaios, não teríamos<br />

essa contaminação no território brasileiro. Eu acho que<br />

isso tem que servir de lição. Nós não podemos correr<br />

riscos. Temos que criar um cinturão sanitário, que não<br />

está demarcado pela fronteira de um país, mas pela<br />

cultura de responsabilidade política e de prevenção<br />

entre povos que se vinculam, que se misturam nos<br />

cinturões de fronteira. Assim, eu acho que o pronunciamento<br />

de V. Exª chama a atenção para esse aspecto.<br />

A outra vertente de maior gravidade no combate à<br />

aftosa é o lobby internacional mesquinho, pequeno,<br />

que está por trás disso, e que faz de tudo para, quando<br />

aparece um foco, gerar uma crise localizada de<br />

mercado e, assim, promover compensação de outros<br />

setores. Se nós analisarmos friamente, verificaremos<br />

que a aftosa não precisa ser tratada com o escândalo<br />

e com a proporção que está sendo dada atualmente.<br />

Nós estamos atirando contra nós mesmos. É uma doença<br />

que não tem transmissão humana. O impacto<br />

dela é econômico, por perda de peso do rebanho. Ela<br />

tem suas limitações temporárias de acometimento do<br />

rebanho. Ela pode ser bloqueada, sim, ela pode ser<br />

resolvida. Mas se cria um alarme de tal proporção que<br />

basicamente se inviabiliza a economia de uma região.<br />

O Brasil está perdendo US$1,6 bilhão em decorrência<br />

disso. Mas mais, no meu entendimento, pelo lobby. É<br />

claro que eu não tiro a culpa do Governo <strong>Federal</strong>, em<br />

parte, pelo que está ocorrendo. Eu acho que o Governo<br />

do Estado que teria que ter feito um esforço maior<br />

no sentido de promover alianças com os produtores.<br />

Em 1970, tínhamos algo em torno de 19 milhões de<br />

reses. Fizemos um pacto nacional. Vamos vacinar o<br />

rebanho brasileiro, vamos intensificar a vacinação do<br />

rebanho brasileiro contra a aftosa. Foi planejado um<br />

investimento de US$60 milhões. Quase metade desse<br />

investimento foi pactuada com os produtores rurais. O<br />

Brasil tem de assumir a cultura daquilo que é estratégico<br />

para o agronegócio e para a atividade pecuária, que é<br />

a parceria consolidada, senão vamos pagar um preço.<br />

Não é difícil para o setor produtivo rural e pecuário fazer<br />

uma parceria, mas é preciso ter um animador, um<br />

catalisador desse processo. E o pronunciamento de

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