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A doenca como linguagem da alma.pdf

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A imagem <strong>da</strong> espiral é um símbolo primordial que, ao contrário <strong>da</strong>s linhas<br />

retas, está muito mais próxima <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. No âmbito do infinitamente<br />

pequeno, os físicos atômicos encontraram sua marca no local de formação<br />

de matéria nova, assim <strong>como</strong> o fizeram os astrofísicos nas gigantescas<br />

dimensões do universo, sob a forma de nebulosas em espiral, enquanto os<br />

biólogos moleculares seguiram seu rastro no material genético do DNA; já os<br />

psicoterapeutas a conhecem <strong>como</strong> aquele redemoinho com que o ciclo <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> tem inicio, na concepção, e com o qual se fecha ao final <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, quando<br />

a <strong>alma</strong> volta a deixar o corpo. Conseqüentemente, a percepção do ouvido<br />

aproxima-se mais <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, sobretudo quando pensamos que tudo na<br />

criação foi constituído a partir do som. "Na<strong>da</strong>-Brahma, o mundo é som” 41 . C.<br />

G. Carus disse: "O ouvido interno pode ser considerado o órgão mais<br />

importante e significativo do desenvolvimento psíquico"” Schopenhauer e<br />

Kant referem-se à relação entre o ouvido e o tempo, que nós medimos de<br />

acordo com o curso <strong>da</strong>s estrelas desde tempos imemoriais. Suas "órbitas"<br />

são na reali<strong>da</strong>de espirais. Rudolf Steiner reconheceu que a vi<strong>da</strong> é ritmo, e<br />

por também decorrer ritmicamente42 , o tempo está intimamente ligado à<br />

nossa vi<strong>da</strong>. Nós vemos com os olhos a superfície do mundo, os fenômenos.<br />

Com nossos ouvidos, entretanto, escutamos as profundezas, as raízes de<br />

nossa vi<strong>da</strong>. Nesse sentido, os olhos "fenomenais" contrapõem-se aos<br />

ouvidos radicais (do latim radix = raiz). Isso não faz com que os ouvidos<br />

sejam fun<strong>da</strong>mentalmente melhores que os olhos, somente mostra que nós os<br />

utilizamos de outra maneira, mais profun<strong>da</strong>.<br />

A relação dos dois mais importantes órgãos dos sentidos fica evidente<br />

nos relacionamentos interpessoais. Nós vemos e ouvimos uns aos outros.<br />

Primeiro entramos em contato e por último, eventualmente, aprendemos a<br />

nos entender mutuamente. As reações à cegueira e à surdez demonstram<br />

<strong>como</strong> a audição nos toca profun<strong>da</strong>mente. Devido à valoração dominante,<br />

consideramos a cegueira <strong>como</strong> sendo muito pior, mas a prática demonstra<br />

que ela é mais fácil de suportar. Com a audição, perdemos o vibrar<br />

juntamente <strong>como</strong> mundo e, assim, a sensação de ser parte dele, o que<br />

resulta em perturbações psíquicas que chegam até à depressão. A surdez<br />

acarreta a ausência de sensações. Quando a mão está sur<strong>da</strong> [em alemão =<br />

dormente] não pode sentir mais na<strong>da</strong>. O ditado alemão mostra que ouvir e<br />

sentir podem substituir um ao outro: "Aquele que não quer ouvir deve sentir."<br />

Quando nos privam <strong>da</strong> audição, vivemos em um mundo sem som. E a<br />

sensação de ser expulso, de ser um estranho no pior sentido, o que<br />

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