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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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OUTUBRO 2005<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

353<br />

37382 Sexta-feira 28 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Outubro de 2005<br />

que o Governo subsidiaria aqueles que optassem por<br />

mudança de plantio, sem dizer a origem dos recursos,<br />

esperando que uma Cide do tabaco fosse implantada<br />

no Brasil. Nós sabemos que o Governo mostra dificuldades<br />

no cumprimento do Orçamento, não honrando<br />

nem os compromissos existentes. Imaginem os que<br />

estariam por vir!<br />

Por outro lado, tínhamos um exemplo que chegou<br />

na hora, a crise na agricultura provocada pela<br />

febre aftosa. Há quinze anos, no Brasil, assinou-se<br />

um tratado semelhante em que os organismos internacionais<br />

prometeram recursos para os países<br />

que aderissem ao combate à aftosa. Nenhum tostão<br />

chegou aqui.<br />

Então, como Relator desta matéria, não poderíamos,<br />

de maneira alguma, <strong>Senado</strong>r Rodolpho Tourinho,<br />

assumir compromisso que não tivéssemos a garantia<br />

de que seria honrado. Não poderíamos, de maneira<br />

alguma, colocar em jogo a vida dos produtores e, acima<br />

de tudo, o destino das suas famílias.<br />

Nas visitas que fizemos a Irati, a Florianópolis, a<br />

Camaquã e a Cruz das Almas, tivemos a oportunidade<br />

de, no contato direto, <strong>Senado</strong>ra Heloísa Helena, sentir<br />

o problema e a dor de cada um: o desespero com a<br />

perspectiva de perder, pela proibição, quer seja imediata<br />

ou gradativa do plantio do tabaco, toda a sua vida<br />

e toda a sua existência – homens de 70 anos que não<br />

tinham mais condições de se adaptar a novas atividades,<br />

e seus filhos e netos que foram criados dentro<br />

daquele sistema.<br />

Tivemos, portanto, o cuidado de procurar um<br />

texto justo e que atendesse os dois lados. O Brasil<br />

reivindicava a participação que consideramos justa.<br />

Pelos avanços obtidos por iniciativa própria, tivemos<br />

a liderança do início da negociação. E não era justo<br />

que apenas por má condução momentânea, jogássemos<br />

por terra um assunto de importância internacional<br />

para o Brasil.<br />

Não podíamos confundir os erros internos praticados<br />

pelo Governo ou por algum ministro com o<br />

desejo brasileiro de integração intercontinental e de<br />

globalização. O Brasil, que concorre, espera e sonha<br />

em um dia participar do Conselho de Segurança da<br />

ONU, não podia dar essa motivação. E nós, <strong>Senado</strong>res<br />

da República, não podíamos também permitir, nem de<br />

longe, que o emprego de milhares de brasileiros ficasse<br />

comprometido.<br />

Finalmente, a Ministra Dilma Rousseff – quero<br />

aqui fazer justiça – entrou no processo e começou, de<br />

maneira lógica, a coordenar um trabalho no sentido de<br />

que se encontrasse solução para o problema.<br />

Tive negociações pessoais com o Ministro Miguel<br />

Rosseto e quero dizer aqui da minha satisfação de poder,<br />

nesses diálogos com o Sr. Ministro, ver a sensatez<br />

com que S. Exª se comportou.<br />

Conversei, Sr. Presidente, com a área econômica<br />

e, de maneira justificada, não vi, em nenhum momento,<br />

a área econômica querer se comprometer em<br />

criar novos subsídios nem tampouco abrir mão das<br />

receitas que possui.<br />

O Brasil, repito, é o segundo maior produtor de<br />

tabaco e o primeiro exportador no mundo. A simples<br />

extinção desse plantio significaria que as nossas fábricas<br />

se fechariam, iriam para países vizinhos ou<br />

seriam abastecidas por produtos importados, por matéria-prima<br />

importada. Os consumidores de tabaco<br />

passariam também a consumir os importados ou os<br />

contrabandeados.<br />

Houve, felizmente, por parte do <strong>Senado</strong>r Tião<br />

Viana, a sensatez para que se conseguisse um texto<br />

no qual não há nenhum compromisso desta Relatoria<br />

– e o Governo concorda com isto – de comprometer o<br />

plantio do tabaco no Brasil.<br />

O que existirá é a política que todos defendemos:<br />

política de conscientização da população brasileira<br />

quanto à necessidade da diminuição do consumo do<br />

cigarro, pelos males que todos nós conhecemos, pela<br />

prejudicialidade do tabaco. Daí a uma medida que, acima<br />

de tudo, nos tiraria a soberania de uma decisão<br />

interna havia uma distância muito grande.<br />

De forma que, diante dos entendimentos havidos<br />

e do documento firmado por seis Ministros de Estado,<br />

hoje pela manhã propus ao <strong>Senado</strong>r Sérgio Guerra,<br />

Presidente da Comissão, que fizéssemos, atendendo<br />

aos interesses dos produtores e ao interesse do País,<br />

uma reunião na Comissão de Agricultura para discutir<br />

o texto e aprová-lo.<br />

<strong>Senado</strong>r Sérgio Guerra, com o maior prazer.<br />

O SR. PRESIDENTE (Rodolpho Tourinho. PFL<br />

– BA) – Lembraria ao Sr. <strong>Senado</strong>r que não são permitidos<br />

apartes durante a apresentação do relatório.<br />

Posteriormente, porém, estará franqueada a palavra<br />

para a discussão, <strong>Senado</strong>r Sérgio Guerra. V. Exª<br />

pode se inscrever.

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