06.05.2013 Views

A doenca como linguagem da alma.pdf

A doenca como linguagem da alma.pdf

A doenca como linguagem da alma.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

do lado certo, as interpretações tornam-se desnecessárias. O mesmo<br />

acontece quando os pulmões não se expandem livremente. Eles precisam de<br />

espaço para expandir-se. Nenhuma expansão é possível quando o espaço é<br />

tolhido, seja em sentido concreto ou do ponto de vista <strong>da</strong> comunicação.<br />

A uma torção corporal corresponde uma torção anímica. Trata-se aqui<br />

sobretudo de desvios de percurso que não agra<strong>da</strong>m nem um pouco os<br />

afetados. Por mais que eles dêem voltas e voltas, eles têm o erro atrás de si,<br />

em suas costas. Os desvios têm sempre um caráter duplo, alguém se desvia<br />

de algo, e dirige-se a alguma outra coisa. É interessante notar que há uma<br />

níti<strong>da</strong> preponderância de escolioses que se desviam para o lado direito,<br />

masculino. Um paciente vivenciou na terapia, novamente consciente, <strong>como</strong> o<br />

desvio de sua coluna vertebral começou na puber<strong>da</strong>de, quando não pôde<br />

endireitar-se diante de seu pai e, em vez disso, afastou-se fisicamente.<br />

Dramas muito especiais ocorreram à mesa, onde o filho tinha que sentar-se à<br />

direita do pai. Como ele não conseguiu distanciar-se animicamente, sua CV o<br />

substituiu e afastou-se do pai. Apesar disso ele tentou, sem demonstrar<br />

firmeza, serpentear pela vi<strong>da</strong>. Pessoas com tais desvios tentam esquivar-se<br />

diante <strong>da</strong> franqueza sem rodeios. Sua coluna vertebral percorre caminhos<br />

curvos e revela preferências semelhantes em sentido figurado que elas não<br />

admitem para si mesmas. Em vez de tomar caminhos retos e diretos, em sua<br />

comunicação elas preferem enrolar, escolhendo rodeios para desviar-se dos<br />

obstáculos. Nisso elas podem perder-se em muitos rodeios e enrolar-se a si<br />

mesmas. Uma variante desse padrão treina<strong>da</strong> física e conscientemente pode<br />

ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong> no teatro de varie<strong>da</strong>des, nos chamados homens-cobra.<br />

A tarefa consiste em posicionar-se realmente no lado preferido. Quando<br />

se vivencia esse pólo, o corpo é aliviado e pode voltar a distribuir seu peso<br />

de forma equilibra<strong>da</strong>. A abertura real para uma metade torna sua parciali<strong>da</strong>de<br />

consciente e abre a oportuni<strong>da</strong>de de descobrir em seu fundo também a<br />

quali<strong>da</strong>de do lado oposto. A redenção do serpentear está na a<strong>da</strong>ptação<br />

flexível às necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O que se pretende aqui não é mu<strong>da</strong>r de<br />

acordo com o vento, mas vibrar no ritmo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> no sentido que lhe dá<br />

Heráclito e seu conhecimento atemporal: panta rhei, tudo flui.<br />

Perguntas<br />

1. De qual de meus lados me desviei, qual me resta?<br />

2. O que é curto demais em minha vi<strong>da</strong>? De que gosto de desviar-me?<br />

3. Que obstáculos eu contorno, em águas turvas quando necessário?<br />

263

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!