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A doenca como linguagem da alma.pdf

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eles se desviaram do caminho no sentido figurado.<br />

As perturbações <strong>da</strong> <strong>linguagem</strong> indicam <strong>como</strong> o contato se torna difícil e<br />

ca<strong>da</strong> vez mais impossível. Eles perdem constantemente o fio <strong>da</strong> mea<strong>da</strong>,<br />

assim <strong>como</strong> perderam o fio condutor <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O filme se rompe com<br />

freqüência ca<strong>da</strong> vez maior, até que no final restam somente imagens<br />

isola<strong>da</strong>s e desconexas. As frases tornam-se ca<strong>da</strong> vez mais curtas,<br />

transformando-se em palavras que pouco a pouco perdem seu sentido<br />

lógico, até finalmente esgotarem-se por completo. Os pacientes não têm<br />

mais na<strong>da</strong> a dizer quanto aos mais variados assuntos, mas é no sentido<br />

figurado onde eles na maioria <strong>da</strong>s vezes estão interditados. Apesar disso,<br />

eles ain<strong>da</strong> podem expressar muita coisa através <strong>da</strong> comunicação não verbal.<br />

A designação médica para o problema de <strong>linguagem</strong> é disfasia, o que quer<br />

dizer que eles não vibram mais em fase, isto é, no mesmo ritmo, com os<br />

outros. Eles também estão desorientados verbalmente, o que resulta em uma<br />

extensa mudez.<br />

A agnosia, um outro sintoma, designa a incapaci<strong>da</strong>de de reconhecer e ao<br />

final chega ao ponto em que os pacientes não conhecem mais nem a si<br />

mesmos. O conhecimento de si mesmo <strong>como</strong> objetivo do caminho humano<br />

mergulhou nas sombras, assim <strong>como</strong> naturalmente o mundo também não<br />

pode mais ser reconhecido <strong>como</strong> tarefa. A apraxia, ou incapaci<strong>da</strong>de de<br />

executar ações práticas, impede que os recursos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> sejam aplicados de<br />

uma maneira que faça sentido. Os pacientes afun<strong>da</strong>m na inativi<strong>da</strong>de e no<br />

desamparo. Eles também não podem mais li<strong>da</strong>r com um mundo que eles não<br />

reconhecem mais.<br />

Os estados depressivos reduzem o tema a seu denominador comum <strong>da</strong><br />

maneira mais clara possível. A palavra de-pressão também pode ser<br />

entendi<strong>da</strong> <strong>como</strong> dis-tensão, e de fato ela representa uma forma não libera<strong>da</strong><br />

de relaxamento. Os pacientes se deixam cair anímica e fisicamente e deixam<br />

as preocupações de suas vi<strong>da</strong>s para o ambiente. Mostra-se aqui de forma<br />

drástica que o retorno às origens <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> mergulhou nas sombras. Em vez de<br />

voltar a ser criança do ponto de vista redimido, eles regridem à i<strong>da</strong>de infantil<br />

física, anímica e espiritualmente. Em vez de novamente colocar-se<br />

admirados diante do milagre <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> com a boca e o coração abertos, eles<br />

afun<strong>da</strong>m na mudez. Em vez de conquistar o círculo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> com pequenos<br />

passos, eles giram em círculos com passos minúsculos e se dispersam. Eles<br />

voltam a se refugiar na falta de responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> infância, desejam<br />

atenção e cui<strong>da</strong>dos sem qualquer contraparti<strong>da</strong> e, sem ter consciência disso,<br />

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