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A doenca como linguagem da alma.pdf

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se em careta. O olho semicerrado confere ao rosto algo do caolho, enquanto<br />

a contenção decorrente <strong>da</strong> tentativa de ain<strong>da</strong> obter o melhor resultado<br />

possível com os traços desaparecidos dão uma aparência de astúcia. A<br />

saliva gotejante lembra avidez, cobiça, desejos inconfessáveis. O sorriso<br />

mais charmoso transforma-se em um esgar francamente satânico. Satã, o<br />

Senhor <strong>da</strong> Duali<strong>da</strong>de, expressa-se de maneira muito evidente nesses traços<br />

divididos e desesperados, fazendo caretas para a existência de bom burguês<br />

do afetado.<br />

A lição a ser aprendi<strong>da</strong> está escrita na cara do paciente. Ele tem somente<br />

que lê-la no espelho e admitir para si mesmo que tem dois lados diferentes. É<br />

preciso reconhecer e integrar à vi<strong>da</strong> o lado que foi até então ignorado. A<br />

discrepância surgi<strong>da</strong> entre a aparência externa e a reali<strong>da</strong>de interna quer ser<br />

admiti<strong>da</strong> pela desunião inconsciente. Isso não é fácil em uma época de<br />

crítica interna tão violenta, mas tampouco deve ser contornado. Aquele cuja<br />

cara se desfaz sente-se, no todo, dilacerado e denunciado. Pois uma crítica<br />

dilacerante somente é desagradável e dolorosa quando contêm algo de<br />

ver<strong>da</strong>de. A desarmonia do rosto é uma compensação para a harmonia<br />

aparente que se exibe para consumo externo. É especialmente difícil para o<br />

afetado admitir que a ver<strong>da</strong>deira harmonia resulta <strong>da</strong> guerra e <strong>da</strong> paz. Estar<br />

preparado para o conflito é que possibilita a capaci<strong>da</strong>de para a paz. Além<br />

disso, deve-se observar qual lado foi afetado pela paralisia, se o esquerdo,<br />

feminino, ou o direito, masculino.<br />

Os sintomas eluci<strong>da</strong>m os aspectos individuais <strong>da</strong>s tarefas que se tem pela<br />

frente. Os tecidos pendurados são a somatização <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de do<br />

relaxamento e <strong>da</strong> atitude de deixar acontecer. Em vez de sempre dirigir e<br />

controlar tudo, seria importante deixar por uma vez que as coisas sigam seu<br />

curso. A paralisia frouxa não passa de uma per<strong>da</strong> de controle. A expressão<br />

triste do rosto fala <strong>da</strong> nostalgia dos lados mais escuros <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de, que<br />

devem ser levados igualmente a sério. O jogo expressivo somente<br />

desapareceu do lado empenhado em manter o keep-smiling. Foi-se o tempo<br />

de brincar de esconde-esconde por trás de uma facha<strong>da</strong> intacta. Trata-se de<br />

mostrar seu ver<strong>da</strong>deiro rosto também em sentido figurado e permitir a<br />

participação dos ver<strong>da</strong>deiros traços dos outros lados <strong>da</strong> <strong>alma</strong>. Como os<br />

músculos miméticos abandonaram o trabalho de disfarce, trata-se de<br />

encontrar a nota sincera também no plano anímico, ain<strong>da</strong> que neste caso se<br />

trate de uma música completamente diferente. A musculatura do rosto<br />

somente relaxa quando é reconheci<strong>da</strong> e aceita. Até mesmo o demônio perde<br />

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