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A doenca como linguagem da alma.pdf

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Ca<strong>da</strong> caminho de desenvolvimento é único, ain<strong>da</strong> que sua meta, a uni<strong>da</strong>de,<br />

seja idêntica à de todos os outros caminhos. Em última instância, é preciso<br />

realizá-lo, mas antes deve realmente entrar em jogo o amor <strong>como</strong> liberação<br />

<strong>da</strong> temática do câncer. Esse amor não tem evidentemente na<strong>da</strong> a ver com<br />

ser amável. Antes de chegar a esse ponto, em que a mulher é uma com tudo<br />

e com todos, justamente é preciso deixar claro que ela não está de acordo<br />

com tudo, mas que tem a intenção de trilhar seu próprio caminho. Para isso<br />

ela precisa então, temporariamente, fazer pouco <strong>da</strong> suavi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong><br />

flexibili<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de a<strong>da</strong>ptação e dos outros atributos típicos <strong>da</strong><br />

feminili<strong>da</strong>de. É certamente mais saudável renunciar a isso de livre e<br />

espontânea vontade em determina<strong>da</strong>s fases <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que precisar renunciar<br />

ao símbolo desses traços femininos típicos, o peito.<br />

Caso o peito já tenha sido perdido nesse ajuste de contas, torna-se claro<br />

então o que a mulher tinha nele. Perdeu-se muito mais que um órgão. Vai-se<br />

também um símbolo e, com ele, uma parte do sentimento de valor próprio.<br />

Quando uma mulher não se sente mais uma mulher de ver<strong>da</strong>de após a<br />

amputação, ela sentia-se mulher sobretudo por meio de seu corpo. No futuro,<br />

ela será força<strong>da</strong> a não mais se definir unicamente segundo a feminili<strong>da</strong>de<br />

corporal. Outros conteúdos vitais querem ser atendidos.<br />

Mulheres que sacrificaram um ou até mesmo os dois seios ao câncer e<br />

sobreviveram muitos anos à amputação relatam impressiona<strong>da</strong>s <strong>como</strong> suas<br />

vi<strong>da</strong>s se modificaram, principalmente no sentido do conteúdo. O mito <strong>da</strong>s<br />

amazonas pode deixar transparecer aqui um pano de fundo. Assim, a per<strong>da</strong><br />

pode transformar-se em oportuni<strong>da</strong>de para encontrar uma nova identi<strong>da</strong>de<br />

individual. Um conteúdo vital central consigo mesmo e que tem pouco a ver<br />

com os outros precisa entrar na vi<strong>da</strong>.<br />

Aqui pode ficar claro por que o câncer de mama tornou-se o câncer<br />

feminino mais freqüente. Sua taxa de crescimento é impressionante.<br />

Enquanto menos de 30 em ca<strong>da</strong> 100 mil mulheres morriam de câncer de<br />

mama na República Federal Alemã em 1961, em 1985 já eram mais de 40.<br />

Essas cifras tornam-se ain<strong>da</strong> mais assustadoras quando se pensa que o<br />

sistema de reconhecimento precoce74 já tinha obtido êxito completo e a<br />

operação permitia a quase 90% <strong>da</strong>s mulheres sobreviver aos 5 anos<br />

seguintes sem recaí<strong>da</strong>. O enorme índice de crescimento tem evidentemente<br />

a ver com uma problemática que vem se acumulando em nossa socie<strong>da</strong>de<br />

moderna. As glândulas mamárias, de qualquer forma, nunca foram um órgão<br />

especialmente propenso ao câncer. Como já foi mencionado, há culturas que<br />

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