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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

OUTUBRO 2005<br />

Outubro de 2005 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado <strong>29</strong> 37523<br />

Caixa 2 é coisa grave, coisa séria, mas o que estamos<br />

investigando é muito mais sério que isso. Caixa<br />

2 é irregular e é crime. Caixa 2 é o candidato a Governador,<br />

a Deputado, a Prefeito usar um dinheiro por fora<br />

e não registrar ou porque o empresário que financiou<br />

não quis recibo e não quis aparecer, ou sei lá eu por<br />

quê. Porém, o que aconteceu é muito mais. Temos de<br />

ver os fundos de pensão; temos de ver o Banco do Brasil;<br />

temos de ver os Correios; temos de ver as verbas<br />

das Prefeituras; temos de ver as empreiteiras; temos<br />

de ver essas malas de dinheiro, essas remessas para<br />

o exterior, essa vinda de dólares do exterior. O que tem<br />

de ser apurado é muito sério. Continuo com medo de<br />

que a CPI termine só nisto: cassam 15 Parlamentares<br />

e acaba; não muda nada. A bandalheira continua e no<br />

ano que vem teremos tudo de novo.<br />

O PT lançou mão de caixa 2 – era a saída que<br />

ele tinha –, e caixa 2 todos usaram, o Lula falou isso na<br />

Europa. Caixa 2 é lastimável, muito lastimável, mas, infelizmente,<br />

faz parte da história da política brasileira.<br />

O PSDB, a grande contra-facção do PT no debate,<br />

começou a avançar e foi batendo no PT. Caiu o Chefe<br />

da Casa Civil, o Presidente do Partido, o Tesoureiro, o<br />

Secretário-Geral, dois diretores do Banco do Brasil, três<br />

diretores dos Correios, vários diretores da Hidrelétrica<br />

de Furnas, da Caixa Econômica e uma infinidade de<br />

pessoas foi demitida pura e exclusivamente por conta<br />

dessa questão.<br />

Eis que aparece um fato com uma pessoa que<br />

considero das mais dignas e sérias: o <strong>Senado</strong>r de Minas<br />

Gerais Eduardo Azeredo. Tenho um carinho muito<br />

grande por S. Exª. Eu era amigo de seu pai, que era<br />

um dos mais íntimos amigos de Tancredo Neves. E,<br />

nessa confusão, o próprio tesoureiro da campanha de<br />

Azeredo naquela eleição anterior disse à CPI que usou<br />

caixa 2, mas que o Azeredo não sabia de nada. Como<br />

o Lula disse que não sabia de nada – o Lula disse que<br />

não sabia de nada –, o Azeredo não sabia de nada.<br />

Mas o tesoureiro da campanha do PSDB afirmou que<br />

usou caixa 2. Aí vem o PSDB e afasta o Presidente do<br />

Partido. Em manchete nacional, faz-se uma tremenda<br />

injustiça com o Presidente do PSDB, que não merecia.<br />

As manchetes dos jornais foram logo...<br />

(Interrupção do som.)<br />

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI)<br />

– O <strong>Senado</strong>r fique tranqüilo porque prorroguei por cinco<br />

minutos e, se necessário for, prorrogarei por mais,<br />

porque entendo que o pronunciamento de V. Exª é tão<br />

importante para o Brasil como foi o Sermão da Montanha<br />

para os cristãos.<br />

O SR. PEDRO SIMON (PMDB – RS) – Muito<br />

obrigado.<br />

E colocam nosso querido Azeredo assim como<br />

o Presidente do PT: “caiu mais um do caixa 2”. E botaram<br />

as fotografias e os nomes: Chefe da Casa Civil,<br />

Presidente do PT, Secretário-Geral do PT, Tesoureiro<br />

do PT, Diretor de Furnas, Diretor dos Correios, não sei<br />

o que, e o Azeredo, Presidente do PSDB. O PSDB, irritadíssimo<br />

– e com razão em minha opinião –, resolve<br />

então criar a CPI do Caixa 2. O que o PSDB quer? O<br />

PSDB quer, meu amigo e meu irmão Alvaro Dias, fazer<br />

uma distinção que seja clara entre o que é caixa<br />

2 e o que são as outras coisas que aconteceram. O<br />

Caixa 2 é o que teria acontecido com a campanha de<br />

Azeredo, embora ele não soubesse, mas o seu tesoureiro<br />

disse que usou o dinheiro na campanha e que<br />

não registrou. Isso seria o caixa dois, mas o dinheiro<br />

dos Correios em que botaram a mão, isso não é caixa<br />

dois. O cidadão chegava a Brasília e lhe diziam: “Olha<br />

você vai ao hotel tal e peça para ir ao quarto tal. Você<br />

diga que veio buscar a encomenda”. Aí o cara chega<br />

lá, entra no hotel e diz: “Eu vim buscar a encomenda”.<br />

“Então, o senhor suba até o apartamento tal”. Lá está<br />

a D. Simone, com um pacote de dinheiro e o entrega<br />

ao cidadão. Isso não é caixa dois; isso é crime! Isso<br />

é crime! “Foi o partido que deu”. Mas que partido que<br />

deu? O que a D. Simone tem a ver com o PT? Desde<br />

quando o nono andar, ou não sei o quê, é a sede do<br />

PT? Ou, então, “vai ao shopping center, 9º andar, na<br />

sede do Banco Rural e apanha o dinheiro que está à<br />

sua disposição”. Isso é crime! Esse cidadão não pode<br />

voltar para o seu Estado e dizer: “Não, eu peguei o dinheiro<br />

do PT nacional. É o caixa dois”.<br />

Então, o que o PSDB quer nessa nova CPI é caracterizar<br />

o caixa dois e diferenciá-lo do crime. Quer<br />

dizer, a CPI dos Correios continua a investigar a corrupção<br />

– pelo menos a corrupção maior, por assim<br />

dizer, – , e a CPI do caixa dois ficaria investigando o<br />

caixa dois.<br />

Agora, nós estamos nessa situação. Muita coisa<br />

pode acontecer, como aconteceu na CPI do Banestado,<br />

de que eu participei. Eu acho que foi pela minha<br />

atuação, pela briga – por eu ter apresentado um voto<br />

em separado –, que a ilustre Liderança do meu Partido<br />

não me colocou mais nas novas CPIs. Desde que<br />

eu estou aqui no <strong>Senado</strong>, eu participei de todas as<br />

CPIs e, modéstia à parte, tive bom desempenho em<br />

todas elas.<br />

A CPI que resultou no impeachement e a CPI dos<br />

Anões do Orçamento foram feitas no meu gabinete. As<br />

decisões e os debates aconteceram no meu Gabinete.<br />

O que houve na CPI do Banestado? Houve uma rixa<br />

entre o PSDB e o PT. O Relator, o Sr. José Mentor,<br />

estava ali para não deixar apurar nada que envolvesse<br />

o Banco Rural, nada que envolvesse uma série de

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