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A doenca como linguagem da alma.pdf

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mutável de minha vi<strong>da</strong>?<br />

13. Como posso incluir-me no grande todo e encontrar o sentido de<br />

minha vi<strong>da</strong> sem prejudicar minha identi<strong>da</strong>de anímica?<br />

208<br />

Epilepsia<br />

A epilepsia nos confronta <strong>como</strong> mais assustador caso de ataque que<br />

conhecemos. A palavra “ataque" quer dizer que algo ataca uma pessoa, algo<br />

estranho que evidentemente vem de fora. Em muitas culturas, <strong>como</strong> por<br />

exemplo na hindu, a doença é considera<strong>da</strong> a manifestação do sagrado que,<br />

procedente de um outro plano, sobrevêm ao afetado. A partir disso, os<br />

indianos concluem que seres espirituais estranhos apossaram-se do afetado.<br />

Eles vêem o ataque <strong>como</strong> uma luta entre dois espíritos por aquele corpo. A<br />

medicina antiga usava também a denominação "morbus sacer", mal sagrado.<br />

Fenômenos de possessão também são conhecidos entre nós, sendo que<br />

nem mesmo a psiquiatria, que na ver<strong>da</strong>de deveria sabê-lo, se atreve a tocar<br />

no assunto. Possessão e, principalmente, a existência de seres espirituais<br />

a<strong>da</strong>ptam-se tão pouco à imagem que temos do mundo que um silêncio<br />

mortal recai sobre tais fenômenos. Entretanto, sabe-se perfeitamente que<br />

ignorar os problemas não exerce qualquer influência sobre sua existência. Os<br />

casos de epilepsia em que é preciso presumir urna possessão, de modo<br />

algum tão raros, são de qualquer maneira um problema psiquiátrico que<br />

deveria ser tratado <strong>como</strong> uma doença espiritual, cujas condições de ponto de<br />

parti<strong>da</strong> são fun<strong>da</strong>mentalmente diferentes.<br />

O grande ataque epiléptico clássico é chamado pela medicina de Grand<br />

Mal, em francês. Ao contrário deste, há também os ataques chamados de<br />

Petit Mal, em que o componente convulsivo está ausente e unicamente a<br />

consciência é perdi<strong>da</strong> por um curto período de tempo. Em ambas as<br />

designações há a concepção de que algo ruim se impõe em um ataque, seja<br />

golpeando do exterior, seja irrompendo do interior.<br />

Naturalmente, os fenômenos corporais que se produzem podem ser<br />

interpretados segundo os mesmos critérios que outros sintomas, sendo que<br />

no entanto volta-se sempre a tropeçar na fronteira <strong>da</strong> doença psíquica. O que<br />

é decisivo em todos os tipos de epilepsia, inclusive as ausências, é a per<strong>da</strong><br />

de consciência. Os pacientes vão embora, estão realmente ausentes. Sua<br />

consciência abandona o corpo, levando-os ao mesmo tempo desta reali<strong>da</strong>de<br />

para uma outra, na qual eles não conseguem se orientar e <strong>da</strong> qual em geral

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