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A doenca como linguagem da alma.pdf

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alimentar, tornam-se egoístas a um ponto que a afeta<strong>da</strong> jamais gostaria<br />

conscientemente de ser. O corpo, com isso lhe retira algo que ela recusa,<br />

não porque não o tenha mas porque não o assume ou não o admite.<br />

Também no que se refere ao peito <strong>como</strong> órgão de relacionamento, no<br />

câncer de mama a agressivi<strong>da</strong>de mergulha igualmente na sombra. Muitas<br />

vezes o câncer, na forma de reentrâncias <strong>da</strong> pele, mostra que a afeta<strong>da</strong><br />

desistiu <strong>da</strong> iniciativa e optou pelo recolhimento. O recolhimento, entretanto,<br />

não é indicado no plano corporal, mas unicamente no anímico, e mesmo<br />

assim somente no sentido de recuperação <strong>da</strong> religio. Como órgão<br />

proeminente, semelhante ao nariz, caberia ao peito, entre outras coisas, ser<br />

agressivo. O quanto esse componente é importante pode ficar claro pelo fato<br />

de esses órgãos serem de longe os que mais são modificados<br />

cirurgicamente, evidentemente para poder salientar melhor as quali<strong>da</strong>des<br />

dirigi<strong>da</strong>s para o exterior.<br />

O elemento agressivo não vivido conscientemente expressa-se tanto no<br />

surgimento do câncer <strong>como</strong> nas terapias correntes. Quando os nódulos, que<br />

em si são sempre um símbolo de problemas não solucionados, são<br />

extirpados cirurgicamente com o bisturi, não é possível deixar de reconhecer<br />

a agressão, que chega a ser sangrenta. Mas as irradiações ricas em energia<br />

também irradiam agressivi<strong>da</strong>de, já que matam muitas células saudáveis<br />

juntamente com as cancerígenas. O mesmo é válido para a quimioterapia,<br />

cujo tipo de agressivi<strong>da</strong>de diabólica li<strong>da</strong> com o envenenamento e o bloqueio<br />

e é o que simbolicamente se encontra mais próximo do câncer. Esses<br />

métodos repulsivos colocam em jogo algo que falta ao paciente de câncer.<br />

Caso ele o integrasse em sua consciência, poderia libertar o princípio de sua<br />

existência de sombra corporal e livrar-se <strong>da</strong> ameaça.<br />

Na mitologia há um motivo que se aproxima desse acontecimento.<br />

Pentessiléia, a rainha <strong>da</strong>s amazonas, amputa o seio direito para melhor<br />

poder estirar seu arco na luta, ou seja, para fazer bonito em um mundo de<br />

homens. Seguindo seu exemplo, as amazonas passam a mutilar o peito de<br />

suas filhas para equipá-las melhor para a luta pela vi<strong>da</strong> e para serem <strong>como</strong><br />

homens ao menos do lado direito. Elas renunciam de livre e espontânea<br />

vontade a uma parte de sua feminili<strong>da</strong>de porque ela meteu-se em seu<br />

caminho e as impede de enfrentar a dura vi<strong>da</strong>.<br />

O câncer de mama sinaliza igualmente que a suave maneira feminina<br />

tornou-se um empecilho para o domínio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Ele mostra que a suavi<strong>da</strong>de<br />

se transforma em dureza e que, se as circunstâncias o permitem, é preciso<br />

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