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A doenca como linguagem da alma.pdf

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muito orgulhosos de nosso cérebro que possamos estar, ele não é de forma<br />

alguma único. Diversas baleias e delfins têm cérebros maiores e até mesmo<br />

mais diferenciados. A postura ereta, ao contrário, é única, assim <strong>como</strong> a<br />

abóba<strong>da</strong> dos pés que a torna possível e que não temos em comum com<br />

nenhuma outra criatura. Neste sentido, de um ponto de vista anatômico é<br />

isso, juntamente com a CV ereta, o que há de mais humano no ser humano.<br />

A postura ereta não nos é <strong>da</strong><strong>da</strong> de presente desde o princípio; ela nos é<br />

coloca<strong>da</strong> no berço <strong>como</strong> possibili<strong>da</strong>de. Ca<strong>da</strong> individuo precisa elaborá-la de<br />

novo.<br />

Os médicos falam que a filogenia (história <strong>da</strong> espécie) e a ontogênese<br />

(história do individuo) se correspondem. Por essa razão, o ser humano em<br />

crescimento precisa voltar a <strong>da</strong>r os passos essenciais do desenvolvimento <strong>da</strong><br />

espécie humana de forma abrevia<strong>da</strong> e ao mesmo tempo simbólica. Ele<br />

começa <strong>como</strong> um ser unicelular, tornando-se depois um ser aquático, razão<br />

pela qual o liquido amniótico conserva até hoje determinados paralelos com a<br />

água marinha. Após o nascimento, ele se apóia na barriga <strong>como</strong> os répteis,<br />

lutando depois para arrastar-se sobre as quatro patas antes de poder erguerse<br />

definitivamente sobre as patas traseiras. O biólogo Adolf Portmann<br />

presumiu que o ser humano vem ao mundo um ano antes do tempo.<br />

Enquanto um chimpanzé recém-nascido já tem as proporções de um<br />

chimpanzé adulto, o homem precisa crescer para atingir seu padrão corporal<br />

adulto. Ele não consegue sentar e colocar a CV na vertical antes do 5o mês.<br />

A partir do 6o mês - e isso é o mais cedo possível - ele consegue ficar sobre<br />

suas próprias pernas, mas ain<strong>da</strong> assim somente com aju<strong>da</strong> externa. Os<br />

primeiros passos, hesitantes mas já livres, são possíveis no 11o mês,<br />

portanto quase um ano depois. Quem pôde observar esses fatigantes passos<br />

do desenvolvimento de uma criança, teve ao mesmo tempo uma imagem<br />

<strong>da</strong>queles primeiros passos igualmente poderosos <strong>da</strong>dos por nossos<br />

ancestrais na alvora<strong>da</strong> dos tempos.<br />

A embriologia revela <strong>como</strong> nossa herança filogenética está enraiza<strong>da</strong><br />

profun<strong>da</strong>mente em nós. Por um lado o embrião, até o 40 mês, tem uma<br />

coluna vertebral substancialmente mais longa, mais longa devido àquela<br />

parte que chamamos de cau<strong>da</strong> nos "outros animais vertebrados". Por outro<br />

lado, a embriologia desvelou a CV <strong>como</strong> um desenvolvimento posterior <strong>da</strong><br />

chama<strong>da</strong> Chor<strong>da</strong> dorsalis68 , que é comum a todos os vertebrados. O ser<br />

humano não nascido tem no início uma dessas cor<strong>da</strong>s primitivas. Ao longo<br />

do desenvolvimento, a irrigação sanguínea <strong>da</strong> cor<strong>da</strong> diminui e a partir dela<br />

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