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A doenca como linguagem da alma.pdf

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aos ouvidos <strong>da</strong>queles que dela sofrem.<br />

As perturbações <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de expressam que os afetados não mais<br />

sentem e, com isso, não mais percebem em muitos campos do corpo e <strong>da</strong><br />

<strong>alma</strong>. Eles não percebem nem mesmo quando o médico lhes toca o corpo<br />

com uma agulha. Eles não percebem mais nem mesmo coisas que os roçam<br />

e que ameaçam feri-los; eles se desligaram. Pode-se de fato falar de um<br />

desligamento do mundo exterior e de seus efeitos. Tal desligamento explicitase<br />

também em outros sintomas tais <strong>como</strong> o enfraquecimento dos reflexos,<br />

que pode chegar à per<strong>da</strong> total dos reflexos. Os reflexos são as respostas<br />

mais simples que o sistema nervoso dá aos estímulos. As pessoas sem<br />

reflexos perderam as mais antigas possibili<strong>da</strong>des de reação ao ambiente que<br />

her<strong>da</strong>ram, ou seja, que lhes foram <strong>da</strong><strong>da</strong>s. Eles não reagem no sentido mais<br />

ver<strong>da</strong>deiro <strong>da</strong> palavra. Por mais que sejam estimulados, eles permanecem<br />

mudos e - no sentido mais profundo - não respondem mais à vi<strong>da</strong> e suas<br />

exigências. A isso corresponde a apatia, que muitas vezes surge em fases. A<br />

palavra "apatia" vai um passo além em seu significado literal, já que quer<br />

dizer "não sofrer" (do grego a = não e pathos = sofrimento). Com isso ela<br />

caracteriza, além <strong>da</strong> frouxidão típica, a recusa de participar <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e de<br />

compadecer-se. É ver<strong>da</strong>de que os pacientes tentam fazer tudo corretamente<br />

para todos, mas sem engajamento interno. Como é que eles podem<br />

participar <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de outros quando eles não simpatizam com a própria vi<strong>da</strong>,<br />

<strong>como</strong> demonstram as perturbações <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de. Sensações de surdez<br />

são freqüentemente os primeiros sintomas e podem começar tão<br />

paulatinamente que às vezes os afetados somente tomam consciência de<br />

sua situação mais tarde.<br />

Alia<strong>da</strong> a isso está a per<strong>da</strong> de energia que surge em quase todos os<br />

casos. Os pacientes pouco a pouco se dão conta de que tudo lhes custa<br />

muito esforço e que as ativi<strong>da</strong>des cotidianas mal podem ser leva<strong>da</strong>s a cabo.<br />

A vi<strong>da</strong>, no mais ver<strong>da</strong>deiro sentido <strong>da</strong> palavra, custa demasiado esforço.<br />

Finalmente eles, muitas vezes, não podem mais erguer as pernas. Em<br />

sentido figurado, a fraqueza que se impõe impede o progresso e a ascensão<br />

na vi<strong>da</strong>, apesar <strong>da</strong> freqüente ambição. Com as pernas que não mais<br />

sustentam, o corpo sinaliza que a base <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> perdeu sua capaci<strong>da</strong>de de<br />

suporte. A paralisia corporal externa é uma reprodução <strong>da</strong> interna. A princípio<br />

os pacientes ain<strong>da</strong> tentam muitas vezes arrastar-se pela vi<strong>da</strong>, agarrando-se a<br />

ca<strong>da</strong> para<strong>da</strong> e a ca<strong>da</strong> palha. Mesmo quando já estão há muito capengas,<br />

eles negam-se enquanto podem a valer-se <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> de uma terceira perna,<br />

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