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A doenca como linguagem da alma.pdf

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assim <strong>como</strong> em asilos de velhos, nos departamentos geriátricos <strong>da</strong>s<br />

instalações <strong>da</strong> psiquiatria e nas alas de internação de nossas clinicas<br />

modernas, onde a média de i<strong>da</strong>de sobe ca<strong>da</strong> vez mais, ilustrando de forma<br />

"horrível" os triunfos <strong>da</strong> medicina e também seu lado sombrio.<br />

Todo o amplo campo <strong>da</strong> velhice e <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de transformou-se para nós em<br />

uma assombração. Mal temos tempo de comprar antes que as coisas já<br />

estejam velhas. Não se admite usar roupas envelheci<strong>da</strong>s, opiniões velhas,<br />

conhecimentos velhos, embora tudo isso ateste que já se está gasto, e<br />

poucas coisas são piores que isso. Em nosso esforço de sempre manter tudo<br />

no estado mais novo possível, pura e simplesmente lançamos uma<br />

impressionante magia de defesa contra a velhice. O papel dos castelos malassombrados<br />

e <strong>da</strong>s ruínas antigas86 foi transferido para os asilos de velhos,<br />

clínicas e outras instalações geriátricas. Por bonitos que sejam<br />

externamente, nós os evitamos <strong>como</strong> se eles pudessem nos influenciar. Nós<br />

não queremos nos infectar com o vírus <strong>da</strong> velhice. Poderíamos ser tomados<br />

pelos (maus) espíritos que lá padecem. A proximi<strong>da</strong>de imediata do pólo<br />

oposto torna-se aqui especialmente níti<strong>da</strong>, pois estamos totalmente<br />

possuídos pelo espírito do novo. E uma maldição ser velho em uma<br />

socie<strong>da</strong>de tão possuí<strong>da</strong> pela juventude e sedenta de renovação, e assim o<br />

mau costume de amaldiçoar, tão difundido antigamente, também conquistou<br />

seu lugar em nosso meio.<br />

Tanto hoje em dia <strong>como</strong> antigamente, pagamos um preço para ser<br />

poupados pelo horrível fantasma <strong>da</strong> velhice. Assim <strong>como</strong> antigamente se<br />

tentava amenizar a disposição <strong>da</strong>s assombrações com oferen<strong>da</strong>s materiais,<br />

para que nos deixassem em paz, hoje praticamente to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de<br />

contribui com altas somas para o cui<strong>da</strong>do dos velhos na esperança<br />

equivoca<strong>da</strong> de, por esse meio, retirar <strong>da</strong> velhice algo de seu horror. A<br />

previdência <strong>da</strong> velhice leva na ver<strong>da</strong>de a que a pessoa, bem provi<strong>da</strong><br />

materialmente, experimente o medo e o horror <strong>da</strong> velhice de forma<br />

especialmente clara. Na<strong>da</strong> desvia mais do tema dessa etapa propriamente<br />

dito.<br />

A tarefa <strong>da</strong> velhice cinzenta é o horror. Na socie<strong>da</strong>de, são os velhos que<br />

ensinam os jovens a ter medo, que se tornam os estraga-prazeres de seu<br />

culto à juventude, enegrecendo unilateralmente os pensamentos claros e<br />

superficiais. Assim <strong>como</strong> consigo mesmos, eles também podem fazer com<br />

que os outros fiquem preocupados e oportunamente escapar para o escuro<br />

do segundo plano. A luz do Sol não é mais coisa sua, ela <strong>da</strong>nifica sua pele<br />

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