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A doenca como linguagem da alma.pdf

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e <strong>da</strong> energia externas, termina em favor <strong>da</strong> expansão interna. A mu<strong>da</strong>nça do<br />

desenvolvimento externo para o interno é <strong>da</strong><strong>da</strong> de antemão pelo padrão,<br />

anuncia-se o retorno <strong>da</strong> <strong>alma</strong> ao lar. Após uma metade de vi<strong>da</strong> cheia de<br />

envolvimentos, segue-se uma de desenvolvimento. Os povos que<br />

conservaram suas raízes espirituais vivem essa oportuni<strong>da</strong>de<br />

conscientemente.<br />

Aquilo que nós consideramos <strong>como</strong> sendo sinal <strong>da</strong> velhice e <strong>da</strong><br />

diminuição <strong>da</strong>s forças é bem-vindo para eles, já que eles vêem o objetivo <strong>da</strong><br />

volta ao lar, o retorno à uni<strong>da</strong>de, com outros olhos. Onde a morte, <strong>como</strong> fim<br />

do mundo, nos ameaça, é para eles uma passagem natural para uma outra<br />

forma de existência. Conseqüentemente, essa última crise <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> tampouco<br />

representa um problema para eles. Eles saú<strong>da</strong>m a morte quando ela entra,<br />

às vezes até mesmo a esperam e, de qualquer maneira, não vêem nenhuma<br />

razão para fugir dela. Nós, ao contrário, estamos coletivamente em fuga. Até<br />

mesmo quando a morte surpreende alguém próximo, tentamos ain<strong>da</strong> assim<br />

ignorá-la ou retocá-la para não vê-la. De que outra maneira se poderia<br />

interpretar as tentativas de enfeitar os mortos de forma juvenil? Nos Estados<br />

Unidos está na mo<strong>da</strong> maquiar cadáveres de 80 anos para caracterizá-los<br />

<strong>como</strong> adolescentes. Em comparação com tais tentativas de tapar a reali<strong>da</strong>de,<br />

é de uma digni<strong>da</strong>de <strong>como</strong>vedora quando os índios ou os esquimós se<br />

preparam para esse último encontro. Eles não são lançados à água, nem se<br />

permite que morram impiedosamente de fome, tal <strong>como</strong> gostamos de mal<br />

entender. Um velho índio, quando sente que sua hora está chegando, se<br />

retira tão tranqüilamente <strong>como</strong> uma jovem índia que sente que a hora do<br />

parto se aproxima. Não há nenhuma razão para que o clã "fique louco"<br />

porque perderá ou ganhará um membro neste plano. Isso faz parte <strong>da</strong><br />

natureza e é aceito <strong>como</strong> algo evidente. Somos nós que removemos os<br />

moribundos para clínicas, e especialmente os moribundos velhos, e lá então,<br />

novamente, para cantos escuros, banheiros ou algum outro lugar onde não<br />

precisemos encarar o "atroz acontecimento". Nós projetamos esse<br />

comportamento indigno nos chamados primitivos, que são muito superiores a<br />

nós no que a isso se refere.<br />

Onde já não temos a menor chance de driblar a morte, blefamos nos<br />

primeiros estágios à base de força física. Tentamos ignorar a crise <strong>da</strong> meiai<strong>da</strong>de<br />

para então ser novamente lembrados que isso não pode continuar<br />

assim, que a primeira metade já passou. Com tais conhecimentos, qualquer<br />

um deveria na ver<strong>da</strong>de concluir que a vi<strong>da</strong> volta-se e dirige-se para a morte,<br />

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