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A doenca como linguagem da alma.pdf

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forma muito limita<strong>da</strong>. Essa indeterminação é geral. O quadro de sintomas<br />

evolui em altos e baixos tão imprevisíveis que os pacientes somente podem<br />

confiar no momento.<br />

O ponto fraco dos afetados no plano corporal é a conexão entre nervo e<br />

músculo. De acordo com a medicina acadêmica, a EM trata-se sobretudo de<br />

uma inflamação degenerativa nervoso-muscular, um conflito crônico,<br />

portanto, no ponto de conexão entre a condução de informação e os órgãos<br />

de movimento que a executam. A transmissão de informações é coloca<strong>da</strong> em<br />

questão. No caso <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong>de em encontrar palavras, os pacientes não<br />

mais transmitem suas informações ao marido ou à esposa, perdendo assim<br />

uma possibili<strong>da</strong>de substancial de exercer influência sobre o meio ambiente.<br />

Na medi<strong>da</strong> em que não podem mais influenciá-lo com palavras, eles perdem<br />

também a capaci<strong>da</strong>de de governá-lo. A per<strong>da</strong> do controle verbal é uma<br />

ameaça terrível para pessoas cujo controle interno se estende sobre tudo.<br />

Caso a influência seja exerci<strong>da</strong> através <strong>da</strong> escrita, a iminente paralisia do<br />

braço pode gerar grande angústia. A explicação para o extraordinário grau de<br />

organização, tanto dos enfermos individuais de EM <strong>como</strong> de to<strong>da</strong> a<br />

comuni<strong>da</strong>de que compartilha esse destino, está nessa tendência de controlar<br />

e exercer influência. Eles até mesmo chegam a aju<strong>da</strong>r outros doentes em<br />

seus esforços fun<strong>da</strong>mentais. Especialmente os pacientes que superaram<br />

seus próprios problemas encontram aqui um campo para seu padrão interno.<br />

Desde que não seja utilizado para desviar-se <strong>da</strong>s próprias tarefas e sim, ao<br />

contrário, para reconhecê-las no espelho de outros doentes, há aqui uma<br />

solução magnífica.<br />

Os problemas de memória apontam na mesma direção. Os pacientes não<br />

reparam mais em na<strong>da</strong>, não retém na<strong>da</strong> e, assim deixam de participar <strong>da</strong>s<br />

conversas. Eles não são mais responsáveis, eles não são nem mesmo<br />

capazes de responder concretamente, seja às exigências do interlocutor ou<br />

às <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. É óbvio que quem não pode responder tampouco pode arcar com<br />

nenhum tipo de responsabili<strong>da</strong>de. Os pacientes ativos e orgulhosos<br />

raramente querem perceber aquilo que o quadro de sintomas deixa tão claro,<br />

e eles freqüentemente se negam a aceitar a invalidez, já que ela justamente<br />

os exime <strong>da</strong> obrigação de ser responsáveis por si mesmos.<br />

A per<strong>da</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de concentração mostra a incapaci<strong>da</strong>de de<br />

permanecer em uma coisa. Os pacientes de EM têm fun<strong>da</strong>mentalmente a<br />

tendência de ater-se com rigor a pontos de vista, mesmo quando raramente<br />

estão em posição de defendê-los contra outros e até mesmo de impô-los.<br />

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