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A doenca como linguagem da alma.pdf

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que sobreviveram de primitivas. De fato, os sentimentos e emoções do<br />

espaço abdominal têm algo de primitivo quando comparados com as<br />

diferentes opiniões e reflexões <strong>da</strong> cabeça. Uma energia tão primordial <strong>como</strong><br />

a fome que abre caminho a partir <strong>da</strong>s profundezas do intestino será<br />

necessariamente considera<strong>da</strong> grosseira e bruta em comparação com as<br />

contribuições sempre prontas para a discussão do cérebro. A ira na barriga é<br />

o companheiro mais difícil para a cabeça inteligente.<br />

Se a cabeça é a central <strong>da</strong> razão e o coração é o centro <strong>da</strong>s emoções e<br />

dos movimentos afetivos <strong>da</strong> <strong>alma</strong>, o ventre é o lar dos sentimentos e<br />

impulsos primitivos, infantis por um lado e, por outro, arcaicos. O terceiro<br />

chakra, localizado abaixo do umbigo, está ligado à energia e ao poder<br />

primevos. Para a criança pequena, seu umbigo ain<strong>da</strong> é o umbigo do mundo.<br />

Quando algo a contraria, ela reage com dores de barriga, e se tudo vai bem<br />

ela pode esfregar a barriga de contentamento. Os adultos até hoje atribuem<br />

ao estômago sentimentos de estar a salvo e de proteção sobre os quais não<br />

têm domínio. Uma angústia profun<strong>da</strong> e inconcebível provoca dores de<br />

barriga, problemas intelectuais têm uma conexão direta com a dor de cabeça<br />

e a pressão emocional atinge sobretudo o coração.<br />

O que o conde Dürckheim Hara chamou de o meio do mundo do ser<br />

humano, é considerado de maneira geral pelos orientais <strong>como</strong> o centro do<br />

corpo a partir do qual, por exemplo, eles desenvolvem a energia para as<br />

artes marciais. Com isso, as tradições orientais aceitaram e dominaram o<br />

desafio surgido com o desnu<strong>da</strong>mento de nosso ponto fraco. Para a maioria<br />

dos ocidentais, a barriga continua sendo a parte fraca. Sua freqüente flacidez<br />

gordurosa a mostra, assim <strong>como</strong> a barriga grávi<strong>da</strong> e a cavi<strong>da</strong>de abdominal,<br />

<strong>como</strong> "local feminino primordial" <strong>da</strong> recepção, <strong>da</strong> digestão e <strong>da</strong> regeneração.<br />

Desprotegido e vulnerável, o ventre é o lugar do corpo para expressar a<br />

angústia existencial e a respectiva ameaça do homem em seu mundo. O<br />

umbigo é o teatro <strong>da</strong> primeira crise existencial grave <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Antes ain<strong>da</strong> que<br />

a nova possibili<strong>da</strong>de de provisão seja testa<strong>da</strong>, o cordão umbilical, aquela<br />

linha de abastecimento que garantia as condições de país <strong>da</strong>s delicias no<br />

ventre materno, é cortado. A angústia de morrer de fome, certamente uma<br />

<strong>da</strong>s mais primordiais de to<strong>da</strong>s, é enuncia<strong>da</strong>. Ao mesmo tempo, sofremos no<br />

umbigo a primeira cicatriz inevitável <strong>da</strong> luta pela vi<strong>da</strong>. Caso se tentasse adiar<br />

o corte do cordão umbilical, a vi<strong>da</strong> física se veria extremamente incapacita<strong>da</strong>,<br />

se não ameaça<strong>da</strong>. A tentativa de adiar o corte do cordão umbilical no sentido<br />

figurado leva a problemas que freqüentemente se sedimentam no estômago<br />

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