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A doenca como linguagem da alma.pdf

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sentido e depressões.<br />

A psiquiatria conhece <strong>como</strong> depressão larval aquelas depressões por trás<br />

<strong>da</strong>s quais se ocultam sintomas físicos. Por ocasião do acontecimento<br />

cancerígeno, não é raro encontrar depressões ocultas atrás do êxito externo.<br />

Aqui, a larva é ti<strong>da</strong> em tão alta consideração pela socie<strong>da</strong>de que não se pode<br />

nem mesmo pensar em um sintoma. Sob muitos pontos de vista, a típica<br />

personali<strong>da</strong>de cancerígena é considera<strong>da</strong> modelar. Ela é valente e não<br />

agressiva, quieta e paciente, atua de maneira equilibra<strong>da</strong> e tão simpática<br />

porque não é egoísta, além disso é desinteressa<strong>da</strong> e solicita, pontual e<br />

metódica não lhe falta praticamente nenhum dos ideais desta socie<strong>da</strong>de, e<br />

portanto não é de admirar que esteja intimamente liga<strong>da</strong> a esse sintoma. O<br />

êxito social, apesar ou justamente devido à rigidez interna, pertence ao<br />

âmbito dos típicos ideais secundários, mas se ajusta perfeitamente à imagem<br />

ideal do homem moderno. Tampouco se pode negar que o câncer obtêm um<br />

êxito impressionante no plano superficial. Praticamente nenhuma outra<br />

doença pode subjugar um organismo e ajustá-lo a seu próprios desígnios tão<br />

rapi<strong>da</strong>mente, nenhuma é tão tenaz e resistente às medi<strong>da</strong>s defensivas e<br />

terapêuticas.<br />

Não é de admirar que tenhamos tanto medo do câncer, já que nenhum<br />

outro sintoma está mais equipado para nos mostrar o espelho. O câncer<br />

personifica a transformação dos dignos ideais secundários no pólo oposto, o<br />

principio do ego total. A caricatura física desse ideal costuma ser leva<strong>da</strong> a<br />

mal, <strong>como</strong> to<strong>da</strong> caricatura. Mas sempre que tal ocorre <strong>como</strong> uma caricatura<br />

desse destino, isso não acontece porque ela é falsa, ao contrário: ela se<br />

ajusta a ele e até mesmo o supera.<br />

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