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A doenca como linguagem da alma.pdf

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câncer se instaura. O que jamais foi ventilado na consciência encontra agora<br />

seu palco, um palco onde acontecem sobretudo dramas, ou seja, “jogos de<br />

sombra".<br />

Os impulsos de mu<strong>da</strong>nça que foram repelidos ao longo dos anos se<br />

estendem pelo corpo sob a forma de mutações. Esquece-se o que se faz ou<br />

se deixa de fazer, agora a única coisa que interessa é a própria ego-trip. A<br />

perfeita a<strong>da</strong>ptação social transforma-se em parasitismo egoísta que não<br />

respeita nem a tradição nem os direitos alheios. E se antes a pessoa não se<br />

permitiu uma única opinião própria, emerge agora <strong>da</strong>s sombras a longamente<br />

reprimi<strong>da</strong> pretensão de <strong>da</strong>r forma a todo o mundo (corpo) segundo a própria<br />

imagem. O organismo é saturado de filiae, as filhas portadoras <strong>da</strong> morte. A<br />

sementeira anímica reti<strong>da</strong> por longo tempo emerge agora corporalmente em<br />

tempo recorde e mostra <strong>como</strong> era forte o desejo até então não vivido de<br />

auto-realização e de imposição dos próprios interesses.<br />

A erupção do sintoma pode tomar visível uma grande parte <strong>da</strong>s<br />

reivindicações reprimi<strong>da</strong>s do ego, em contraste com o comportamento do<br />

paciente. Quando esses componentes sombrios saem à superfície, é<br />

principalmente o meio circun<strong>da</strong>nte que fica admirado. Pessoas até então<br />

pacatas exigem repentinamente que tudo gire em turno delas e de "sua<br />

doença". Tendo o diagnóstico <strong>como</strong> álibi, elas agora se atrevem a virar a<br />

mesa e deixar que os outros <strong>da</strong>ncem segundo sua música. A contenção e,<br />

literalmente, o compasso podem agora ser atirados sobre a amura<strong>da</strong> para<br />

serem substituídos por sons totalmente novos. Pessoas idealmente<br />

a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s repentinamente saem <strong>da</strong> raia e pulam a cerca. Por mais<br />

desagradável que tal atitude possa ser para o meio circun<strong>da</strong>nte, há nisso<br />

uma grande oportuni<strong>da</strong>de para o afetado. Caso a partir de agora os<br />

princípios de transformação, de auto-realização e de consecução passem a<br />

ser vividos no plano anímico-espiritual e se tornem visíveis no nível social, o<br />

plano corporal é aliviado. Entretanto, muitos pacientes foram tão longe no<br />

papel de cumpridor <strong>da</strong>s normas que chegam a manter o papel de mártir<br />

mesmo em face <strong>da</strong> morte. Sem o alívio do plano anímico, o princípio do ego<br />

permanece voltado exclusivamente para o palco do corpo. As chances de<br />

acabar com o câncer são muito melhores quando to<strong>da</strong> a pessoa admite o<br />

confronto e não envia unicamente o corpo <strong>como</strong> seu representante na<br />

batalha. Para acabar realmente com algo, é necessário primeiro admiti-lo.<br />

Após a primeira fase de contenção e a subseqüente erupção do câncer,<br />

fase que muitas vezes dura déca<strong>da</strong>s, confronta o paciente a última etapa, de<br />

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