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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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456<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

OUTUBRO 2005<br />

Outubro de 2005 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado <strong>29</strong> 37533<br />

Houve um coquetel no Salão Negro, <strong>Senado</strong>r<br />

Alberto Silva, em que tinha uísque. Eu estava tomando<br />

uns uísques lá e, de repente, sai o nosso Governador,<br />

Dirceu. Ele estava lá querendo uísque. Ele sai,<br />

silenciosamente, <strong>Senado</strong>r Alberto Silva, e entra aqui<br />

no plenário. Olhai o que é o destino! Naquela minha<br />

observação, pensei: “Que estranho o nosso Governador”.<br />

Mas eu não podia deixá-lo só. Eu o acompanhei,<br />

e essa foi a primeira vez que eu entrei aqui, neste plenário.<br />

<strong>Senado</strong>r Alberto Silva, não havia ninguém aqui,<br />

apenas a mesma beleza, o azul iluminado, talvez mais<br />

nova a Casa – essa é a impressão. Eu com meu copo<br />

de uísque balançando. Poderíamos estar lá, mas ele<br />

entrou no plenário, silenciosamente, parou, olhou para<br />

cima, subiu àquela tribuna e ficou a meditar. E eu a<br />

refletir: ora, nós devíamos estar era lá no coquetel. E<br />

volta, pára nesse meio, do meu lado, olha para aquela<br />

iluminação, que eu revejo, do mesmo jeito, uma frase<br />

de Juscelino que está ali, sobre o que seria Brasília,<br />

e ele vira e diz para mim: “Mão Santa, esse Juscelino<br />

era um louco”. Quer dizer, ele já sonhava vir para cá.<br />

E eu fiquei com aquela imagem sempre.<br />

Mas hoje eu estou aqui sabem por quê? Porque<br />

eu tenho uma consultora fabulosa. E corrupção é um<br />

negócio sério. E piorou. O Brasil é uma vergonha, é<br />

uma vergonha. Está aqui, na revista on line IstoÉ Dinheiro:<br />

Aumentou.<br />

Alberto Silva, hoje se mede tudo. Eu sou médico,<br />

sei que medimos a pressão, o pulso, a temperatura.<br />

Mas se mede tudo hoje, até a corrupção. Tem campeonato.<br />

E está aqui: é o último.<br />

Então, eu conversava com Heloísa Helena, que<br />

é moderna, e ela pegou o computador. E eu disse a<br />

ela: Heloísa Helena, você sabe tudo, conhece o Padre<br />

Antonio Vieira. Alberto Silva, V. Exª está novo ainda,<br />

tem que vir representar o Piauí.<br />

O Padre Antonio Vieira viveu noventa anos, 52<br />

dos quais no Brasil. E eu digo: Heloísa Helena, e aquele<br />

“Sermão do Bom Ladrão”, do Padre Antonio Vieira?<br />

Ele tem uns vinte livros de sermões. Os sermões e as<br />

cartas, muito bonitas. E Heloísa Helena pegou e colou<br />

aqui. “Está aqui, Mão Santa”.<br />

E eu começaria com isso. O grande mal deste<br />

País é aquilo para o que Ulysses nos advertiu: “A corrupção<br />

é o cupim da República”. Ulysses falou, e advertiu<br />

sobre os cupins, e só Pedro Simon ouviu, entre<br />

aqueles companheiros.<br />

A corrupção é o cupim da democracia, e os cupins<br />

aumentaram lá no Executivo, aqui no Judiciário. Mas<br />

diz aqui o “Sermão do Bom Ladrão”, que eu resumiria<br />

só no que diz o grande Salomão – Alberto, somos do<br />

tempo em que se estudava latim. Diz Salomão: “Non<br />

grandis est culpa, cum quis furatus fuerit: furatur<br />

enim ut esurientem impleat animam”. E Padre Vieira<br />

dá a tradução:<br />

O ladrão que furta para comer não vai, nem leva<br />

ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu<br />

trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta<br />

esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo<br />

predicamento, distingue muito bem S. Basílio Magno:<br />

“Non est intelligendum fures esse solum bursarum<br />

incisores, vel latrocinantes in balneis; sed et qui<br />

duces legionum statuti, vel qui commisso sibi regimine<br />

civitatum, aut gentium, hoc quidem furtim<br />

tollunt, hoc vero vi et publice exigunt” Não são só<br />

ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam<br />

os que se vão banhar, para lhes colher a roupa:<br />

os ladrões que mais própria e dignamente merecem<br />

esse título são aqueles a quem os reis encomendam<br />

os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou<br />

a administração das cidades, os quais já com manha,<br />

já com força, roubam e despojam os povos.<br />

Atente bem, <strong>Senado</strong>r Pedro Simon, que o próprio<br />

Cristo disse ao bom ladrão, que era Dimas: “Hoje mesmo<br />

estarás comigo no Paraíso”. E ele não ia restituir<br />

nada, porque ele não tinha nada. Mas esses vigaristas<br />

que estão aí, esses ladrões condenados... Acho que<br />

o <strong>Senado</strong>r Pedro Simon já leu mais a Bíblia do que a<br />

Constituição do Brasil. Tem lá uma história de Zaqueu,<br />

não tem? Era um comerciante mais como esses traquinos<br />

que estão aí, e Cristo disse que ele tinha que restituir<br />

quatro vezes o que roubou, porque era um ladrão<br />

grande. Então, essa é a condição do que penso.<br />

Resumindo: o que temos a ver com isso? Pela<br />

vergonha, <strong>Senado</strong>r Alberto Silva. E, quando se vê um<br />

homem como Alberto Silva, que em 1948 ingressou<br />

na política, atentai bem, Lula! Atentai bem, Lula! Em<br />

1948, na política. Foi tudo: Prefeito, Conselheiro, Governador,<br />

<strong>Senado</strong>r.<br />

<strong>Senado</strong>r Pedro Simon, que está muito cansado<br />

de lutar, trabalhar e defender: quando vejo Getúlio<br />

Vargas, por que ele é respeitado? São quinze anos de<br />

Presidência da República. Quinze anos! Saiu por um<br />

fenômeno internacional: a 2ª Guerra Mundial. O Brasil<br />

compartilhou da vitória e queria uma democracia.<br />

Ele foi para São Borja – terra de Pedro Simon –, a fazenda<br />

dele era um paraíso, não tinha energia elétrica.<br />

<strong>Senado</strong>r Alberto Silva, Getúlio Vargas não tinha uma<br />

geladeira a querosene. Alberto Silva, meu avô Josias<br />

Benedito Moraes, lá no Piauí, tinha três geladeiras<br />

dessas, a querosene. <strong>Senado</strong>r Leomar Quintanilha, eu<br />

era criança, ele mandava eu me abaixar para acender<br />

uma chama, e não sei como aquilo se transformava<br />

e congelava alimentos. <strong>Senado</strong>r Alberto Silva, V. Exª,<br />

que é engenheiro, deve entender. Mas lá, no Piauí,<br />

meu avô tinha três – só digo isso: uma na casa da

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