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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

OUTUBRO 2005<br />

Novembro de 2005 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 1º 37781<br />

rais não recolhem para o sistema da previdência social<br />

a parcela de sua responsabilidade. Essa situação<br />

levará um enorme contingente de trabalhadores do<br />

campo à mais completa indigência quando da época<br />

de sua aposentadoria. A rotatividade da mão-de-obra<br />

na lavoura, e o emprego de crianças e adolescentes<br />

são ainda, outros fatos que precisam ser duramente<br />

combatidos pelas autoridades.<br />

Se a tributação excessiva penaliza a economia<br />

como um todo, ela é particularmente perversa com o setor<br />

rural, com reflexos não só no mercado interno, mas<br />

também em nossas exportações. Insumos, máquinas,<br />

mão-de-obra, produção, comercialização agropecuária<br />

e transporte sofrem efeitos diretos e indiretos decorrentes<br />

da cobrança de impostos. O Fisco atinge todo o<br />

complexo produtivo rural, antes e depois da porteira. O<br />

impacto conjunto do ICMS, do PIS/Cofins e das Contribuições<br />

Previdenciárias atinge valores expressivos no<br />

custo das cestas alimentares, é altamente regressivo<br />

e prejudica as famílias de menor renda.<br />

Falar em agricultura no Brasil, Sr. Presidente,<br />

sem falar da Embrapa é uma tarefa quase impossível.<br />

Essa valorosa empresa que, ao longo de todos estes<br />

anos, se constituiu numa “ilha de excelência” do<br />

Governo <strong>Federal</strong>, tem gerado expressivos resultados<br />

em pesquisa, convertidos em maior produção, renda<br />

e emprego. Entretanto, nos últimos 10 anos, houve<br />

um verdadeiro “sucateamento” do sistema público de<br />

pesquisa agropecuária, que passa por seu pior momento<br />

em termos financeiros. Os sucessivos cortes<br />

orçamentários conduziram à paralisação de diversos<br />

projetos importantes, comprometendo anos de investimentos<br />

já realizados.<br />

Igualmente grave é a questão fundiária em nosso<br />

País, questão esta que possui uma íntima relação<br />

com o desempenho da agricultura, afetada não só<br />

pelo tamanho das propriedades rurais, como também<br />

pelos freqüentes conflitos no campo. Como sabemos,<br />

nosso País apresenta uma das mais concentradas<br />

estruturas fundiárias do mundo, com largas extensões<br />

de terra, nem sempre produtivas, que precisa<br />

ser definitivamente equacionado, por constituir motivo<br />

de insegurança e intranqüilidade na lavoura. O risco<br />

da produção agrícola como resultado da disputa por<br />

terras pode comprometer, no longo prazo, os níveis<br />

de competitividade internacional já alcançados pela<br />

agricultura brasileira.<br />

Srªs e Srs. <strong>Senado</strong>res, como se pode ver, a<br />

agricultura brasileira inspira cuidados urgentes. Não<br />

basta, apenas, destinar R$1 bilhão aos produtores,<br />

para saldarem suas dívidas com fornecedores de<br />

insumos, como foi feito recentemente pelo Governo.<br />

Isso é importante, mas é insuficiente, até porque o<br />

volume total da dívida dos agricultores com a iniciativa<br />

privada está avaliado em 7 bilhões de reais. Chamo<br />

a atenção para esse número porque o financiamento<br />

privado responde por significativa parcela do crédito<br />

rural, e um alto índice de inadimplência dos produtores<br />

pode comprometer a obtenção de novos financiamentos<br />

para o plantio.<br />

Uma das medidas que podemos adotar, e que está<br />

ao nosso alcance fazê-lo, é a repactuação e o alongamento<br />

das dívidas oriundas de operações de crédito<br />

rural, proposta essa que, aliás, tramita na Comissão de<br />

Assuntos Econômicos desta Casa, na forma do PLS<br />

n.º 517, de 2003, de autoria do nobre <strong>Senado</strong>r César<br />

Borges. Ela contempla a elevação do teto previsto na<br />

Lei n.° 10.696 / 2003, que passaria de R$35 mil para<br />

R$100 mil, e prevê também o aumento do limite de<br />

financiamento para custeio, que passaria de R$5 mil,<br />

para R$30 mil. São medidas, a meu ver, acertadas, mas<br />

que também não resolvem o problema da agricultura<br />

brasileira no médio e no longo prazo.<br />

É preciso, Sr. Presidente, que haja a definição<br />

de uma Política para a agricultura, mas uma política<br />

moderna, inteligente, integrada às demais políticas de<br />

governo, que permita a nossa agricultura caminhar a<br />

passos largos rumo à competitividade, à lucratividade e<br />

à segurança. Não temos de pensar na agricultura neste<br />

ou naquele governo, mas sim transformá-la numa política<br />

de Estado, por sua importância estratégica para<br />

nossa economia.<br />

Para isso, considero fundamental a participação<br />

do <strong>Senado</strong> da República. A recém-instalada Comissão<br />

de Agricultura e Reforma Agrária, que nasceu de projeto<br />

de minha autoria, cumpre um papel fundamental nesse<br />

sentido. É preciso ouvir a sociedade e os especialistas<br />

na matéria e resgatar, ao mesmo tempo, a preponderância<br />

do Poder Legislativo na formulação das linhas<br />

mestras das políticas públicas brasileiras.<br />

Com este pronunciamento, desejo instigar a todos<br />

nesta Casa a discutirem sobre a agricultura nacional,<br />

pois é dos debates e do jogo democrático que advirão<br />

as soluções de que tanto necessitamos.<br />

Na minha modesta concepção, uma política para<br />

a agricultura do Brasil, como venho defendendo, deve<br />

contemplar os seguintes pontos:<br />

Implantação do Sistema Nacional de Meteorologia<br />

e Climatologia, com a extensão das<br />

ferramentas e dos benefícios dessa tecnologia<br />

aos pequenos e médios produtores. Com<br />

isso, estaremos atuando de modo a prevenir

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