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A doenca como linguagem da alma.pdf

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temática <strong>da</strong> retidão, que vibra também em outros sintomas. A tendência à<br />

tontura contém, além disso, a exigência de girar junto com o mondo, colocar<br />

em questão a certeza e o mundo aparentes dos próprios princípios e<br />

concepções morais e colocar novamente em movimento a rigidez de pontos<br />

de vista <strong>da</strong>í decorrentes. Os caminhos já percorridos e as concepções<br />

encalha<strong>da</strong>s que se tem por diante e que, portanto, estão no caminho, devem<br />

ser sacudidos e tornar-se vacilantes.<br />

As imagens duplas indicam, entre outras coisas, que há ain<strong>da</strong> uma outra<br />

reali<strong>da</strong>de ao lado <strong>da</strong> usual e que a vi<strong>da</strong> tem de fato um chão duplo. Aquela<br />

autoconfiança que tanta falta faz aos pacientes de EM somente pode crescer<br />

a partir <strong>da</strong> confiança nesse segundo plano, o plano divino que contém todos<br />

os planos humanos.<br />

A bexiga incontinente quer incitar a que se deixe fluir as lágrimas,<br />

aliviando a pressão <strong>da</strong> represa anímica em to<strong>da</strong>s as oportuni<strong>da</strong>des. A<br />

irritação <strong>da</strong> bexiga dirige a atenção para o conflito a respeito do tema "aliviar",<br />

"soltar". A retenção <strong>da</strong> urina, uma completa reserva e renúncia ao<br />

intercâmbio com o mundo, em seu sentido redimido sugere que se reflita<br />

sobre si mesmo, utilizando para si as energias anímicas: em vez de reserva e<br />

retira<strong>da</strong>, reflexão e consideração por si mesmo.<br />

As perturbações <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de também apontam nessa direção: com a<br />

sensação do próprio corpo e a capaci<strong>da</strong>de de sentir o mundo externo, é<br />

evidente que o mundo exterior com to<strong>da</strong>s as suas exigências deve ter sido<br />

arrancado <strong>da</strong> consciência do afetado. O que resta <strong>como</strong> tarefa é aprender a<br />

tocar e sentir o mundo interno, que se tornou curto demais. A indicação<br />

apontando para o íntimo pode ser li<strong>da</strong> também nos surtos de paralisia.<br />

Quando as pernas não agüentam mais, evidentemente não se deve mais sair<br />

para o mundo, to<strong>da</strong> a correria pelos outros, ou seja, pelo reconhecimento<br />

através dos outros, terminou. An<strong>da</strong>r para dentro é a única possibili<strong>da</strong>de que<br />

permanece aberta. Quando as mãos ficam sem força, de maneira<br />

correspondente deixa de ser seu objetivo agarrar o mundo exterior para nele<br />

estampar seu próprio selo. A tarefa de tomar nas mãos a própria vi<strong>da</strong> interna,<br />

ao contrário, continua sendo possível e adquire primazia.<br />

A auto-reflexão que vai mais longe leva a imagens arquetípicas tais <strong>como</strong><br />

as conhecem os mitos e a religião. Portanto, a tarefa mais abrangente, que<br />

pelo menos surge no horizonte em todos os quadros de sintomas, é a<br />

reflexão última e final sobre a pátria anímico-espiritual primordial do ser<br />

humano. Em sintomas que ameaçam terminar com essa vi<strong>da</strong> ou limitá-la<br />

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