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01-Contra Capa Vol 29 nº 49 - Senado Federal

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OUTUBRO 2005<br />

ANAIS DO SENADO FEDERAL<br />

635<br />

37728 Terça-feira 1º DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2005<br />

–, sobretudo, dentro desse quadro, a situação do Nordeste,<br />

onde há previsão de problemas para 2009. O<br />

Nordeste não tem outra fonte de geração de energia<br />

hoje senão a termoelétrica, desde que, no rio São<br />

Francisco, não há possibilidade alguma, inclusive nesse<br />

tempo, de ser acrescentado qualquer megawatt de<br />

potência hidrelétrica.<br />

Então, a nossa saída é única e exclusivamente<br />

termelétrica. E tem de ser a gás. Não vejo de outra<br />

forma, não vejo como possa ser atendido. Essa preocupação<br />

é muito grande, na medida em que não sentimos<br />

efetivamente uma sintonia do Governo <strong>Federal</strong><br />

com a realidade.<br />

Vou citar o porquê. Na semana passada, uma representante<br />

do Partido dos Trabalhadores elogiava os<br />

investimentos feitos na área de energia, de R$16,9 bilhões,<br />

dizendo que, com isso, o Governo do Presidente<br />

Lula, efetivamente, dava um passo para solucionar a<br />

questão energética no País. Somente para deixar claro<br />

e para que tenhamos um foco bem definido, os 11<br />

mil megawatts de potência foram acrescentados ao<br />

sistema por meio das usinas aqui citadas pela senhora<br />

representante do Partido dos Trabalhadores. No entanto,<br />

as 13 usinas termelétricas e as 15 usinas hidrelétricas,<br />

todas elas, tinham sido iniciadas no Governo<br />

anterior. Treze das usinas termelétricas faziam parte,<br />

inclusive, do Programa Prioritário de Termeletricidade<br />

lançado em 1999. As 15 usinas hidrelétricas, ao longo<br />

do tempo, perfizeram 11 mil megawatts.<br />

É preciso que isso fique claro, pois, no Governo<br />

atual, Sr. Presidente, não foi feita nenhuma concessão de<br />

usina hidrelétrica. Neste momento, portanto, deixo muito<br />

clara a gravidade do problema energético: primeiro, pela<br />

situação do meu Estado e da minha Região Nordeste;<br />

em segundo lugar, para que se dê o foco certo ao problema,<br />

para que as soluções sejam corretas.<br />

Então, na medida em que se vangloriam de que<br />

todas essas usinas foram feitas pelo Governo Lula – e<br />

não foram –, perdemos muito a noção da realidade,<br />

sobretudo quando se sabe que nenhuma concessão<br />

foi dada. Autorizações foram concedidas, é verdade,<br />

mas apenas para unidades termoelétricas de biomassa.<br />

Em 2003, cerca de 480 megawatts; autorizações em<br />

2004, de 978 megawatts; e, em 2005, de 320 megawatts<br />

de biomassa.<br />

A biomassa é uma coisa importante para o País<br />

explorar – não tenho dúvida –, mas é preciso também<br />

salientar que grande parte dessas autorizações se refere<br />

a usinas termoelétricas que trabalham com bagaço<br />

de cana. Entendo que, apesar da sua importância, não<br />

podemos estabelecer o nosso crescimento de energia<br />

fundamentados nessas usinas por duas razões pelo<br />

menos. A primeira delas diz respeito basicamente a sua<br />

concentração no Sudeste do País; segundo, porque<br />

elas não operam o ano todo, mas somente durante a<br />

safra, quando existe o bagaço de cana.<br />

Faria outras considerações, mas acho suficiente<br />

mencionar esses dois aspectos, reconhecendo a necessidade<br />

e a importância das usinas de biomassa. Não se<br />

pode, contudo, fazer um programa acreditando que elas,<br />

estruturalmente, resolvam o problema, porque isso não<br />

ocorrerá. A resolução do problema passa por uma única<br />

coisa, quer o Governo queira ou não: a usina termoelétrica<br />

a gás. Não há outra solução estrutural, nem outra<br />

solução que atinja todas as regiões do País.<br />

Ao apresentar esses aspectos, minha intenção é<br />

exatamente chamar a atenção para um problema: o de<br />

que não podemos comemorar coisas que, a rigor, não<br />

existem, antecipando que determinadas soluções vão<br />

ser as melhores, porque, efetivamente, não o serão.<br />

Concedo, com muito prazer, um aparte ao <strong>Senado</strong>r<br />

Eduardo Siqueira Campos.<br />

O Sr. Eduardo Siqueira Campos (PSDB – TO)<br />

– <strong>Senado</strong>r Rodolpho Tourinho, atrevo-me a interromper<br />

seu importante pronunciamento para dar não apenas<br />

os parabéns a V. Exª pela análise técnica, abalizada,<br />

de quem conhece profundamente o setor, um setor<br />

estratégico para o País, mas também em seqüência<br />

à minha conversa, momentos atrás, com o <strong>Senado</strong>r<br />

Leomar Quintanilha. S. Exª fará, em seguida, um importante<br />

pronunciamento com relação à questão da<br />

água. Falando em água, entro diretamente no assunto<br />

abordado por V. Exª com relação às construções das<br />

nossas usinas hidrelétricas e à questão da geração<br />

de energia no País. <strong>Senado</strong>r Rodolpho Tourinho, no<br />

Tocantins, nós construímos uma usina – digo nós porque<br />

houve a participação integral da iniciativa privada<br />

– em três anos e três meses. A Usina Hidrelétrica de<br />

Peixe, iniciada ainda pelo Presidente Fernando Henrique<br />

Cardoso, também será concluída num prazo semelhante<br />

a esse. Canabrava também ocorreu nesse<br />

prazo. E o que é importante deixar claro? O caso de<br />

Estreito, entre o Tocantins e o Maranhão, onde os empreendedores<br />

esperaram mais de três anos por uma<br />

licença ambiental. Fomos a esta tribuna várias vezes<br />

para demonstrar à Ministra Marina Silva, ao Ibama<br />

(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos<br />

Naturais Renováveis) o prejuízo que isso estava causando<br />

ao Brasil, ao Tocantins, ao Maranhão, em função<br />

exatamente dos investidores internacionais, com<br />

as mudanças de regras e com a instabilidade, com a<br />

falta de licenças ambientais por questões absolutamente<br />

injustificáveis. Isso acabava retirando – vamos<br />

dizer assim – do Brasil a possibilidade desses investimentos.<br />

Então, V. Exª tem toda razão quando cita que<br />

nada de importante foi feito nesse período, a não ser

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