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A doenca como linguagem da alma.pdf

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demonstração de poder está sempre liga<strong>da</strong> ao medo, fica claro neste caso<br />

que com tal espetáculo os cabelos dos inimigos também ficassem em pé. Os<br />

pássaros arrepiam as plumas e os animais eriçam os pêlos quando<br />

demonstram poder e quando têm boas razões para sentir medo. Em<br />

situações correspondentemente difíceis os seres humanos arrancam os<br />

próprios cabelos, o que por um lado expressa desespero por outro confere<br />

uma aparência mais impressionante. Quando não se toca “nem em fio de<br />

cabelo" de uma pessoa, deixa-se intactos seu poder e sua digni<strong>da</strong>de.<br />

Quando, ao contrário, duas pessoas se agarram pelos cabelos, o objetivo de<br />

ca<strong>da</strong> um humilhar e superar o outro. O oponente deve ser depenado, e para<br />

isso tira-se pêlo <strong>da</strong> cara dele. Isso pode levar à discussão por causa de<br />

minúcias [Haarspalterei / Haar = cabelo / Spalt = fen<strong>da</strong>] e, além disso, faz<br />

com que em todo caso se encontre um cabelo na sopa [Ein Haar in der<br />

Suppe finden = deparar-se com algo desagradável].<br />

O pólo oposto do poder mostra-se na per<strong>da</strong> de cabelo. As reclusas e as<br />

mulheres que tinham dormido com sol<strong>da</strong>dos inimigos tinham suas cabeças<br />

rapa<strong>da</strong>s, o que lhes retirava tanto a liber<strong>da</strong>de <strong>como</strong> seu poder e energia<br />

femininos, para marcá-las e puni-las. Antigamente, o mesmo tratamento era<br />

dispensado às “bruxas", já que seus cabelos preferencialmente ruivos eram<br />

um sinal do poder feminino com o qual elas faziam com que "homens<br />

inocentes" perdessem a cabeça.<br />

Uma variante mais suave dessa violação é o “puxar os cabelos", comum<br />

até os dias de hoje. Além do aspecto de punição, com isso indica-se também<br />

dolorosamente a mais absoluta impotência. Quando o professor ergue o<br />

aluno de seu assento puxando-o por seu símbolo de poder, digni<strong>da</strong>de e<br />

liber<strong>da</strong>de, ele demonstra com isso o próprio poder e a impotência de sua<br />

vítima. Quando algo é "puxado pelos cabelos"' [etwas an den Haaren<br />

herbeiziehen / puxar algo pelos cabelos = distorcer a ver<strong>da</strong>de de acordo com<br />

a própria conveniência] a ver<strong>da</strong>de é viola<strong>da</strong> e torci<strong>da</strong> até ficar do jeito que se<br />

quer.<br />

Os penteados altos de soberanas no estilo de Nefertiti unem o tema do<br />

poder com o tema <strong>da</strong> digni<strong>da</strong>de. Um penteado alto e senhoril frisa ain<strong>da</strong><br />

mais o berço nobre. De maneira correspondente, e em consonância com<br />

suas portadoras, os penteados até hoje tendem a alcançar alturas ca<strong>da</strong> vez<br />

mais eleva<strong>da</strong>s. Quem erige seus cabelos em uma forma impressionante,<br />

sacrificando para isso tempo e dinheiro, pensa alto e espera que tanto seu<br />

ornamento <strong>como</strong> seu investimento valham a pena. Assim, o alto nascimento<br />

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