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A doenca como linguagem da alma.pdf

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quase forçosa. Como to<strong>da</strong>s as funções de controle <strong>da</strong> razão se interrompem,<br />

as emoções podem ser descarrega<strong>da</strong>s sem empecilhos, <strong>como</strong> acontece com<br />

as crianças pequenas. Aquilo que os pacientes sempre estancaram ao longo<br />

de suas vi<strong>da</strong>s, seja devido à educação que tiveram ou por outras<br />

considerações, pode agora abrir caminho. O sofrimento, que especialmente à<br />

noite adquire proporções impressionantes quando os pacientes despertam<br />

em pânico e aos gritos ou perambulam pela casa, é difícil de entender para<br />

as pessoas que cui<strong>da</strong>m dos doentes. Como os pacientes estão sem<br />

orientação e sem memória, eles acor<strong>da</strong>m à noite em completa escuridão,<br />

sem saber onde estão e, mais tarde, também sem saber quem são. Deixar<br />

acesa uma pequena luz, mais simbólica que outra coisa, já pode ser<br />

suficiente para acalmá-los, <strong>da</strong> mesma maneira que alivia o lado escuro <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de para as crianças.<br />

Absolutamente mais que qualquer outra coisa, o sintoma deve ser<br />

entendido <strong>como</strong> um voltar-a-ser-criança que mergulhou no corpo.<br />

Freqüentemente, os pacientes seguem a pessoa que os cui<strong>da</strong> <strong>como</strong> crianças<br />

pequenas, adoram pendurar-se na barra de suas saias ou pelo menos<br />

garantir sua proximi<strong>da</strong>de por meio de sinais acústicos tais <strong>como</strong> cantar ou<br />

assobiar. Assim <strong>como</strong> as crianças pequenas, eles odeiam portas fecha<strong>da</strong>s e<br />

insegurança. Do que eles mais gostam é estar no ambiente ao qual estão<br />

acostumados e, de acordo com as circunstancias, podem reagir em pânico<br />

diante de surpresas ou mu<strong>da</strong>nças, ain<strong>da</strong> que bem-intenciona<strong>da</strong>s. Eles não<br />

podem fazer absolutamente na<strong>da</strong> com argumentos, mas reagem agradecidos<br />

e com alegria a atenções tais <strong>como</strong> afagos e elogios. Caso se queira evitar<br />

ataques de faria, é preciso <strong>da</strong>r-lhes razão sempre que possível, deixar que<br />

ganhem nos jogos e, fun<strong>da</strong>mentalmente, assumir to<strong>da</strong> culpa sobre si mesmo.<br />

Finalmente, eles precisam ser cui<strong>da</strong>dos <strong>como</strong> crianças sob todos os pontos<br />

de vista, desde alimentar-se até limpar-se. Enquanto os pacientes retornam<br />

ao princípio de suas vi<strong>da</strong>s, exigem de seu ambiente uma humil<strong>da</strong>de tão difícil<br />

de conseguir <strong>como</strong> escassas são as esperanças de melhora.<br />

A inquietação, chama<strong>da</strong> de acatisia, que leva o paciente a <strong>da</strong>r passinhos<br />

minúsculos de um lado para o outro, é testemunho do ímpeto de caminhar,<br />

mas também de que os passos são demasiado pequenos e sem direção. Os<br />

pacientes giram em círculos. A incapaci<strong>da</strong>de de permanecer sentado e<br />

circunspecto demonstra a necessi<strong>da</strong>de de comunicação, ligação com a vi<strong>da</strong><br />

e ativi<strong>da</strong>de. O fato de que eles se dispersam a ca<strong>da</strong> momento, não<br />

reconhecem mais na<strong>da</strong> e perambulam desorientados deixa claro o quanto<br />

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