06.05.2013 Views

A doenca como linguagem da alma.pdf

A doenca como linguagem da alma.pdf

A doenca como linguagem da alma.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

os ver<strong>da</strong>deiros estados de ânimo em movimento.<br />

A tarefa, na rouquidão, está evidentemente em baixar o volume e<br />

aprender a calar, o que leva à preservação e ao descanso no plano corporal<br />

e ao aprofun<strong>da</strong>mento no plano anímico. Este é necessário quando as<br />

exteriorizações devem ser desempenha<strong>da</strong>s pela pessoa inteira e por todo o<br />

seu corpo. Só então a voz pode entrar em ação.<br />

Quem fala com voz pouco níti<strong>da</strong> é mal compreendido. Ali onde os outros<br />

não o entendem surge a pergunta, se ele afinal quer ser compreendido e se<br />

sustenta aquilo que diz. Será que são claros para ele os pensamentos que<br />

expressa com tão pouca clareza? A <strong>linguagem</strong> pouco níti<strong>da</strong>, que permite que<br />

as palavras se confun<strong>da</strong>m umas com as outras, permite supor pensamentos<br />

igualmente indiferenciados. A pessoa que fala enrola e tem medo de chegar,<br />

vá que aquilo que foi dito se revele menos <strong>linguagem</strong> que tolice. Ela<br />

evidentemente não gostaria de comprometer-se com isso, seus pontos de<br />

vista não são suficientemente firmes, claros e seguros para que ela os<br />

exponha com voz mais firme, mais clara e mais segura.<br />

A fala insegura, tolhi<strong>da</strong>, aponta para uma direção semelhante. A ca<strong>da</strong><br />

palavra sopra<strong>da</strong> aquele que sopra diz, juntamente com o conteúdo soprado:<br />

"Por favor, não faça na<strong>da</strong> comigo que eu também não faço na<strong>da</strong> com você".<br />

A suavi<strong>da</strong>de acentua<strong>da</strong> levanta rapi<strong>da</strong>mente a questão de sua autentici<strong>da</strong>de<br />

e a suspeita de que ela deve ocultar um lobo em pele de cordeiro. Algo<br />

parecido ocorre com vozes chorosas ou gementes, por trás <strong>da</strong>s quais<br />

praticamente não há ênfase alguma. Mas caso haja pressão por trás <strong>da</strong>s<br />

palavras e o medo impeça sua expressão sonora, isso é sentido no timbre<br />

forçado do hálito, ou seja, no ressaibo queixoso do gemido.<br />

Quem fala sem ênfase e expressão e por medo <strong>da</strong> energia e <strong>da</strong> força <strong>da</strong><br />

expressão se refugia na suavi<strong>da</strong>de tem, de fato, a suavi<strong>da</strong>de por lição a ser<br />

aprendi<strong>da</strong>. Dado o caso, ele precisa reconhecer sua suavi<strong>da</strong>de <strong>como</strong> falsa ou<br />

pouco sincera, pois até mesmo um pisa-mansinho pisa. Os sons baixos são<br />

para ele lição e possibili<strong>da</strong>de de se encontrar. Somente então o sonoro terá<br />

também uma chance. Caso contrário, ele continua sendo um lobo em pele de<br />

cordeiro. Mas caso ele se exercite em assumir inteiramente o caráter de<br />

cordeiro, notará que tem algo mais, muito diferente, metido dentro de si.<br />

Enquanto ele continuar se fazendo de cordeiro, existe o perigo de que em<br />

algum momento ele se torne um e a autêntica suavi<strong>da</strong>de permaneça oculta<br />

para sempre. Caso ele, ao contrário, descubra e aceite sua porção de<br />

natureza de lobo, a suavi<strong>da</strong>de força<strong>da</strong> se transformará em sonori<strong>da</strong>de<br />

223

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!