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A doenca como linguagem da alma.pdf

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estabili<strong>da</strong>de, conservavam estritamente tradições que em parte remetiam à<br />

I<strong>da</strong>de Média e que não <strong>da</strong>vam muito valor à ampliação de seu horizonte<br />

espiritual ou até mesmo a mu<strong>da</strong>nças em seu modo de vi<strong>da</strong>. A enormi<strong>da</strong>de de<br />

sua imobili<strong>da</strong>de conservadora e de seus esforços para a obtenção de posses<br />

era em geral inconsciente e ocultava-se por trás <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de. Mas quão<br />

significativo era o possuir e o papel destacado que os valores tradicionais<br />

desempenhavam são mostrados pelas peças de teatro correspondentes, que<br />

quase sem exceção tratavam desse assunto. Não se trata somente <strong>da</strong>s<br />

filhas, mas sempre do dote também, que muitas vezes revelava o caráter de<br />

veneno juntamente com o de presente. Além disso, a maior parte gira em<br />

tomo do princípio "Isso sempre foi assim". Somava-se a isso o isolamento<br />

<strong>da</strong>s regiões afeta<strong>da</strong>s, que favorecia a falta de ativi<strong>da</strong>de e mu<strong>da</strong>nça.<br />

Com a introdução do sal de cozinha io<strong>da</strong>do e a adição de iodo na água<br />

potável, esse tipo de bócio regrediu notavelmente, embora naturalmente o<br />

tema não fosse eliminado com isso. Ele então precisou buscar outros meios<br />

(de expressão). De qualquer forma, o isolamento original e a imutável<br />

monotonia <strong>da</strong>s regiões camponesas foi sendo perdi<strong>da</strong> nas gerações<br />

seguintes com a abertura para a cultura <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de que ocorreu ao longo do<br />

tempo, e com isso foi desaparecendo também a predominância <strong>da</strong> postura<br />

anímica básica.<br />

O bócio externo, com muita freqüência, simboliza exigências de posse e<br />

poder não admiti<strong>da</strong>s. Os afetados "exibem" aquilo que têm, <strong>como</strong> bem sabe<br />

a sabedoria popular. O bócio voltado para dentro está mais escondido e é,<br />

por essa razão, mais problemático. A temática de fundo, naturalmente, é<br />

semelhante, só que aqui tudo é engolido e ocultado do ambiente. Isso dá<br />

uma impressão melhor para fora, e por essa razão a impressão para dentro é<br />

tanto mais perigosa.<br />

Aqui, o tema <strong>da</strong> cobiça está metido m us profun<strong>da</strong>mente no inconsciente<br />

e provoca problemas correspondentemente mais profundos. Esse tipo não<br />

admitido para si mesmo de açambarcar e arrebatar pode impedir a<br />

respiração e, com isso, o intercâmbio e a comunicação. Muitas vezes, o<br />

bócio que cresce para dentro pode dificultar também a deglutição, mostrando<br />

<strong>como</strong> continuar a engolir pode ser doloroso e opressivo. Caso a opressão<br />

atinja também a laringe, a voz pode ser afeta<strong>da</strong> e adquirir um timbre rouco,<br />

de grasnido. Por um lado os afetados soam <strong>como</strong> abutres, por outro, <strong>como</strong><br />

se estivessem sufocando, e assim é em certo sentido. Eles ameaçam sufocar<br />

de cobiça.<br />

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