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A doenca como linguagem da alma.pdf

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detectável que transcorre aqui de forma inconsciente.<br />

No degrau seguinte <strong>da</strong> escala<strong>da</strong>, a contusão cerebral (Contusio), os<br />

sintomas são ain<strong>da</strong> mais fortes, e outros novos, bastante graves, somam-se<br />

a eles. O cérebro, envolvido por um líquido aquoso que amortece os golpes<br />

<strong>da</strong> melhor maneira possível, é abalado tão fortemente que os amortecedores<br />

falham e sangramentos e compressão de tecidos surgem no local do golpe<br />

ou choque, e também do lado oposto. A per<strong>da</strong> de consciência é profun<strong>da</strong> e<br />

pode chegar ao coma. Edemas com a subi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pressão cefálica, ataques<br />

epilépticos e perturbações <strong>da</strong> regulação <strong>da</strong> respiração e <strong>da</strong> temperatura são<br />

algumas <strong>da</strong>s complicações possíveis. Somam-se a isso diversas deficiências<br />

tais <strong>como</strong> agnosia, a incapaci<strong>da</strong>de de reconhecer, apraxia, a per<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

habili<strong>da</strong>de, e afasia, a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>linguagem</strong>, perturbações <strong>da</strong> memória e do<br />

sentido de orientação bem <strong>como</strong> deficiências psíquicas, de perturbações <strong>da</strong><br />

motivação à per<strong>da</strong> de sensações, <strong>da</strong> tendência a falar sozinho até às<br />

alucinações. Esses sintomas, por um lado, arrancam o afetado <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

cotidiana, e por outro forçam à luz <strong>da</strong> consciência conteúdos até então<br />

reprimidos. Suas mensagens falam por si mesmas. Tendências reprimi<strong>da</strong>s e<br />

não vivencia<strong>da</strong>s aproveitam o momento favorável, o colapso <strong>da</strong>s defesas por<br />

meio do violento abalo, para chamar a atenção sobre si.<br />

Evidentemente, os afetados se depararam com um limite definitivo, que<br />

eles não podem ultrapassar assim sem mais nem menos. Ao contrário, eles<br />

terminaram sendo contundidos ao tentá-lo, precisando aprender novamente<br />

desde o começo e progressivamente, <strong>como</strong> crianças, a ocupar-se dos<br />

afazeres cotidianos e a assumir a responsabili<strong>da</strong>de sobre si mesmos. O<br />

sintoma os atirou de volta ao nível <strong>da</strong> infância, mostrando com isso a<br />

tendência de regressão dos afetados. Mas ele também oferece a<br />

oportuni<strong>da</strong>de de um novo começo. A audácia, que muitas vezes levou aos<br />

acidentes, vem muito a propósito no âmbito anímico-espiritual.<br />

A tarefa de aprendizagem é viver em sentido figurado tudo aquilo pelo<br />

qual o corpo passou. Dessa maneira, outros traumas físicos semelhantes<br />

tornam-se supérfluos. No caso de uma que<strong>da</strong>, trata-se de desmontar do alto<br />

corcel e deixar-se <strong>como</strong>ver em sentido figurado, viver a coragem<br />

demonstra<strong>da</strong> fisicamente no âmbito anímico-espiritual e, aqui, ousar ain<strong>da</strong><br />

mais. É válido admitir a própria impotência e per<strong>da</strong> de consciência e por uma<br />

vez abdicar <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de para voltar a assumi-la pouco a pouco<br />

conscientemente. Na nova orientação que se apresenta está a oportuni<strong>da</strong>de<br />

de um novo começo.<br />

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