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A doenca como linguagem da alma.pdf

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campo de visão. As duas perguntas centrais, “De onde venho?" e “Para onde<br />

vou?" impõem-se mais cedo do que é usual e, com elas, a tarefa de<br />

aprendizado é evidentemente, e sobretudo, o tema "destino", colocado no<br />

berço do afetado.<br />

Quando a ameaça fatal não é aceita, resta somente a fuga desespera<strong>da</strong><br />

diante <strong>da</strong> própria determinação. Isso pode levar a uma incrível sede de viver<br />

e à tentativa de vivenciar o máximo possível o mais rapi<strong>da</strong>mente possível.<br />

Mas até mesmo com isso se aprende, no sentido <strong>da</strong> tarefa, <strong>como</strong> será<br />

demonstrado. Nesse caso, a própria juventude significa tudo e os afetados<br />

tornam-se uma franca caricatura desta socie<strong>da</strong>de, que sente de maneira<br />

similar. O zangar-se com o duro destino também está próximo, e sobretudo a<br />

projeção <strong>da</strong> culpa nos pais. A acusação de que teria sido melhor eles não<br />

terem posto nenhuma criança no mundo é uma <strong>da</strong>s mais bran<strong>da</strong>s e<br />

corresponde ao mesmo tempo à recomen<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> medicina.<br />

A projeção <strong>da</strong> culpa é a variante não resgatas ia <strong>da</strong> ocupação com a<br />

problemática <strong>da</strong> herança familiar. Nesse caso, a tarefa "transmiti<strong>da</strong>" e <strong>da</strong> qual<br />

a pessoa se encarrega involuntariamente toma-se evidente. Tanto a genética<br />

<strong>como</strong> experiências <strong>da</strong> psicoterapia mostram o quanto somos os filhos de<br />

nossos pais. Ain<strong>da</strong> podemos recusar a herança legal, mas a herança<br />

genética e a anímica permanecem conosco em todos os casos52 . Aqui<br />

emerge a pesa<strong>da</strong> herança dos pais e a maldição hereditária dos antigos,<br />

entrando no jogo até mesmo o karma familiar dos hindus. Nós, modernos,<br />

gostaríamos tanto de ser novos e independentes neste mundo. E preciso<br />

então que um sintoma <strong>como</strong> a coréia infun<strong>da</strong> um terror desmesurado,<br />

comprovando dura e claramente que seu contrário é ver<strong>da</strong>deiro. Antigamente<br />

também havia substitutos, já que os afetados eram considerados<br />

amaldiçoados ou possuídos. O médico George S. Huntington, de Nova York,<br />

teria decidido pesquisar o sintoma quando uma mãe e sua filha, sofrendo um<br />

ataque em público, foram xinga<strong>da</strong>s por alguns transeuntes <strong>como</strong> se fossem<br />

diabos.<br />

O desejo compreensível de, com tal destino, colocar to<strong>da</strong> a energia na<br />

juventude e apagar o tempo que começa na metade <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> corresponde não<br />

somente à valoração <strong>da</strong>s fases <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> feita por nossa cultura, mas é<br />

também a expressão não redimi<strong>da</strong> de um padrão vital comum às religiões e a<br />

muitas culturas: a saí<strong>da</strong> para o mundo e, a partir do meio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, a volta, o<br />

retorno para o próprio meio.<br />

Nesse sentido pode-se interpretar também a demência que começa com<br />

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