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A doenca como linguagem da alma.pdf

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estica<strong>da</strong>". Com a coluna estica<strong>da</strong> e reta <strong>como</strong> um pau, eles demonstram<br />

exemplari<strong>da</strong>de e ain<strong>da</strong>, ao mesmo tempo, retidão, um caminhar ereto<br />

impecável com o peito orgulhosamente cheio. Quando essa postura não é<br />

natural, mas demonstrativa, surge a suspeita de que ela sirva de<br />

compensação para um ser secretamente rastejante e corcovado ou um<br />

"espinha oca" que se encolheu nas sombras.<br />

Crianças "quebra<strong>da</strong>s" que se deixam treinar nessa postura são um<br />

exemplo triste e muitas vezes ridículo para os sol<strong>da</strong>dos. Quanto mais dura é<br />

a disciplina, "melhores" são os sol<strong>da</strong>dos. O objetivo <strong>da</strong> disciplina consiste<br />

substancialmente em quebrar a vontade e, com isso, a espinha do "servidor".<br />

“Esquer<strong>da</strong>, volver!", "Em frente, marche!", "Descansar!", "Movam-se!", etc.<br />

Exige-se servidão absoluta e obediência incondicional, que são treina<strong>da</strong>s até<br />

a exaustão. A ver<strong>da</strong>de é que o sol<strong>da</strong>do não deve pensar por si mesmo nem<br />

representar seus interesses, caso contrário ele dificilmente colocaria sua vi<strong>da</strong><br />

em jogo para defender as idéias de generais ou políticos. Ele deve funcionar<br />

seguindo ordens estranhas, sem absolutamente meditar sobre elas. Tudo o<br />

que é necessário lhe é dito, <strong>da</strong> direção para a qual ele deve olhar até a<br />

postura de sua coluna vertebral. Um sol<strong>da</strong>do de elite que tinha interiorizado<br />

esse ideal freqüentemente designava a si mesmo, cheio de orgulho, <strong>como</strong><br />

uma "máquina de luta". Para tornar-se máquina é preciso naturalmente<br />

permitir que a própria vontade seja expulsa, ou seja, colocá-la<br />

incondicionalmente sob a direção de outro. A espinha dorsal é substituí<strong>da</strong> por<br />

férreas estruturas de ordem. Mas <strong>como</strong> sol<strong>da</strong>dos avançando com cifoses<br />

ver<strong>da</strong>deiras não iriam impressionar nem o chefe nem os inimigos, uma<br />

coluna rígi<strong>da</strong> é treina<strong>da</strong> e imposta sobre ela. As ordens que se referem a isso<br />

- justamente em sua ingênua estupidez - são ver<strong>da</strong>deiras: "Endireitem-se!",<br />

"Alto!", "Apresentar armas!" Essas indicações são impróprias para a luta; aqui<br />

estão sendo esculpi<strong>da</strong>s marionetes às quais se prescreve ca<strong>da</strong> minúcia até<br />

que funcionem cegamente. Nem é preciso dizer que pessoas postas sob<br />

tutela dessa maneira são trata<strong>da</strong>s unilateralmente na segun<strong>da</strong> pessoa. O<br />

treinamento <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des de robô, que fazem tudo de maneira flexível e<br />

obediente e desligam o próprio pensamento, tem por objetivo uma literal<br />

obediência de cadáver.<br />

A postura libera<strong>da</strong> <strong>da</strong> espinha dorsal, que representa o contraponto a<br />

todos os outros três extremos, aproxima-se externamente <strong>da</strong> postura do<br />

sol<strong>da</strong>do, estando internamente impregna<strong>da</strong> de energia fluente em lugar de<br />

reti<strong>da</strong>. Pessoas que têm consciência de si mesmas têm essa forma ereta e<br />

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