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A doenca como linguagem da alma.pdf

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cabeça. Nas chama<strong>da</strong>s culturas primitivas, onde as pessoas somente se<br />

movem descalças, as dores de cabeça são tão desconheci<strong>da</strong>s <strong>como</strong> o<br />

costume de arrebentar a cabeça ou arremetê-la contra a parede.<br />

A capaci<strong>da</strong>de de estar estabelecido, ter pé firme na vi<strong>da</strong> e erguer-se<br />

sobre os próprios pés mostra <strong>como</strong> somos dependentes de nossas raízes e<br />

<strong>como</strong> não tem sentido menosprezá-las. A constância e a estabili<strong>da</strong>de partem<br />

deles e nos permitem agüentar a vi<strong>da</strong>. Neste ponto vale a pena notar que,<br />

segundo Herman Weidelener, somos uma socie<strong>da</strong>de doente dos pés, que<br />

corre o perigo de perder o chão sob os pés porque ain<strong>da</strong> se ocupa somente<br />

<strong>da</strong> cabeça. Assim, ca<strong>da</strong> afirmação está basea<strong>da</strong> em um fun<strong>da</strong>mento, e a<br />

razão e a compreensão do mundo dependem evidentemente do contato com<br />

o solo. O problema está onde o sapato aperta, já diz o ditado.<br />

O pé saudável de uma personali<strong>da</strong>de estável consiste de uma abóba<strong>da</strong><br />

dupla com duas pontes e três pontos de contato com a terra. A pequena<br />

abóba<strong>da</strong> anterior está apoia<strong>da</strong> em dois pontos à altura dos dedos grande e<br />

pequeno, sendo que a grande apóia-se adicionalmente no calcanhar.<br />

Conseqüentemente, nosso pé é um tripé e se destaca pela estabili<strong>da</strong>de e<br />

pela elastici<strong>da</strong>de. Apesar disso, já não são muitas as pessoas modernas que<br />

ain<strong>da</strong> têm esse contato perfeitamente equilibrado com o solo. A situação <strong>da</strong><br />

maioria é mais balouçante, já que em vez de três, posicionam-se somente<br />

sobre um ou dois pontos de apoio. Quem tem os dois pés no chão e estes,<br />

por sua vez, o tocam em três pontos, tem confiança pois está sobre uma<br />

base segura e tem um sentido de reali<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>mentado. Quem, ao<br />

contrário, desliza pelo chão apoiado em uma superfície mais larga, gosta<br />

também de oscilar em relação às coisas, alheio à reali<strong>da</strong>de. Sua vi<strong>da</strong> é algo<br />

inconsistente e descansa, ou seja, resvala sobre pés fracos.<br />

O achatamento <strong>da</strong> pequena abóba<strong>da</strong> do pé (pés alargado.) retira um dos<br />

pilares <strong>da</strong> ponte anterior e reduz o contato com o solo a dois pontos. Caso a<br />

abóba<strong>da</strong> longa também se achate, a voz popular fala de pé chato. O molejo<br />

e os pontos de apoio diferenciados se perdem. Apoiados sobre as largas<br />

superfícies achata<strong>da</strong>s, os afetados deslizam por aí quase <strong>como</strong> se<br />

estivessem com patins de gelo, sem encontrar estabili<strong>da</strong>de ou consistência.<br />

Isso muitas vezes se reflete em uma vi<strong>da</strong> sem compromissos, à qual falta o<br />

enraizamento. A posição ampla, superficial e algo desastra<strong>da</strong> não é firme,<br />

movendo-se livremente. Devido a esse modo de vi<strong>da</strong> infun<strong>da</strong>do e muitas<br />

vezes insondável, eles não gostam de se comprometer ou de assentar-se.<br />

Pessoas com os pés pesados, que gru<strong>da</strong>m no chão, são opostas aos<br />

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